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Cláudia Laitano: DESCONSTRUÍDO

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Cláudia Laitano: DESCONSTRUÍDO “Ninguém é obrigado a concordar com a sua opinião sobre determinado assunto só porque você se diz desconstruído e acha que seu ponto é mais válido que o ponto de fulano por isso. Obrigada.” (Twitter) DEFINIÇÃO: Aquele que rejeita preconceitos e não se conforma com papeis convencionais ou opiniões consideradas hegemônicas, principalmente em relação a temas como gênero e cor. Exemplos: “O cara é tão desconstruído que já reclamou das piadas machistas do chefe” ou “Uma guria desconstruída como ela nunca vai deixar de usar biquíni na praia por estar acima do peso”. ORIGEM:  O filósofo Jacques Derrida (1930 – 2004) é o cérebro por trás do conceito de “desconstrução”. Para colocar em evidência lacunas, contradições ou a falta de lógica de determinado tipo de discurso, Derrida propõe que seus pressupostos sejam “desconstruídos”, ou seja, examinados e trazidos à luz. TRADUÇÃO: Em inglês, o termo “woke” (que também significa “acordado”) tem um sentido parecido com o nosso “desconstruído” e tornou-se popular entre os mais jovens. Na definição do dicionário Merriam-Webster, ser “woke” significa “estar consciente e ativamente atento a determinados fatos e problemas (especialmente em relação a questões raciais e de justiça social)”.   QUEM USOU:  O jornal The Guardian publicou recentemente um artigo sobre a polarização em torno da palavra “woke” (mais ou menos como já acontece com o controverso “politicamente correto”). Dependendo de quem usa, à esquerda ou à direita do espectro político, a gíria pode ter um significado positivo (estar consciente de alguma coisa) ou pejorativo (ser arrogante e pretensioso com relação a um determinado ponto de vista). “As origens do termo ‘woke’  estão ligadas às comunidades afro-americanas e remontam aos anos 1960, mas sua onipresença é um desenvolvimento recente. Alimentado por músicos negros, mídias sociais e pelo movimento #BlackLivesMatter, o termo entrou no Oxford English Dictionary em 2017, quando se tornou uma palavra da moda usada para definir um conjunto de valores. Alguns dos que não acompanharam a tendência se sentiram para trás: se você não sabia o significado de ‘woke’, estava por fora. Em vez de ignorar completamente o conceito, seus detratores de hoje estão rejeitando a palavra por considerá-la pretensiosa e culturalmente elitista”. (The Guardian, 21 de janeiro) A turma do Porta dos Fundos brincou com a dificuldade de passar uma cantada “desconstruída” em um vídeo postado em seu canal no mês de dezembro. Confira: Cláudia Laitano é jornalista, com especialização em Economia da Cultura. É mestranda em Literatura pela UFRGS, com pesquisa sobre Carlos Reverbel. É autora de “Agora eu era” e “Meus livros, meus filmes e tudo o mais”, ambos pela L&PM.

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“Ninguém é obrigado a concordar com a sua opinião sobre determinado assunto só porque você se diz desconstruído e acha que seu ponto é mais válido que o ponto de fulano por isso. Obrigada.” (Twitter) DEFINIÇÃO: Aquele que rejeita preconceitos e não se conforma com papeis convencionais ou opiniões consideradas hegemônicas, principalmente em relação a temas como gênero e cor. Exemplos: “O cara é tão desconstruído que já reclamou das piadas machistas do chefe” ou “Uma guria desconstruída como ela nunca vai deixar de usar biquíni na praia por estar acima do peso”. ORIGEM:  O filósofo Jacques Derrida (1930 – 2004) é o cérebro por trás do conceito de “desconstrução”. Para colocar em evidência lacunas, contradições ou a falta de lógica de determinado tipo de discurso, Derrida propõe que seus pressupostos sejam “desconstruídos”, ou seja, examinados e trazidos à luz. TRADUÇÃO: Em inglês, o termo “woke” (que também significa “acordado”) tem um sentido parecido com o nosso “desconstruído” e tornou-se popular entre os mais jovens. Na definição do dicionário Merriam-Webster, ser “woke” significa “estar consciente e ativamente atento a determinados fatos e problemas (especialmente em relação a questões raciais e de justiça social)”.   QUEM USOU:  O jornal The Guardian publicou recentemente um artigo sobre a polarização em torno da palavra “woke” (mais ou menos como já acontece com o controverso “politicamente correto”). Dependendo de quem usa, à esquerda ou à direita do espectro político, a gíria pode ter um significado positivo (estar consciente de alguma coisa) ou pejorativo (ser arrogante e pretensioso com relação a um determinado ponto de vista). “As origens do termo ‘woke’  estão ligadas às comunidades afro-americanas e remontam aos anos 1960, mas sua onipresença é um desenvolvimento recente. Alimentado por músicos negros, mídias sociais e pelo movimento #BlackLivesMatter, o termo entrou no Oxford English Dictionary em 2017, quando se tornou uma palavra da moda usada para definir um conjunto de valores. Alguns dos que não acompanharam a tendência se sentiram para trás: se você não sabia o significado de ‘woke’, estava por fora. Em vez de ignorar completamente o conceito, seus detratores de hoje estão rejeitando a palavra por considerá-la pretensiosa e culturalmente elitista”. (The Guardian, 21 de janeiro) A turma do Porta dos Fundos brincou com a dificuldade de passar uma cantada “desconstruída” em um vídeo postado em seu canal no mês de dezembro. Confira: Cláudia Laitano é jornalista, com especialização em Economia da Cultura. É mestranda em Literatura pela UFRGS, com pesquisa sobre Carlos Reverbel. É autora de “Agora eu era” e “Meus livros, meus filmes e tudo o mais”, ambos pela L&PM.

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