Sem provas, vice-prefeito ecoa conspiração bolsonarista sobre “conluio” do STF em favor de Lula
Deputado Marcel van Hatten (Novo) fez eco às críticas de Ricardo Gomes ao ministro Alexandre de Moraes e associa invasões do MST ao PT no segundo dia do Fórum da Liberdade
Sublinhando que falaria por si e não pela prefeitura de Porto Alegre, o vice-prefeito Ricardo Gomes usou o palco do Fórum da Liberdade para atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) no segundo dia do evento.
No painel “’Cortem as cabeças’ — Brasil: Império da lei ou o império do homem?”, ele comparou os ministros do STF a membros de uma corte monárquica, sugerindo, inclusive, um favorecimento à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
Após discorrer sobre guerras e conflitos que levaram à separação dos poderes em países como a Inglaterra e os Estados Unidos, Gomes elencou uma série de decisões do STF que, segundo ele, tornam a corte um poder absolutista. Entre eles, estão abertura do inquérito das fake news pelo “rei” Dias Toffoli, que ficou a cargo de “sua majestade” Alexandre de Moraes, suspensão de decretos do então presidente Jair Bolsonaro pela “rainha Rosa Weber”, voto pela remoção de vídeo do Brasil Paralelo pela “rainha” Carmen Lúcia, bloqueio de contas de apoiadores do presidente, entre outras medidas citadas com ironia.
“E agora o presidente é Lula, e o silêncio reina. Parece que o Supremo está feliz. Isso não é ativismo judiciário. O nome disso é ditadura do Poder Judiciário”, disse, sob aplausos em pé do público. “O nome disso é tirania. E eu vim dizer com todas as letras ao STF: vocês não vão nos calar e, se tentarem, descobrirão que também há neste país pessoas que pela liberdade empenharão suas vidas, suas fortunas e sua sagrada honra”, concluiu, em referência à Declaração de Independência norte-americana.
No fim, ao responder a uma pergunta da plateia, Gomes levantou mais uma vez suspeitas sobre a atuação dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o pleito que elegeu Lula. “A minha opinião é que obviamente havia um interesse de proteger Lula da Silva nessas eleições, calando um lado da opinião pública. A única coisa da campanha inteira do Lula ‘censurada’ foi a que associava Bolsonaro ao canibalismo. Não em matéria de liberdade de imprensa, mas de propaganda eleitoral regrada pelo TSE. Para mim, as evidências são claras de um conluio entre os juízes da Suprema Corte para favorecer Lula”, afirmou.
Van Hatten dispara contra Alexandre de Moraes
Seguindo o exemplo do vice-prefeito, o deputado federal Marcel van Hattem (Novo) disparou contra Alexandre de Moraes e Lula. “Fora, Lula. E, não menos importante, fora, Alexandre de Moraes”, abriu seu discurso.
Van Hattem desfilou críticas ao presidente por, segundo ele, silenciar sobre a ditadura de Daniel Ortega, na Nicarágua e sobre as prisões em decorrência dos atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília.
Com um powerpoint estampando as fotos de Alexandre de Moraes ao lado da Rainha de Copas de “Alice no País das Maravilhas”, o parlamentar do Novo repudiou os ataques aos prédios dos três poderes, mas acusou o ministro de agir de forma arbitrária nas prisões de Anderson Torres (então secretário de Segurança e ex-ministro da Justiça) e outras 1,5 mil pessoas, e no afastamento do governador Ibaneis Rocha (DF). “Todas as prisões foram ilegais”, afirmou.
A exposição seguiu com slides destacando os itens de porque, segundo ele, há ilegalidade na atuação do ministro. Citou o caso do empresário Miguel Ritter, de Santa Rosa, preso no dia 8. De acordo com Van Hattem, Ritter entrou no Palácio do Planalto para se proteger das bombas. “Eu acreditei, mas não posso fazer juízo de valor. A Justiça precisa dar o direito e o devido processo de provar isso. Mas é réu primário, endereço fixo, profissão lícita e, até hoje, está preso”, relatou.
Por fim, disse que apoia a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Movimento de Trabalhadores Sem-Terra (MST) e que tem a sinalização do também deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos) sobre o compromisso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), em criá-la.
“Ela vai, na minha opinião, chegar aos financiadores do movimento e, obviamente, ao círculo mais próximo, senão ao próprio presidente Lula. Essas invasões claramente são recados políticos exigindo espaço dentro do governo”, disse. “É um movimento marginal, não é um movimento social. É um braço armado do PT, e precisa ser tratado pelo Alexandre de Moraes, que anda sumido por aí, como verdadeiros criminosos que são e não como ativistas de movimento social”, concluiu.
Leonardo Lamachia, presidente da seccional do RS da OAB, não foi ao evento, sendo substituído por Leandro Narloch. A OAB e a organização do evento não haviam explicado o motivo até a publicação desta reportagem.