Feira do Livro e Lei de Incentivo em Guaíba
Já fui patrono de muitas feiras de livro no Rio Grande do Sul. A primeira foi em São Lourenço. Era outra época. Eu estava numa fase de intensa produção de livros de história. A cada vez é uma alegria diferente. Nesta segunda, participei como patrono da abertura da 31ª Feira do Livro de Guaíba. Fui recebido pelo prefeito Marcelo Maranata, pelo secretário de Turismo e Cultura Ivo Schergl Jr., pela secretária de educação Claudia Jardim e pela velha amiga Irlanda Gomes, coordenadora da Biblioteca Municipal e pelo Jonas Ravel, contato de toda semana até chegar o dia da abertura do evento. Presente também Maximiliano Ledur, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro. O dia estava lindo, com muito sol, temperatura ideal. Gosto de Guaíba, cidade que parece aninhada junto ao rio, tão à vontade, ao contrário de Porto Alegre. O Guaíba para mim nunca será lago. Salvo se for lago Rio Guaíba. Pronto.
A cerimônia foi informal como deve ser uma boa conversa sobre literatura. Guaíba aprovou a LIAG, Lei de Incentivo ao Autor Guaíbense. E lançou o primeiro edital de apoio a livros. Seis obras serão contempladas, editoradas e impressas. Bela iniciativa. Irlanda e sua equipe prepararam um espaço dedicado a meus livros. Ficou bonito. Sempre que vejo meus livros reunidos assim fico impressionado: fui eu mesmo quem produziu tudo isso! Quanto tempo de pesquisa, de paixão por um tema, de solidão diante do computador. Sem computadores creio que eu não teria publicado tanto. A máquina de escrever certamente teria me podado bastante. Não era fácil corrigir, recomeçar, refazer, justamente o que costumo praticar. Faço, refaço, costuro, arrumo.
No próximo domingo, passarei a tarde na Feira do Livro de Guaíba. Será oportunidade de encontrar pessoas, conversar, trocar ideias com leitores e com velhos amigos, como Lugon Lewandovski, meu colega de faculdade de história, guaibense de muitas jornadas e sonhos. E tem o Walmir também, caçador de imagens, de máquina em punho. Guaíba resolveu me homenagear quando eu estava distraído olhando a vida. Só faltava a banda passar tocando nostalgias da existência. Então eu vesti o casaco, dei aula antes, subi no carro que veio me buscar, conduzido por Gabriel e vi a ponte do Guaíba levantada, o que não via fazia muitos anos. Tem coisas simples que a gente deixa de ver e fazem falta. Por que mesmo? Não tenho a menor ideia.
O que isso tem a ver com o fato de ser patrono da Feira do Livro de Guaíba? Tem que aciona certos caminhos, traz à tona certas imagens, como a do meu primeiro passeio junto à ponte, quando, em janeiro de 1980, recém-chegado em Porto Alegre, fui fazer vestibular num colégio de Navegantes, hospedado com meu primo Eleú numa pensão da Frederico Link, até que chegou 2 de fevereiro e vi pela primeira vez a festa de Navegantes, festa religiosa e da melancia, tudo fervilhando de gente. Naqueles dias fui pela primeira vez a Guaíba. Era só para conhecer e andar de carro. A vida era leve como uma página de livro. Eu só tinha meus sonhos para oferecer e bolsos vazios para encher de fantasias.
Nesses anos que passaram, acumulei lembranças. Sou um homem rico.