Juremir Machado da Silva

Feira do Livro e Lei de Incentivo em Guaíba

Change Size Text
Feira do Livro e Lei de Incentivo em Guaíba Abertura oficial da 31ª Feira do Livro de Guaíba. Foto de Lucas Wink

Já fui patrono de muitas feiras de livro no Rio Grande do Sul. A primeira foi em São Lourenço. Era outra época. Eu estava numa fase de intensa produção de livros de história. A cada vez é uma alegria diferente. Nesta segunda, participei como patrono da abertura da 31ª Feira do Livro de Guaíba. Fui recebido pelo prefeito Marcelo Maranata, pelo secretário de Turismo e Cultura Ivo Schergl Jr., pela secretária de educação Claudia Jardim e pela velha amiga Irlanda Gomes, coordenadora da Biblioteca Municipal e pelo Jonas Ravel, contato de toda semana até chegar o dia da abertura do evento. Presente também Maximiliano Ledur, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro. O dia estava lindo, com muito sol, temperatura ideal. Gosto de Guaíba, cidade que parece aninhada junto ao rio, tão à vontade, ao contrário de Porto Alegre. O Guaíba para mim nunca será lago. Salvo se for lago Rio Guaíba. Pronto.

Com Irlanda Gomes. Foto de Gabriel Fragoso
Com Irlanda Gomes (Foto de Gabriel Fragoso)

A cerimônia foi informal como deve ser uma boa conversa sobre literatura. Guaíba aprovou a LIAG, Lei de Incentivo ao Autor Guaíbense. E lançou o primeiro edital de apoio a livros. Seis obras serão contempladas, editoradas e impressas. Bela iniciativa. Irlanda e sua equipe prepararam um espaço dedicado a meus livros. Ficou bonito. Sempre que vejo meus livros reunidos assim fico impressionado: fui eu mesmo quem produziu tudo isso! Quanto tempo de pesquisa, de paixão por um tema, de solidão diante do computador. Sem computadores creio que eu não teria publicado tanto. A máquina de escrever certamente teria me podado bastante. Não era fácil corrigir, recomeçar, refazer, justamente o que costumo praticar. Faço, refaço, costuro, arrumo.

No próximo domingo, passarei a tarde na Feira do Livro de Guaíba. Será oportunidade de encontrar pessoas, conversar, trocar ideias com leitores e com velhos amigos, como Lugon Lewandovski, meu colega de faculdade de história, guaibense de muitas jornadas e sonhos. E tem o Walmir também, caçador de imagens, de máquina em punho. Guaíba resolveu me homenagear quando eu estava distraído olhando a vida. Só faltava a banda passar tocando nostalgias da existência. Então eu vesti o casaco, dei aula antes, subi no carro que veio me buscar, conduzido por Gabriel e vi a ponte do Guaíba levantada, o que não via fazia muitos anos. Tem coisas simples que a gente deixa de ver e fazem falta. Por que mesmo? Não tenho a menor ideia.

O que isso tem a ver com o fato de ser patrono da Feira do Livro de Guaíba? Tem que aciona certos caminhos, traz à tona certas imagens, como a do meu primeiro passeio junto à ponte, quando, em janeiro de 1980, recém-chegado em Porto Alegre, fui fazer vestibular num colégio de Navegantes, hospedado com meu primo Eleú numa pensão da Frederico Link, até que chegou 2 de fevereiro e vi pela primeira vez a festa de Navegantes, festa religiosa e da melancia, tudo fervilhando de gente. Naqueles dias fui pela primeira vez a Guaíba. Era só para conhecer e andar de carro. A vida era leve como uma página de livro. Eu só tinha meus sonhos para oferecer e bolsos vazios para encher de fantasias.

Nesses anos que passaram, acumulei lembranças. Sou um homem rico.

RELACIONADAS

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.