Após críticas nas redes sociais, Melnick e Panvel informam ações de apoio às vítimas das enchentes
Marcas foram questionadas por ações tímidas diante da tragédia que assola o estado. Voluntários questionam participação da construtora em organização de abrigo
Nos últimos dias, perfis de redes sociais de grandes marcas gaúchas vêm recebendo questionamentos de seguidores sobre a atuação das empresas diante da catástrofe climática enfrentada pelo RS. Seguidores criticam a inação ou as ações tímidas das companhias, que contrastam com o sentimento de urgência e engajamento voluntário de dezenas de milhares de pessoas, inclusive de outros estados.
Em resposta à nota veiculada na Matinal News de terça-feira (6/5), Melnick e Panvel enviaram manifestações sobre ações desenvolvidas nos últimos dias.
A construtora informou que, em conjunto com Igreja Metodista, Colégio Americano, IPA e Cyrela, “montou um abrigo para acolhimento de 150 pessoas no Ginásio do IPA”. Melnick e Cyrella são os atuais proprietários do terreno e dos prédios do IPA, integrante da Rede Metodista, que se encontra em Recuperação Judicial (RJ) desde 2021.
À Matinal, a Melnick detalhou que colaboradores das duas empresas refizeram “a instalação elétrica e dos chuveiros, instalaram computadores e internet no local”. A nota informa ainda que “o trabalho dos voluntários, colaboradores das empresas, funcionários do IPA e Americano, bem como pais e alunos do Americano, garantiram a montagem das camas e estrutura completa para acolher quem mais precisava naquele momento”.
Voluntários relatam esforço coletivo
Nas suas redes, a construtora havia publicado um outro comunicado, na terça-feira (7/5), que provocou indignação na comunidade escolar do Colégio Metodista Americano, que atua no abrigo montado no ginásio do IPA. “Em parceria com a Cyrela, nossas equipes se uniram para formar uma grande rede de voluntários, e assim montamos um abrigo no Ginásio do IPA”, afirma o post da empresa.
Mãe de dois alunos do Americano, a jornalista Clarissa Pont afirma que “foi um esforço coletivo, autogestionado, descentralizado e civil, envolvendo crianças, pais, alunos e professores do Americano, ex-alunos e ex-professores do IPA. Um grupo ficou lavando o ginásio, porque o IPA está fechado e muito abandonado, outros ficaram na triagem de roupas, alimentos e itens de higiene”.
A jornalista conta que a mobilização da comunidade começou no domingo (5/5) pela manhã, a partir de trocas em grupos de WhatsApp que articularam pais, docentes, alunos e as pastorais da escola e do IPA, totalizando ao longo dos dias seguintes um grupo de aproximadamente mil voluntários: “Entre 10h30 e 15h30, estava tudo pronto, com colchões e lençóis limpos. A triagem não parava. Logo percebemos que não estávamos dando conta das doações e começamos a distribuí-las para outros pontos”, afirma Pont.
Pai de uma aluna do Americano, o biólogo Glauco Caon também criticou o comunicado da construtora. “A própria escola, os professores, alunos e pais se mobilizaram. Levaram cerca de 120 colchões do acantonamento das crianças [do Americano] e organizaram as doações. Até ontem [7/5], a Melnick não tinha se manifestado. Só fizeram uma reunião permitindo a utilização do espaço. Aí publicaram o comunicado. A comunidade escolar ficou indignada. É bom que a Melnick esteja se envolvendo de certa maneira, mas está utilizando mais como marketing para eles. Isso deixou os pais e alguns professores bem chateados.”
Nas suas redes, o Colégio Americano no Instagram agradece a comunidade escolar do Americano e do IPA, além de funcionários, professores e pais que estão mobilizados.
Panvel não detalha quantidade de doações
À Matinal, a Panvel destacou a devastação sofrida por Eldorado do Sul, que abriga a sede do grupo, e informou que concentrou esforços para auxiliar as necessidades mais urgentes de funcionários e suas famílias. O grupo pretende ampliar o repasse de itens às vítimas tão logo restabeleça o acesso ao complexo.
Ainda segundo o comunicado, funcionários estão montando kits para serem entregues aos sobreviventes da catástrofe. Além disso, a empresa está em contato com a Defesa Civil, entidades de assistência e abrigos do RS para ajudar no repasse de medicamentos, alimentos e produtos de higiene. Devido a dificuldades de acesso à sede e ao centro de distribuição, a empresa informou que conta com o centro do Paraná para permitir o “repasse imediato” dos itens. A assessoria não informou em detalhes a quantidade de doações.