Entrevista | Parêntese

Carlos Bastos: meio século de jornalismo, passando pelo AI-5

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Carlos Bastos: meio século de jornalismo, passando pelo AI-5
“Sempre separei a atuação jornalística das convicções pessoais, partidárias e futebolísticas” Por Juarez Fonseca e Luís Augusto Fischer (Colaborou: Cláudia Laitano) A trajetória de Carlos Henrique Esquivel Bastos atravessa a história do jornalismo brasileiro dos últimos 60 anos – eu ia escrever “jornalismo gaúcho” e me dei conta de que essa costumeira redução vai contra nós. Nossa imprensa tem a mania de enfatizar como “gaúchos” personagens que são figuras nacionais, como “o escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo”, ou “o compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues”, ou “o diretor gaúcho Jorge Furtado”. Por outro lado, escreve simplesmente “Rubem Fonseca”, ou “Bruna Lombardi”, ou “Portinari”, sem identificar suas procedências. Chama-se a isso de provincianismo. Exceto no breve período em que foi correspondente da RBS em Brasília, na época da Constituinte, Carlos Bastos nunca atuou em outra cidade que não Porto Alegre. Mas ante esta entrevista, o leitor poderá acusá-lo de outras coisas, menos de provinciano.  O olhar de Bastos sempre foi (e é) o de um gaúcho brasileiro, acompanhando daqui interesses/situações que tiveram repercussão nacional. Aos 85 anos, este grande jornalista tem muito para contar e com reluzente memória. Durante a conversa, em uma mesa do também histórico restaurante Copacabana, ora fechado pela pandemia, Bastos desconversa quando confrontado com a ideia de escrever e publicar suas memórias. Se contar tudo, acha que poderá constranger muita gente – e se fosse escrever, seria para contar tudo.  Tive a sorte de trabalhar com o Bastos durante um tempo, em Zero Hora. Um chefe sempre propositivo, nunca impositivo. Mesmo tendo alguma intimidade com seus próprios chefes, como se lerá, ninguém dos tantos que trabalharam com ele poderá acusá-lo de “patronal”. E outra: nunca se aposentou! Nascido em Passo Fundo, Carlos Henrique Esquivel Bastos é uma lenda do jornalismo brasileiro feito no Rio Grande do Sul. (Texto de Juarez Fonseca) A entrevista foi realizada em 12 de dezembro de 2019, no restaurante Copacabana. Foto: Luís Augusto Fischer Parêntese – Fala um pouco das tuas origens e de como te interessaste pelo jornalismo. Carlos Bastos – Nasci em Passo Fundo, de pai brasileiro e mãe argentina, e sempre recebi muita influência da Argentina. Tinha uma tia que vinha de lá com os filhos e passava as férias escolares conosco. Falava-se espanhol na nossa casa, e isso acabou tendo influência na minha relação com o jornalismo. Eu lia os jornais de Passo Fundo que o meu pai assinava, lia o Diário de Notícias e o Correio do Povo, de Porto Alegre, e também ouvia a Rádio Nacional. No tempo da guerra, eu com oito ou nove anos, acompanhava as notícias pelo Repórter Esso, com o Heron Domingues, e também pelas rádios argentinas. Ouvia a rádio Splendida, a Belgrano…  P – Passo Fundo tinha um ambiente jornalístico surpreendentemente desenvolvido, não? CB – Tinha três jornais diários: o Diário da Manhã, do Túlio Fontoura, o Nacional, do pai do Tarso de Castro, Múcio de Castro, e o Diário da Tarde, que era do Danilo de Quadros, sogro do chargista Marco Aurélio. P […]

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