Lenda | Parêntese

A mulher-foca – Lenda feroesa

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A mulher-foca – Lenda feroesa A lenda sobre a mulher-foca é oriunda de Mikladalur, vale localizado na ilha de Kallsoy, uma das dezoito que forma o arquipélago das Feroés, atualmente nação soberana que faz parte do reino da Dinamarca. Apesar de contar com pouco mais de 50 mil habitantes, as Feroés preservaram o seu idioma, o feroês, e a cultura que a ele subjaz mediante a transmissão oral das tradições nórdicas antigas trazidas às ilhas pelos colonizadores noruegueses do país no século IX. Idioma falado também pelos integrantes da diáspora na Islândia (onde vivem cerca de 5 mil feroeses) e na Dinamarca (onde 25 mil habitantes também são feroeses), o feroês forma, com o islandês, o ramo das línguas nórdicas ocidentais. Nessas línguas, preservarem-se as tradições germânicas levadas à atual Escandinávia por uma grande migração germânica originada da Europa Central, por exemplo na Völsunga saga (”Saga dos Völsungos”), versão mais antiga da mesma história narrada na Nibelungenlied (”Canção dos Nibelungos”) alemã. Essa lenda é uma das mais conhecidas no arquipélago das Feroés e foi compilada por V.H. Hammershaimb e publicada em Copenhague em 1891 com o título Færøsk anthologi. Graças a essa importante coleção de lendas, a língua feroesa ganhou uma ortografia moderna que permitiu a sua sobrevivência como língua escrita e de cultura e não apenas língua da oralidade, como ela havia se tornado após a dominação do país pelos reinados da Noruega e Dinamarca. A lenda possui versões paralelas na Islândia e também no norte da Escócia (selkies ou selkie folk < seal folk). No contexto brasileiro, impossível não pensar na tradição amazônica do boto-cor-de-rosa, que segundo a lenda, se metamorfoseia em mancebo galante e engravida as moças, e na lenda da Teiniaguá, registrada por Simões Lopes Neto em suas Lendas do sul. Uma estátua da mulher-foca feita em bronze pelo escultor feroês Hans Pauli Olsen foi inaugurada no local de origem da lenda, a localidade de Mikladalur, na ilha de Kallsoy, no arquipélago das feroés. Tradução direta do feroês: Luciano Dutra Luciano Dutra é gaúcho de Viamão e vive em Reykjavík desde 2002. É tradutor entre as línguas nórdicas (exceto finlandês) e o português. Fundou em 2014 a Sagarana forlag, editora multilíngue especializada na publicação de literatura em tradução entre as línguas nórdicas e o português. Mantém desde 2016 a página “Um Poema Nórdico ao Dia” (http://www.facebook.com/nordrsudr), que traz diariamente poemas de autores de todos os países nórdicos, a maioria deles até agora inéditos em português, sempre em tradução direta dos idiomas originais. Traduziu vários livros ao português. Do feroês, trouxe ao português Nona manhã, de Carl Jóhan Jensen, em 2017, pela editora Moinhos. Leia a lenda abaixo. _________________________________ A mulher foca No princípio, as focas surgiram de pessoas que deram cabo da própria vida vadeando e se afogando no mar. Uma vez a cada ano, isso é, na Noite de Reis, elas desvestem o seu pelego e então se assemelham aos demais humanos. Se divertem dançando e brincando à maneira dos homens nos lajeados, nas praias e nas suas guaridas. Reza […]

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A lenda sobre a mulher-foca é oriunda de Mikladalur, vale localizado na ilha de Kallsoy, uma das dezoito que forma o arquipélago das Feroés, atualmente nação soberana que faz parte do reino da Dinamarca. Apesar de contar com pouco mais de 50 mil habitantes, as Feroés preservaram o seu idioma, o feroês, e a cultura que a ele subjaz mediante a transmissão oral das tradições nórdicas antigas trazidas às ilhas pelos colonizadores noruegueses do país no século IX. Idioma falado também pelos integrantes da diáspora na Islândia (onde vivem cerca de 5 mil feroeses) e na Dinamarca (onde 25 mil habitantes também são feroeses), o feroês forma, com o islandês, o ramo das línguas nórdicas ocidentais. Nessas línguas, preservarem-se as tradições germânicas levadas à atual Escandinávia por uma grande migração germânica originada da Europa Central, por exemplo na Völsunga saga (”Saga dos Völsungos”), versão mais antiga da mesma história narrada na Nibelungenlied (”Canção dos Nibelungos”) alemã. Essa lenda é uma das mais conhecidas no arquipélago das Feroés e foi compilada por V.H. Hammershaimb e publicada em Copenhague em 1891 com o título Færøsk anthologi. Graças a essa importante coleção de lendas, a língua feroesa ganhou uma ortografia moderna que permitiu a sua sobrevivência como língua escrita e de cultura e não apenas língua da oralidade, como ela havia se tornado após a dominação do país pelos reinados da Noruega e Dinamarca. A lenda possui versões paralelas na Islândia e também no norte da Escócia (selkies ou selkie folk < seal folk). No contexto brasileiro, impossível não pensar na tradição amazônica do boto-cor-de-rosa, que segundo a lenda, se metamorfoseia em mancebo galante e engravida as moças, e na lenda da Teiniaguá, registrada por Simões Lopes Neto em suas Lendas do sul. Uma estátua da mulher-foca feita em bronze pelo escultor feroês Hans Pauli Olsen foi inaugurada no local de origem da lenda, a localidade de Mikladalur, na ilha de Kallsoy, no arquipélago das feroés. Tradução direta do feroês: Luciano Dutra Luciano Dutra é gaúcho de Viamão e vive em Reykjavík desde 2002. É tradutor entre as línguas nórdicas (exceto finlandês) e o português. Fundou em 2014 a Sagarana forlag, editora multilíngue especializada na publicação de literatura em tradução entre as línguas nórdicas e o português. Mantém desde 2016 a página “Um Poema Nórdico ao Dia” (http://www.facebook.com/nordrsudr), que traz diariamente poemas de autores de todos os países nórdicos, a maioria deles até agora inéditos em português, sempre em tradução direta dos idiomas originais. Traduziu vários livros ao português. Do feroês, trouxe ao português Nona manhã, de Carl Jóhan Jensen, em 2017, pela editora Moinhos. Leia a lenda abaixo. _________________________________ A mulher foca No princípio, as focas surgiram de pessoas que deram cabo da própria vida vadeando e se afogando no mar. Uma vez a cada ano, isso é, na Noite de Reis, elas desvestem o seu pelego e então se assemelham aos demais humanos. Se divertem dançando e brincando à maneira dos homens nos lajeados, nas praias e nas suas guaridas. Reza […]

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