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Uma artista fascinada pela Porto Alegre dos anos 1920

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Uma artista fascinada pela Porto Alegre dos anos 1920
A quadrinista Ana Luíza Koehler disponibilizará a partir de 2 de abril, sempre às quintas-feiras, em seu canal do YouTube, novos vídeos que mostram seu processo de criação para o volume dois da HQ Beco do Rosário. Contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018, o projeto tem como mote a modernização do centro de Porto Alegre da década de 1920. Nascida na capital gaúcha, Ana Luíza formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS. Trabalha desde os 16 anos como ilustradora para o mercado editorial impresso e digital. Atualmente, dedica-se à produção de histórias em quadrinhos e também à ilustração científica no campo da arqueologia. Mestra e doutora no Programa de Planejamento Urbano e Regional (PROPUR) da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, a artista ganhou em 2016 o Troféu HQ Mix na categoria melhor publicação independente de autor por Beco do Rosário. A história da HQ se passa na década de 1920, quando a capital gaúcha anseia pela modernidade, mas ainda é cheia de velhos becos, íngremes, marginalizados, com antigas casas de beiral. Na entrevista a seguir sobre o fascínio pela Porto Alegre antiga, seu trabalho em quadrinhos e as perspectivas da vida nas cidades depois da pandemia do coronavírus. O que levou você a criar uma história ambientada na Porto Alegre dos anos 1920? Desde criança sou fascinada pelas primeiras décadas do século 20, especialmente através dos filmes mudos que assistia quando passava as tardes na casa da minha avó. Depois, estudando mais desse período na história da arte e da arquitetura, na escola e na graduação, meu interesse só aumentou e, como também sou fascinada por história urbana, comecei a me perguntar como teria sido esse momento em Porto Alegre. Descobri que a década de 1920 foi um período pivotal para a nossa cidade. Além das transformações da infraestrutura urbana, que começaram a mudar a cara do que hoje conhecemos como Centro Histórico, houve também mudanças nos costumes com a vida noturna, o cinema, os cafés, e na cultura, com o início das discussões sobre arte moderna e a importante atuação da imprensa ilustrada. A capital gaúcha efetivamente começou a modernizar-se em ritmo acelerado a partir dessa década. Quais foram as principais mudanças ocorridas na cidade nesse período? Esse foi um período de inúmeras obras urbanas, que iam desde a instalação de modernos sistemas de iluminação, colocação de tubos de esgotamento, ajardinamentos de parques e a conclusão do cais do porto como o conhecemos hoje. Porém, eu destacaria três grandes obras viárias perceptíveis em qualquer caminhada pelo nosso atual centro histórico: a avenida Borges de Medeiros com seu monumental viaduto Otávio Rocha, outrora uma estreita e íngreme rua chamada General Paranhos, famosa por seus prostíbulos e criminalidade; a avenida Otávio Rocha com a praça homônima, desembocando na Praça XV, outrora o Beco do Rosário, outro lugar mal-afamado da cidade; e a avenida Júlio de Castilhos, que foi aberta na mesma época e era destinada a ser a “avenida elegante” de Porto Alegre. As duas primeiras exemplificam a passagem da rua […]

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