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Alexis Cortés: Não se pode confiar em quem não se emocione com ele

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Alexis Cortés: Não se pode confiar em quem não se emocione com ele Meu pé de laranja-lima, de José Mauro de Vasconcelos, é o primeiro grande livro que li, e é um dos meus favoritos. Foi meu pai que me incentivou a lê-lo. Falava dele como uma espécie de “O pequeno príncipe latino-americano”. Ele descobriu Vasconcelos durante os anos em que viveu em Buenos Aires, em fins dos anos 1970. Ali, era leitura obrigatória nas escolas. Um amigo presenteou-o com um exemplar e ele ficou maravilhado. Na Argentina, Vasconcelos era muito traduzido, e por isso não foi difícil encontrar outras obras do autor, que se converteu em um de seus preferidos. Meu pai queria que eu lesse o livro por várias razões. Durante a minha infância também tive uma árvore, não de laranja-lima, mas de damasco. Mesmo que ela não fosse um personagem, mas sim um provedor de jogos, meu pai esperava que eu me identificasse com a história. Também apostava que Meu pé de laranja-lima me conquistaria para a leitura. Não se equivocou. Sou um leitor mais ou menos tardio, mas depois que esse livro passou pelas minhas mãos iniciei uma corrida acelerada para me por em dia com a literatura. Li Meu pé… quando tinha 12 anos, aproveitando que o metrô de Santiago tinha criado uma rede de bibliotecas que emprestava livros em suas estações. Não lembro de outro livro que tenha me emocionado tanto. Foi o primeiro livro que me fez chorar. Tive que evitar lê-lo em público em público, durante os longos trajetos que fazia entre a minha casa e a escola. Segui renovando os empréstimos do livro até que todos em casa o lessem ou o relessem. No ano seguinte, pedi a minha avó que me desse um exemplar no Natal. A partir desse momento, Meu pé de laranja-lima se converteu no livro que mais vezes li e que mais emprestei. Sua leitura se transformou numa espécie de requisito de amizade: meus amigos tinham que lê-lo. Também é o livro que mais presenteei. Sigo acreditando que não se pode confiar em uma pessoa que não se emocione ao lê-lo. Alexis Cortés é sociólogo, 35 anos, com doutorado no Brasil, pela UERJ. Pela editora dessa universidade lançou, em 2018, sua tese, Favelados e ‘pobladores’ nas Ciências Sociais: a construção teórica de um movimento social. Na Universidade Alberto Hurtado, dirigida pelos Jesuítas (como a Unisinos aqui no estado ou a PUC do Rio de Janeiro), Cortés é professor e pesquisador, além de dirigir o Programa de Mestrado em Sociologia. É também vice-presidente do Colégio de Sociólogos do Chile.

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Meu pé de laranja-lima, de José Mauro de Vasconcelos, é o primeiro grande livro que li, e é um dos meus favoritos. Foi meu pai que me incentivou a lê-lo. Falava dele como uma espécie de “O pequeno príncipe latino-americano”. Ele descobriu Vasconcelos durante os anos em que viveu em Buenos Aires, em fins dos anos 1970. Ali, era leitura obrigatória nas escolas. Um amigo presenteou-o com um exemplar e ele ficou maravilhado. Na Argentina, Vasconcelos era muito traduzido, e por isso não foi difícil encontrar outras obras do autor, que se converteu em um de seus preferidos. Meu pai queria que eu lesse o livro por várias razões. Durante a minha infância também tive uma árvore, não de laranja-lima, mas de damasco. Mesmo que ela não fosse um personagem, mas sim um provedor de jogos, meu pai esperava que eu me identificasse com a história. Também apostava que Meu pé de laranja-lima me conquistaria para a leitura. Não se equivocou. Sou um leitor mais ou menos tardio, mas depois que esse livro passou pelas minhas mãos iniciei uma corrida acelerada para me por em dia com a literatura. Li Meu pé… quando tinha 12 anos, aproveitando que o metrô de Santiago tinha criado uma rede de bibliotecas que emprestava livros em suas estações. Não lembro de outro livro que tenha me emocionado tanto. Foi o primeiro livro que me fez chorar. Tive que evitar lê-lo em público em público, durante os longos trajetos que fazia entre a minha casa e a escola. Segui renovando os empréstimos do livro até que todos em casa o lessem ou o relessem. No ano seguinte, pedi a minha avó que me desse um exemplar no Natal. A partir desse momento, Meu pé de laranja-lima se converteu no livro que mais vezes li e que mais emprestei. Sua leitura se transformou numa espécie de requisito de amizade: meus amigos tinham que lê-lo. Também é o livro que mais presenteei. Sigo acreditando que não se pode confiar em uma pessoa que não se emocione ao lê-lo. Alexis Cortés é sociólogo, 35 anos, com doutorado no Brasil, pela UERJ. Pela editora dessa universidade lançou, em 2018, sua tese, Favelados e ‘pobladores’ nas Ciências Sociais: a construção teórica de um movimento social. Na Universidade Alberto Hurtado, dirigida pelos Jesuítas (como a Unisinos aqui no estado ou a PUC do Rio de Janeiro), Cortés é professor e pesquisador, além de dirigir o Programa de Mestrado em Sociologia. É também vice-presidente do Colégio de Sociólogos do Chile.

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