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Vigilância espera aumento de casos de leptospirose a partir da próxima semana

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Vigilância espera aumento de casos de leptospirose a partir da próxima semana Enchente traz risco de contaminação de várias doenças | Foto: Martina Lersch

Não se trata de uma questão de se, nem quando. É certo que o Rio Grande do Sul enfrentará a partir da próxima semana uma maior incidência de casos de leptospirose. A doença é causada pela bactéria leptospira presente, em especial, na urina de roedores e comum a cenários de enchentes, como as que afetaram mais de 400 cidades do Rio Grande do Sul.

Ainda que já tenha havido uma verdadeira corrida às farmácias nos primeiros dias de inundação nas cidades da região metropolitana, os casos devem eclodir nos próximos dias, em razão do tempo passado desde o início das enchentes. A projeção é da chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro de Vigilância em Saúde do RS, Roberta Vanacôr. À Matinal, ela explicou que o período de incubação varia de pessoa para pessoa. Vai de em torno de uma semana até 30 dias.

Ela advertiu que a doença deve incidir não apenas nas vítimas, mas também nas equipes de resgate voluntárias, que serão alvo de atenção da Vigilância: “Vamos executar um esquema de quimioprofilaxia para as pessoas que estão fazendo os resgates”, garantiu. Nesta semana, a Secretaria Estadual da Saúde já recomendou em nota técnica profilaxia contra leptospirose para quem teve contato prolongado com água de enchentes. 

O grupo que teve contato com as águas da enchente que fica especialmente vulnerável à contaminação. “Quando temos uma situação de enchente, temos muita contaminação por esgoto”, afirmou. Mas não se trata apenas da água: “A lama também tem um potencial grande de transmissão. Quanto mais parada for essa água, maior a chance de ter um caso de leptospirose”. Não há, contudo, risco de contágio de pessoa para pessoa. 

Os sintomas são febre, dores no corpo, em especial nas panturrilhas. Vanacôr ressalta haver semelhança com os sintomas da dengue e, por conta disso, é essencial a busca por unidades de saúde para exames, em caso de aparecimento dos sintomas. Se for detectada, o tratamento deve ser iniciado imediatamente para garantir maior eficácia. “O tratamento pode ser feito pela própria pessoa e não de hospitalização”, destacou.

De acordo com a representante da Vigilância, o governo do estado está fornecendo medicamentos aos municípios e nos pontos de resgate. 

No radar, de hepatite a influenza

Não é apenas a leptospirose que preocupa os setores de saúde do estado. Por conta das enchentes, o cenário é favorável também ao aumento de doenças como hepatite A, tétano acidental e doença diarreica aguda  por consumo de água e alimentos contaminados. Casos de doenças respiratórias podem igualmente aumentar. “Como estamos com um grande contingente da população abrigada, temos um potencial grande de transmissão de doenças respiratórias”, afirmou. 

Até o início da tarde, o Piratini contabilizava 68.519 pessoas em abrigos no Rio Grande do Sul e 327.105 estavam desalojadas. Medida preventiva à gripe, a vacinação contra a influenza está liberada a toda a população em Porto Alegre. A imunização ocorre em alguns abrigos e nas unidades de saúde que estão abertas.

Outro risco de saúde ocorrerá quando do retorno às moradias danificadas pelas águas. Neste caso, a Vigilância alerta para picadas de animais peçonhentos, como cobras ou escorpiões. “Acidentes com esses animais acontecem muitas vezes quando as pessoas retornam às casas, porque neste período eles também buscam refúgios”, observou. 

“Redução de danos” 

Roberta Vanacôr declarou que a situação de saúde no Rio Grande do Sul, que já vem de uma epidemia recorde de dengue e está na época das doenças respiratórias, se tornou ainda mais desafiadora com o evento climático extremo. “É um cenário de redução de danos. Não temos como ter controle da situação do clima”, disse “O que vai agravar a situação de muitos municípios que estão já muito atingidos”, desabafou. “E quem está na linha de frente também é afetado. É importante que as pessoas que venham nos auxiliar no RS, venham com a ciência que esse é o nosso cenário.”


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