Sob protocolos de segurança, ciclovia da Ipiranga reabre parcialmente nesta sexta
Interditada totalmente há quatro meses, a ciclovia da Ipiranga, a maior de Porto Alegre, será reaberta de forma parcial a partir desta sexta-feira, dia 5 de janeiro. Observando protocolos de segurança – que podem ocasionar um novo fechamento –, o trecho de cerca de dois quilômetros, entre as avenidas Edvaldo Pereira Paiva e Erico Verissimo, voltará a funcionar. A ciclovia tem mais de nove quilômetros, entre a orla do Guaíba e a Antônio de Carvalho.
A liberação do trecho foi definida nesta quarta-feira, após vistoria no local, que contou com as presenças do prefeito Sebastião Melo (MDB) e do secretário municipal de Mobilidade Urbana, Adão de Castro Júnior. Conforme Melo, o monitoramento no local será realizado diariamente e, conforme as condições climáticas, um protocolo operacional será acionado. Em outras palavras, o trecho deverá ser fechado novamente, quando houver alerta emitido pela Defesa Civil. Nesses casos, a reabertura ocorrerá apenas 24 horas após o fim do alerta.
Ainda que parcial, a reabertura ocorre num prazo posterior ao projetado pela prefeitura. Em novembro, Melo havia dito à Band que esperava liberar ainda naquele mês algum trecho. Depois, a expectativa passou a ser para o fim de dezembro, o que também não ocorreu.
Quedas de taludes
Estabelecido agora, o alerta por conta do clima se dá pela deterioração da ciclovia ao longo dos últimos meses, escancarada após eventos climáticos extremos. Em julho do ano passado, parte do talude em frente ao Planetário cedeu, ocasionando o primeiro ponto de interdição da via. Desde então, houve danos em outros oito, segundo o Dmae: Silva Só, em frente ao Madero, em frente à PUCRS (ambos os lados), margem esquerda da PUCRS próximo à Cristiano Fischer, esquina com Cristiano Fischer e dois pontos na frente da CEEE.
Ainda antes de todas as quedas das estruturas, a ciclovia foi totalmente interditada em 7 de setembro pela prefeitura. Naquele momento, Porto Alegre enfrentava condições adversas pelo excesso de chuvas, situação que foi recorrente no segundo semestre. Desde que a passagem foi barrada, houve o registro de dois acidentes envolvendo ciclistas, conforme a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU).
Nesta quarta, no comunicado da liberação do trecho, a prefeitura informou ter recebido relatório parcial de duas empresas contratadas pelo Dmae para avaliar a infraestrutura dos taludes. Segundo o informado, o material está em fase de análise pelos técnicos do município, enquanto o Dmae trabalha na recuperação do talude em frente ao Parque Esportivo da PUCRS. De acordo com o executivo, está em fase de projeto também a reconstrução dos trechos na altura do Planetário e da Silva Só. Após essa etapa, será aberta licitação para contratar a empresa que irá executar a obra.
Por ora, não há previsão para liberação de outras partes da via para bicicletas na Ipiranga. “Estamos recebendo os estudos contratados pelo Dmae e, apenas após os estudos finalizados e a sua análise, poderemos verificar novos trechos para a liberação”, explicou a SMMU à Matinal.
Possibilidade de fechamento
Ligando a orla do Guaíba à avenida Antônio de Carvalho, a ciclovia da Ipiranga tem pouco mais de nove quilômetros de extensão. Como lembrou reportagem de GZH há poucos dias, sua obra, baseada em um modelo de contrapartidas, durou uma década e foi concluída apenas em 2020, após anos de atraso.
Por conta dos problemas recentes, o prefeito não descartou o fechamento definitivo da ciclovia – caso isso acontecer, a alternativa seria construir a ciclovia em uma das pistas da Ipiranga. Em dezembro, o prefeito Sebastião Melo disse a GZH que iria ter um posicionamento a respeito em breve sobre o assunto.
Prefeitura terá R$ 20 milhões para investir em ciclovias
Em paralelo à discussão do possível fechamento da ciclovia, a Câmara Municipal aprovou em dezembro do ano passado o projeto de lei que autoriza a contratação de operação de crédito de R$ 20 milhões, junto ao Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), para aplicação em obras de ciclovias.
O texto da lei aprovada fala em incrementar em 30 quilômetros a malha cicloviária de Porto Alegre. A meta, porém, pode ser alterada em virtude da possibilidade de alocação de parte desses recursos em obras de restauração da ciclovia da Ipiranga. Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, ainda não há uma avaliação de quanto será necessário utilizar para a revitalização da ciclovia.
Contando com a Ipiranga, Porto Alegre tem hoje 79,91 quilômetros de faixas destinadas para bikes. O total é inferior a 20% do previsto pelo Plano Diretor Cicloviário, que completa 15 anos em 2024. A meta estabelecida por Melo era de encerrar a sua gestão, em dezembro, alcançando a marca de 100 quilômetros de malha cicloviária. Para alcançar o objetivo, sua administração teria de quebrar o recorde de implementações de ciclovias num só ano.