Juremir Machado da Silva

Educação tomada de assalto

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Educação tomada de assalto

O Ministério da Educação, no governo do aporofóbico Jair Bolsonaro, só foi comandado por fanáticos ideológicos e pregadores.

O pastor Milton Ribeiro caiu por se atrapalhar demais com as palavras: queria universidade para poucos e considerava a homossexualidade como resultante de famílias desajustadas. Por fim, entregou o jogo: as verbas do seu ministério seriam destinadas em prioridade a dois pastores indicados pelo presidente da República.

Prefeitos denunciaram os pastores afilhados do presidente por cobrarem propina em ouro para intermediar pedidos junto ao MEC.

A lista da corrupção no governo Bolsonaro não para de crescer.

A necessária CPI do MEC poderá não sair por pressão do governo e medo dos evangélicos da parte de senadores. A sujeira poderá ser jogada para baixo do tapete na cara de todo mundo. A desculpa é que uma CPI em ano eleitoral serviria de palco à oposição. Toda CPI tem viés político e um direito das minorias parlamentares.

Até senadores do Podemos, o mais lavajatista dos partidos, aquele que abrigou Sergio Moro e tomou cano do ex-juiz, estão fugindo do dever de investigação. Enquanto isso, o presidente da Câmara dos Deputados e chefe do Centrão, o temível Arthur Lira sonha em aprovar o semiparlamentarismo, um jeitinho brasileiro para empurrar o parlamentarismo, rejeitado pela população em dois plebiscitos, por emenda constitucional. É golpe puro e simples no país dos golpes. Se passar, presidente vira figura quase decorativa e o Centrão manda.

Nos tempos sombrios de Bolsonaro compra-se com dinheiro público kit robótica para escola sem computador e sem água encanada.

Por outro lado, o aparelhamento das instituições tem sido o principal objetivo de Jair Bolsonaro e seus braços por toda parte.

No STF seus dois ministros, Kassio Nunes Marques e André Mendonça, sentam em cima de processos delicados para o governo.

O jornal O Estado de São Paulo, que não pode ser acusado de esquerdismo, listou oito casos escabrosos da era das trevas:

“Em outubro de 2019, a Polícia Federal indiciou o ministro Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo, no inquérito da Operação Sufrágio Ostentação – investigação sobre suposto desvio de recursos por meio de candidaturas femininas laranjas nas eleições 2018.” 

“Em abril de 2021, o então ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, foi acusado de dificultar a ação de fiscalização ambiental e patrocinar diretamente interesses privados de madeireiros investigados por extração ilegal de madeira.”

“Em maio de 2021, o Estadão deu início à série de reportagem que revelou um esquema montado pelo presidente Bolsonaro para aumentar sua base de apoio no Congresso. O chefe do Executivo criou um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões em emendas, boa parte delas destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo.” 

“No mesmo mês, o governo federal teve de demitir George da Silva Divério do cargo de Superintendente Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro devido a uma suspeita de corrupção. O caso veio à tona após reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo. Segundo a emissora, Divério assinou, em novembro de 2020, contratos de R$ 29 milhões com duas empresas, sem licitação, para fazer reformas em prédios da pasta no Estado. As obras foram consideradas urgentes, por isso a licitação foi dispensada. Depois de assinados, os contratos foram anulados pela Advocacia-Geral da União (AGU), que não constatou razão para a dispensa de licitação.”

“Em plena pandemia e em meio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, mais uma denúncia de corrupção foi desvelada na Saúde. Documentos do Ministério das Relações Exteriores mostraram que o governo comprou a vacina indiana Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante.” 

“Em junho de 2021, o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias foi acusado de pedir propina para autorizar a compra de vacinas pelo governo. Segundo a denúncia, ele teria condicionado a aquisição de imunizantes da AstraZeneca ao recebimento ilícito de US$ 1 por dose.” 

“Em março de 2022, Estadão revelou que dois pastores capturaram o Ministério da Educação e passaram a interferir na agenda do titular da pasta, o ministro Milton Ribeiro, para privilegiar determinados municípios no empenho de recursos do órgão. Gilmar dos Santos e Arilton Moura levam demandas de prefeitos a Ribeiro e conseguem a liberação dos recursos em tempo recorde. Os municípios mais beneficiados são aqueles governados pelos partidos do Centrão – PL, Republicanos e Progressistas. Em conversas reveladas pelo Estadão, os próprios pastores admitem priorizar as demandas de prefeitos ligados à igreja Assembleia de Deus, da qual eles fazem parte.”

Manchete do Estadão desta terça-feira, 12 de abril:

“Governo autoriza 52 ‘escolas fake’ no Piauí, reduto eleitoral de Ciro Nogueira; 99 estão paradas.”

Bolsonaro garante que não há corrupção no seu governo.

Se duvidar, escreve: é verdade este bilhete.

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