Matérias | Matinal | Matinal News

Relato: viagem pela China em meio ao coronavírus

Change Size Text
Relato: viagem pela China em meio ao coronavírus
Por Ivonete Pinto Viajamos para conhecer novas culturas e termos experiências diferentes. Às vezes as experiências podem ser demasiadamente diferentes, como estar no meio de uma epidemia. Meu marido e eu fomos para a Coreia do Norte no início do mês e para isto tivemos que ir pela China, não haveria outra forma de cruzar a fronteira. A semana na “República Democrática” de Kim Jong-Il deu tudo certo e aproveitamos a volta para conhecermos cidades chinesas que ainda não conhecíamos. Em Guilin, [em 19 de janeiro] meu marido começou a ter febre, mas achamos que era início de uma simples gripe. As notícias sobre o coronavírus já circulavam, porém nada a preocupar, até porque eram meia dúzia de casos localizados distantes dali. Já em Zhangjiajie, cidade com montanhas espetaculares que inspiraram o cenário de Avatar, a febre já durava quatro dias e não havia sinal de sua origem. A solução foi ir a um hospital. Por sorte, perto do hotel havia um, tipo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, universitário, super bem equipado e limpo como deve ser um hospital. A dificuldade foi o idioma. Cheguei a gravar vídeos da situação bizarra que era conversar com o médico usando o Google Translator, já que o doutor, cheio de diplomas na parede, não falava nada de inglês. Como falar inglês não é prova de competência, o jeito era confiar. Ele pediu os exames de sangue de praxe e embora a bactéria não tenha sido identificada, a infecção era alta e meu marido teve que receber uma espécie de infusão de antibióticos durante cinco horas. Ficou em um quarto privativo para este fim, recebendo a atenção de enfermeiras e estudantes de medicina, todas usando um aplicativo de tradução, pois o Google é proibido na China. Após a infusão, uma batelada de remédios para usar por 7 dias, todos da medicina tradicional chinesa, chás que não tínhamos ideia qual a função já que era impossível ler a bula. O jeito era confiar. Durante todo o processo de consulta e internação, que custou cerca de 50 dólares, não se falou em coronavirus. Talvez porque ainda não havia o clima de epidemia que 10 dias depois tomou conta do país (o episódio do hospital foi dia 19 de janeiro), talvez porque o médico, de posse dos exames, tivesse certeza que era apenas uma bactéria. Para chegarmos na capital Beijing, pegamos um trem para Changsha, cidade a 650 quilômetros de epicentro do coronavirus, Wuhan, e de lá um avião para Beijing. A febre ainda durou uns 3 dias, passando a tempo de entrarmos no Japão. Na saída, no aeroporto de Benjing, o cenário já era de multidões usando máscara (começava o maior deslocamento humano da terra, o Ano Novo chinês) e cada passageiro tendo a temperatura medida antes de embarcar. O controle rigoroso e a apreensão nas filas davam a dimensão de que o vírus era algo muito mais sério do que pensávamos. Sair da China foi um alívio, só que o avião estava cheio de […]

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

RELACIONADAS

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.