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Arthur de Faria: Série As Origens – Parte XXII

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Arthur de Faria: Série As Origens – Parte XXII Depois do Jazz Espia Só, a porteira estava aberta. A Royal Jazz Band foi a segunda formação do gênero em Porto Alegre. O principal pesquisador dessa cena, Hardy Vedana (Erechim, 13/6/1928, Porto Alegre, 15/6/2009), autor de Jazz em Porto Alegre (L&PM), afirma que a Royal teria sido fundada em 1924. Só que o mesmo Vedana, no mesmo livro, garante que o Espia Só foi o primeiro a mudar de regional para jazz, em… 1927. Aí, você decide. De qualquer forma, a Royal Jazz Band teria uma vida muito mais longa que sua predecessora: só encerraria as atividades em 1968, depois de 44 anos de carreira. Também seria a pioneira em abrasileirar o nome, já que desde o final dos anos 1930 atendia pela simpaticíssima alcunha de Orquestra Rojabá (RO-yal JA-az BA-nd, pegou?). Fundada pelo baterista Alvino Beroldt e pelo pianista e arranjador Helmut Grünewald, o grupo sempre teve Helmut à frente, marcando de cima, com seu punho forjado em puro aço alemão. Orquestra Rojabá (RO-yal JA-az BA-nd), em 1943 Espia Só Jazz Entre o final dos anos 1920 e meados dos 30 muitos outros jazz pintaram no pedaço. O Jazz Real, de 1927, era um septeto com trompete, trombone, três saxes, piano, bateria e uma geringonça chamada violinofone, um bizarro violino equipado com cornetas, parecido com o inventado por Arthur Elsner, tentativa internacional da época para aumentar o som do instrumento antes de haver a amplificação elétrica (mesma ideia que levava os cantores ao megafone de lata). Era tocado por um dos líderes do grupo, Armando Leão – que acumulava também a função de cantor. O outro chefe era Sady Sá, que atacava de sax alto e flauta. Eram a atração do Café A Barrosa. A Guarany Jazz-Band também é de 1927. Durou menos de um ano, e não mereceria registro não fosse por dois fatos: foi nela que começou sua carreira o trompetista Ernani Oliveira, quando ainda tocava violino. E em suas hostes havia um bandoneon todo espetado de cornetas – tipo o violinofone -, tocado pelo Espíndola. Era o pessoal se virando para se fazer ouvir. Orquestra Ernani & Marino em 1941 Ernani Oliveira nascera dia 24 de novembro de 1908, em Viamão, 10 km a leste de Porto Alegre. Logo que o Guarany Jazz-Band encerrou sua carreira, ele fundou a Orquestra Ernani Oliveira. O ano era 1929. Ao longo da sua vida, depois do violino inicial, ele aprenderia tuba, bombardino e trombone, acabando no trompete (nesse meio-tempo, pra não se entediar, ainda pegou o bandoneon). Seria o grande trompetista dessa geração, brilhando a partir do momento em que, nos anos 1930, entrou para o Jazz-Band de Paulo Coelho. Do grupo de Paulo só sairia em 1938, quando estavam todos na Argentina e ele teve um forte ataque de saudade (dizem que da mãe), voltando pra casa antes que todo mundo. Volta a ser destaque em 1946, fundando o que quase certamente foi o primeiro grupo profissional porto-alegrense criado para efetivamente tocar… jazz. Curiosamente, não tinha “jazz” no nome. Eram Os Malucos do Ritmo. Um octeto com misturando negros e brancos, com ele no trompete, Breno Baldo no sax alto, mais um clarinetista, um trombonista, Antoninho Gonçalves na guitarra elétrica (sim, em 1946!), Swing no piano, um contrabaixista e o mítico Natalício na bateria. Tocavam o que na época […]

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Depois do Jazz Espia Só, a porteira estava aberta. A Royal Jazz Band foi a segunda formação do gênero em Porto Alegre. O principal pesquisador dessa cena, Hardy Vedana (Erechim, 13/6/1928, Porto Alegre, 15/6/2009), autor de Jazz em Porto Alegre (L&PM), afirma que a Royal teria sido fundada em 1924. Só que o mesmo Vedana, no mesmo livro, garante que o Espia Só foi o primeiro a mudar de regional para jazz, em… 1927. Aí, você decide. De qualquer forma, a Royal Jazz Band teria uma vida muito mais longa que sua predecessora: só encerraria as atividades em 1968, depois de 44 anos de carreira. Também seria a pioneira em abrasileirar o nome, já que desde o final dos anos 1930 atendia pela simpaticíssima alcunha de Orquestra Rojabá (RO-yal JA-az BA-nd, pegou?). Fundada pelo baterista Alvino Beroldt e pelo pianista e arranjador Helmut Grünewald, o grupo sempre teve Helmut à frente, marcando de cima, com seu punho forjado em puro aço alemão. Orquestra Rojabá (RO-yal JA-az BA-nd), em 1943 Espia Só Jazz Entre o final dos anos 1920 e meados dos 30 muitos outros jazz pintaram no pedaço. O Jazz Real, de 1927, era um septeto com trompete, trombone, três saxes, piano, bateria e uma geringonça chamada violinofone, um bizarro violino equipado com cornetas, parecido com o inventado por Arthur Elsner, tentativa internacional da época para aumentar o som do instrumento antes de haver a amplificação elétrica (mesma ideia que levava os cantores ao megafone de lata). Era tocado por um dos líderes do grupo, Armando Leão – que acumulava também a função de cantor. O outro chefe era Sady Sá, que atacava de sax alto e flauta. Eram a atração do Café A Barrosa. A Guarany Jazz-Band também é de 1927. Durou menos de um ano, e não mereceria registro não fosse por dois fatos: foi nela que começou sua carreira o trompetista Ernani Oliveira, quando ainda tocava violino. E em suas hostes havia um bandoneon todo espetado de cornetas – tipo o violinofone -, tocado pelo Espíndola. Era o pessoal se virando para se fazer ouvir. Orquestra Ernani & Marino em 1941 Ernani Oliveira nascera dia 24 de novembro de 1908, em Viamão, 10 km a leste de Porto Alegre. Logo que o Guarany Jazz-Band encerrou sua carreira, ele fundou a Orquestra Ernani Oliveira. O ano era 1929. Ao longo da sua vida, depois do violino inicial, ele aprenderia tuba, bombardino e trombone, acabando no trompete (nesse meio-tempo, pra não se entediar, ainda pegou o bandoneon). Seria o grande trompetista dessa geração, brilhando a partir do momento em que, nos anos 1930, entrou para o Jazz-Band de Paulo Coelho. Do grupo de Paulo só sairia em 1938, quando estavam todos na Argentina e ele teve um forte ataque de saudade (dizem que da mãe), voltando pra casa antes que todo mundo. Volta a ser destaque em 1946, fundando o que quase certamente foi o primeiro grupo profissional porto-alegrense criado para efetivamente tocar… jazz. Curiosamente, não tinha “jazz” no nome. Eram Os Malucos do Ritmo. Um octeto com misturando negros e brancos, com ele no trompete, Breno Baldo no sax alto, mais um clarinetista, um trombonista, Antoninho Gonçalves na guitarra elétrica (sim, em 1946!), Swing no piano, um contrabaixista e o mítico Natalício na bateria. Tocavam o que na época […]

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