Ato pela democracia reúne milhares em Porto Alegre e pede Bolsonaro na prisão
Pacífica, manifestação percorreu ruas do Centro Histórico no dia seguinte aos ataques em Brasília
Convocada por movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda, uma manifestação a favor da democracia reuniu milhares de pessoas na noite desta segunda-feira em Porto Alegre. O ato começou por volta das 18h na Esquina Democrática e, cerca de uma hora depois, rumou para o Largo Zumbi dos Palmares, entoando cânticos como “Sem anistia / e sem perdão / o povo quer / Bolsonaro na prisão” e “Ô, Bolsonaro / seu arregão / tu vais voltar / pro Brasil de camburão”.
As manifestações desta segunda ocorreram em diversas capitais do país, em resposta aos atos terroristas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto na tarde de domingo.
Em Porto Alegre, o ato transcorreu sem incidentes, à exceção de um ovo que, atirado de uma das janelas da Esquina Democrática, não atingiu ninguém. “Quem joga ovos em quem está defendendo a democracia faz parte da quadrilha terrorista que quer destruir o nosso país”, disse a presidenta do Cpers, Helenir Schürer. Um representante do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado (Sindjus-RS) sugeriu que os ovos fossem distribuídos a quem tem fome.
“Vai caber a nós, os partidos de esquerda, as mulheres revolucionárias, organizar o nosso povo e impedir um golpe militar no nosso país. Ditadura nunca mais!”, disse a Coordenadora do Movimento de Mulheres Olga Benário, Naná Sanches, ao assumir o microfone.
Também compareceu ao ato o vereador Roberto Robaina (PSOL), que chamou atenção para a necessidade de resistir ao fascismo nas ruas e punir os financiadores de iniciativas golpistas: “A extrema-direita está forte, mas perdeu as eleições presidenciais no primeiro e no segundo turno. E ontem, quando fizeram o seu repeteco, a sua cópia do Capitólio, a extrema-direita perdeu de novo”.
Deputada federal pelo PT, Reginete Bispo foi aplaudida após afirmar que a democracia chegará quando estiverem no centro do poder as mulheres negras, os povos indígenas e a juventude de esquerda. Reginete também ressaltou o caráter classista dos atos terroristas ocorridos em Brasília: “Hoje nós estamos mobilizadas e mobilizados contra uma tentativa de golpe espúrio praticada por terroristas, golpistas, fascistas, que não aceitam que o país volte a ser governado por um trabalhador, um operário, um metalúrgico”. Já a vereadora Karen Santos (PSOL) lembrou pautas como o fim da Polícia Militar e a reforma agrária.
A manifestação começou a dispersar por volta das 20h, ao chegar no Largo Zumbi dos Palmares. A Polícia Militar não soube dimensionar o tamanho do protesto. Questionado pelo Matinal, Claudir Nespolo, diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), estimou em 25 mil o número de manifestantes.