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Cláudia Laitano: Hamsterkäufe

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Cláudia Laitano: Hamsterkäufe “Incrível, mas é verdade: ‘Hamsterkäufe’ é a palavra que os alemães estão usando para referir-se às compras motivadas pelo pânico. Essa é a única coisa que aprendi sobre a pandemia do Covid-19 que me fez rir.” (@pharmacopsych no Twitter)  DEFINIÇÃO: “Hamsterkäufe” resulta da combinação dos verbos “hamstern” (que em alemão significa acumular ou armazenar) e “kaufen” (comprar). A palavra vem sendo usada para definir as corridas irracionais ao supermercado causadas por crises – reais ou imaginárias – como a da epidemia do coronavírus.   ORIGEM:  A origem do verbo “hamstern” está ligada ao hábito dos hamsters de acumularem comida extra nas bochechas para momentos em que a fome aperta e não há alimentos disponíveis por perto. QUEM USOU: “À medida que mais e mais casos de Covid-19 estão sendo confirmados nos Estados Unidos (e vai ficando claro que a capacidade do governo federal de informar e proteger adequadamente a população é, na melhor das hipóteses, profundamente falha), especialistas em saúde e epidemiologistas têm enfatizado que o risco individual é bastante baixo se as precauções básicas forem tomadas e as pessoas saudáveis evitarem acumular máscaras e outros recursos essenciais para quem realmente precisa de cuidados. Esse é um conselho racional e ponderado. Infelizmente, o homem não é uma criatura racional. O medo é contagioso: quando vemos os outros se esforçando para se proteger de uma calamidade, por mais improvável que seja o evento, não queremos ser os únicos a ficar indefesos. Os ultra-ricos estão abandonando a primeira classe para voar em jatos particulares, onde pelo menos os germes são mais rarefeitos. Os adeptos do faça-você-mesmo estão misturando álcool gel com babosa para reproduzir os efeitos de um desinfetante caseiro para mãos. Nos últimos dias, ouvi histórias de amigos e amigos de amigos fazendo suas próprias viagens frenéticas ao supermercado, sabendo que esse tipo de mentalidade de bunker é injustificada, tola, provavelmente contraproducente – mas ainda assim voltando para casa com pilhas de espaguete e feijão enlatado. ‘Chamo isso de capitalismo da calamidade’, diz David Slers, proprietário da Doomsday Prep, uma empresa que vende suprimentos e equipamentos de sobrevivência, a Slate, referindo-se à necessidade profundamente humana de aliviar as incertezas comprando e comprando e comprando. Existe, é claro, uma palavra alemã para isso: ‘Hamsterkäufe’, que significa fazer compras como um hamster nervoso e bochechudo”. (Helen Rosner, na revista New Yorker, em 5 de março)   “No final de semana, a hashtag ‘hamsterkaufe’ foi tendência no Twitter na Alemanha, com muitos compartilhando fotos de prateleiras vazias e compradores com carrinhos carregados. O apelo da palavra é óbvio: é muito mais simpático pensar em hamsters bochechudos do que admitir que estamos apavorados empregando termos como ‘compra de pânico’, ‘compra para o apocalipse’ ou ‘estocagem para o bunker’. O problema é que, independentemente dos termos, o estoque pode criar um ciclo vicioso de medo. Zana Busby, especialista em psicologia comportamental, disse ao Metro: ‘Em vez de ficar calmo e avaliar criticamente as informações fornecidas pela mídia e, certamente, pelo sistema nacional de saúde, as pessoas desenvolveram […]

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“Incrível, mas é verdade: ‘Hamsterkäufe’ é a palavra que os alemães estão usando para referir-se às compras motivadas pelo pânico. Essa é a única coisa que aprendi sobre a pandemia do Covid-19 que me fez rir.” (@pharmacopsych no Twitter)  DEFINIÇÃO: “Hamsterkäufe” resulta da combinação dos verbos “hamstern” (que em alemão significa acumular ou armazenar) e “kaufen” (comprar). A palavra vem sendo usada para definir as corridas irracionais ao supermercado causadas por crises – reais ou imaginárias – como a da epidemia do coronavírus.   ORIGEM:  A origem do verbo “hamstern” está ligada ao hábito dos hamsters de acumularem comida extra nas bochechas para momentos em que a fome aperta e não há alimentos disponíveis por perto. QUEM USOU: “À medida que mais e mais casos de Covid-19 estão sendo confirmados nos Estados Unidos (e vai ficando claro que a capacidade do governo federal de informar e proteger adequadamente a população é, na melhor das hipóteses, profundamente falha), especialistas em saúde e epidemiologistas têm enfatizado que o risco individual é bastante baixo se as precauções básicas forem tomadas e as pessoas saudáveis evitarem acumular máscaras e outros recursos essenciais para quem realmente precisa de cuidados. Esse é um conselho racional e ponderado. Infelizmente, o homem não é uma criatura racional. O medo é contagioso: quando vemos os outros se esforçando para se proteger de uma calamidade, por mais improvável que seja o evento, não queremos ser os únicos a ficar indefesos. Os ultra-ricos estão abandonando a primeira classe para voar em jatos particulares, onde pelo menos os germes são mais rarefeitos. Os adeptos do faça-você-mesmo estão misturando álcool gel com babosa para reproduzir os efeitos de um desinfetante caseiro para mãos. Nos últimos dias, ouvi histórias de amigos e amigos de amigos fazendo suas próprias viagens frenéticas ao supermercado, sabendo que esse tipo de mentalidade de bunker é injustificada, tola, provavelmente contraproducente – mas ainda assim voltando para casa com pilhas de espaguete e feijão enlatado. ‘Chamo isso de capitalismo da calamidade’, diz David Slers, proprietário da Doomsday Prep, uma empresa que vende suprimentos e equipamentos de sobrevivência, a Slate, referindo-se à necessidade profundamente humana de aliviar as incertezas comprando e comprando e comprando. Existe, é claro, uma palavra alemã para isso: ‘Hamsterkäufe’, que significa fazer compras como um hamster nervoso e bochechudo”. (Helen Rosner, na revista New Yorker, em 5 de março)   “No final de semana, a hashtag ‘hamsterkaufe’ foi tendência no Twitter na Alemanha, com muitos compartilhando fotos de prateleiras vazias e compradores com carrinhos carregados. O apelo da palavra é óbvio: é muito mais simpático pensar em hamsters bochechudos do que admitir que estamos apavorados empregando termos como ‘compra de pânico’, ‘compra para o apocalipse’ ou ‘estocagem para o bunker’. O problema é que, independentemente dos termos, o estoque pode criar um ciclo vicioso de medo. Zana Busby, especialista em psicologia comportamental, disse ao Metro: ‘Em vez de ficar calmo e avaliar criticamente as informações fornecidas pela mídia e, certamente, pelo sistema nacional de saúde, as pessoas desenvolveram […]

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