Juremir Machado da Silva

E os professores como ficarão?

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E os professores como ficarão? Foto: May Iandara/Divulgação CPERS

Entra ano, sai ano, sai governo, entra governo, vem Copa do Mundo, vai Copa do Mundo, vira e mexe, a minha pergunta é a mesma: como ficarão os professores? Terão reposição da inflação nos salários? Ganharão aumento real? A vida deles vai melhorar? Estão, enfim, sendo tratados como merecem? Eu andava me fazendo silenciosamente essas perguntas quando vi um artigo de Helenir Schurer, presidente do CPERS-Sindicato, no Sul21. Corri para ler. Esperava boas notícias. Acredito em milagres. O resumo da tragédia é uma sequência de negativas. Não, os professores da rede estadual do Rio Grande do Sul não terão em 2023 o que precisam.

Já na abertura do artigo, Helenir dá a real: “Na última terça-feira (29), a Assembleia Legislativa aprovou o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) para 2023, sem projeção de qualquer reajuste para os educadores(as). O PL, apresentado pelo governo PSDB – que teve início com Leite e que agora segue a mesma linha com o seu vice, Ranolfo Vieira Júnior –, foi aprovado por 43 votos a 9”. Os parlamentares se lixam para o magistério. Eis a prova apresentada por Helenir: “A Emenda protocolada pelo CPERS, que buscava inserir a recomposição salarial de 14,24% para professores(as) e funcionários(as) de escola, ativos(as) e aposentados(as), a partir de 1º de janeiro de 2023, sequer foi votada”.

O governo gaúcho criou uma ficção, a de que dá aumento para o magistério. Trata-se de um truque contábil pelo qual o que era chamado de móvel vira fixo, ou outro nome do gênero, e se passa parte do dinheiro do bolso esquerdo do professor para o direito e diz-se que ele teve aumento, embora não pingue um centavo a mais na conta bancária. Helenir Schurer não cansa de contar uma verdade que a mídia não ouve: “Nossa categoria amarga anos de uma desvalorização que só acumula. Os 32% de reajuste vendidos pelo Eduardo não caíram no bolso da maioria da categoria. Os dados apresentados pelo próprio governo à Assembleia Legislativa contradizem a propaganda. Na realidade, somente uma pequena parcela dos educadores(as) receberam mais de 30% de reajuste. A maioria ficou fora”.

O artigo de Helenir é tão esclarecedor que merece ser amplamente citado ou lido na íntegra: “A situação dos agentes educacionais é ainda pior, já que ficaram de fora dos 32%, e os 6% da revisão geral foram pagos para uma boa parte, com o dinheiro do próprio bolso. Isso porque o salário destes é tão baixo que recebem um completivo para atingir o Salário Mínimo Regional e desse completivo foi descontado o ‘aumento’ da revisão geral”.

O que se faz da promessa de campanha de Eduardo Leite de que a educação seria prioridade em seu novo governo? Boa pergunta. Helenir faz uma denúncia: “Para piorar, a proposta do governo foi novamente aprovada com a previsão de utilização de recursos do Fundeb para custear o pagamento de déficit previdenciário, o que é proibido pela Constituição Federal e pela Lei do Fundeb. O governo poderia utilizar até 100% deste recurso para pagamento de salários da categoria, por que não o faz?”

Pode isso, Arnaldo? Os professores, de 2014 para cá, amargam perdas de 51,98%. Até quando? Será que terão de esperar a próxima Copa do Mundo? Enquanto isso, no Catar, Ronaldo levou alguns jogadores do Brasil para comer bife folheado a ouro. Isso mesmo. Não é um fenômeno? Como dói.

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