Uma questão de prioridades – Capítulo 3
Nelson pegou aquela carta registrada e sorriu por justamente perceber que podia ser algo relacionado a alguma grana, e grana que a gente não está esperando parece ser sempre a melhor possível. Mesmo que o xiru seja um bicho desapegado, sem lá grandes ambições materiais, consolidações estas que a sociedade não te cobra quando jovem, aliás, te cobra ali adiante. “Não te ilude”, dizia uma amiga a todo momento, para qualquer situação.
Pois então, era uma carta de uma empresa produtora de petróleo do nosso estado. Um assunto que ele tinha ouvido falar de raspão numa conversa dos seus pais quando ele era pequeno. Congelou o olhar no infinito. Parou de olhar pra carta e ficou refletindo, com aquela impressão de que os filhos nunca têm a real dimensão do que os pais fizeram ou fazem de esforços para tocar o barco, gerar condições de boa educação, saúde e um extra daqui e dali que acaba pingando no decorrer da vida. Era um documento um pouco complicado, uns termos do mundo do mercado de ações, mas deixava claro que tinha um determinado crédito disponível e tinha que procurar um escritório que ficava no Centro.
[Continua...]