Cerca de 1 mil bolsas auxílio para estudantes da UFRGS deixarão de existir
Estudantes protestaram contra a medida no campus Central da universidade
Dezenas de estudantes protestaram nesta terça-feira, dia 7 de fevereiro, no campus central da UFRGS contra a suspensão das bolsas destinadas a alunos que exercem função administrativa e técnica. Cerca de 1 mil vagas deixarão de existir, pois os contratos vigentes não serão renovados, e novas seleções não serão realizadas. Hoje, 883 estudantes recebem esse tipo de auxílio.
A UFRGS informou ao Matinal que a decisão de cortar as vagas se deve à redução do orçamento previsto para 2023, conforme Lei Orçamentária Anual (Lei nº 14.535/2023). A menos que ocorra suplementação orçamentária de recursos com autorização de aplicação para pagamento de bolsas, estudantes que dependem do auxílio de R$ 400 mensais para manter custos para frequentar a universidade federal serão prejudicados.
Mirella Queiroz, 22 anos, é uma das afetadas. Ela trabalhava desde outubro de 2022 com uma bolsa com funções administrativas, principalmente no atendimento a graduandos, dando suporte a matrículas, assistência jurídica e contábil. O valor custeava seu o transporte de São Leopoldo, no Vale dos Sinos, onde mora, para a Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico), em Porto Alegre, onde cursa o quarto semestre de Jornalismo. “Meu contrato deveria ser renovado em fevereiro, mas, com a suspensão, fiquei sem bolsa”, contou. Agora ela procura outro tipo de trabalho remunerado para pagar os custos, que aumentaram com o retorno das aulas presenciais.
Segundo o DCE, além de Mirella, outras pessoas não têm condições de arcar com transporte. Uma parcela delas ainda enfrenta dificuldades para pagar despesas como moradia, alimentação e materiais para concluir o ensino superior.
A UFRGS disse estar em diálogo com o Ministério da Educação (MEC) para viabilizar a manutenção e concessão de novas bolsas. Porém, não informou o valor necessário para reverter a situação, nem se outros serviços serão prejudicados. Em janeiro, havia 833 estudantes vinculados a bolsas de aperfeiçoamento, informática, ensino-benefício, iniciação científica-benefício e extensão-benefício. Outras 160 a 170 vagas estavam disponíveis, mas eram consideradas ociosas – cabe a cada unidade decidir se vai usar as vagas ou não. O número de vagas ociosas representa hoje entre 16% a 20% do total.
Uma das hipóteses da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) para o índice é de que ocorreu uma redução da demanda por atendimento presencial devido à migração para canais como e-mail, formulários eletrônicos e aplicativos de comunicação, como WhatsApp e Instagram.
Durante o protesto desta terça, não houve resposta da instituição aos estudantes. Porém, eles têm reunião agendada com a PRAE essa semana para tratar essa e outras questões. “Levaremos esse tema, mas a perspectiva é que não tenha nada que a PRAE possa fazer, porque o cancelamento é pelo corte das verbas”, informou a secretária de comunicação do DCE da UFRGS, Maria Manoela Ribeiro Spolavori. “Nosso foco agora é pressionar a reitoria a abrir o orçamento da UFRGS. Assim, teremos ideia do tamanho do rombo”, completou.