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O ano da ponte

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O ano da ponte Depois de uma espera de oito anos, ponte no Morro da Cruz foi consertada pela prefeitura | Foto: Coletivo Morro da Cruz

Encerramos mais um ano na Matinal orgulhosos do que produzimos e da relevância que nosso trabalho tem ganhado. Exemplo disso são as quase 900 pessoas que já contribuíram com a nossa campanha de crowdfunding, que termina hoje (ainda dá tempo de doar!).

Também foi o ano em que nossa redação foi homenageada na Câmara Municipal de Porto Alegre. Proposta pelo vereador Roberto Robaina, a distinção destacou o impacto das nossas reportagens na cidade.

Em 2023, ainda tivemos quatro jornalistas premiados. Eu e Tatiana Reckziegel fomos agraciadas no 40º Prêmio de Jornalismo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos na categoria Crônica; Juremir Machado da Silva levou o terceiro lugar na categoria Livro na mesma premiação, e no Prêmio ARI/Banrisul de Jornalismo, ficou em segundo lugar entre as crônicas. Por fim, Pedro Nakamura conquistou o terceiro lugar na categoria Texto, no prêmio da ARI. A reportagem premiada revelou que o sócio de uma terceirizada da prefeitura e do governo do estado é, na verdade, um office-boy. Seu nome aparece em contratos que valem R$ 39 milhões.

Neste ano, anunciamos uma mudança importante que vai se consolidar no ano que vem, quando nos transformaremos em uma entidade sem fins lucrativos, investindo todos os recursos que recebemos em mais jornalismo. Com esse movimento, estaremos ainda mais próximos dos nossos leitores e leitoras, os principais financiadores do nosso trabalho. Para isso, em 2024, queremos realizar mais eventos presenciais, como foi a primeira edição do Festival das Ideias, painel em que discutimos a crise climática e o futuro das cidades.

Em 2023, nossa equipe cresceu. Tati chegou para coordenar nossas redes sociais e outros canais de engajamento com nosso público. Luísa Kiefer assumiu a edição da Parêntese com o desafio de lançar um produto mensal, dando uma nova cara para a nossa querida revista, que segue contando com a participação de seu idealizador, Luís Augusto Fischer.

Nosso time de colunistas também aumentou. Ao lado de Juremir, Nathallia Protazio, Nando Gross e Nanni Rios trouxeram mais diversidade de assuntos e olhares, uma meta que seguimos perseguindo. A redação ganhou ainda o reforço do repórter Gregório Mascarenhas, no projeto Pé no Chão. Liderada pela nossa diretora de jornalismo e conteúdo, Sílvia Lisboa, a iniciativa de jornalismo investigativo local é pautada por demandas de comunidades periféricas de Porto Alegre.

Foi a partir desse contato mais próximo com moradores do Morro da Cruz que surgiu a pauta da ponte. E a ponte consertada foi, de todos os reconhecimentos que recebemos neste ano, o que mais nos emocionou.

Ela resume o propósito do nosso trabalho. Financiado pelo ICFJ (Centro Internacional para Jornalistas) e pela Meta, o projeto Pé no Chão foi considerado inovador fazendo… reportagem. A essência do jornalismo desde sempre, vejam vocês. A clássica reportagem “pé no barro”, com o jornalista caminhando pelas ruas da cidade, olhando no olho das pessoas e, sobretudo, ouvindo com sensibilidade o que elas têm a dizer.

Depois que denunciamos os riscos que a ponte de madeira representava para os moradores – que se queixavam para o município havia oito anos –, a prefeitura foi lá e reformou o equipamento em uma manhã. Uma manhã. Uma obra orçada em 3 mil reais. Não era falta de dinheiro, nem de agenda. Era simplesmente um sinal do que é e o que não é prioridade para a administração pública.

Nosso jornalismo fiscaliza o poder, mas mais do que isso: afeta a vida das pessoas. E é com esse compromisso que seguiremos em 2024. Feliz ano novo!


Marcela Donini é editora-chefe da Matinal.
Contato: [email protected]

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