Crônica

A banda do curador

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A banda do curador (Foto: arquivo pessoal)

Ser o curador da mostra “Lupi: pode entrar que a casa é tua” foi um imenso desafio e, com certeza, um dos trabalhos mais longos e difíceis que já tive na vida. Mais difícil até que fazer um longa-metragem com pouca grana, ou encarar um show dos Replicantes num bar punk lotado em Sapucaia do Sul. Embora eu já conhecesse e admirasse Lupicínio Rodrigues, tive que ampliar muito esse conhecimento, o que me fez admirá-lo ainda mais. E ainda bem que eu não estava sozinho. Ainda bem que a banda que me acompanhou sabia bem mais que os dois ou três ritmos que eu costumava tocar na bateria.

Lupicínio Rodrigues Filho abriu a porta do seu apartamento aqui em Porto Alegre e me mostrou o seu museu particular, além de me contar muitas histórias do seu pai e da sua família. O jornalista e escritor Marcello Campos, autor do “Almanaque do Lupi”, serviu como um guia na estruturação inicial da exposição. E ele estava sempre pronto pra tirar minhas dúvidas. O Arthur de Faria, além de selecionar as músicas da exposição, também forneceu detalhes da biografia do Lupi e fez o arranjo e a produção da seção “Lupi Reinventado”, que abriga cinco canções do Lupi com interpretações inéditas de cantoras e instrumentistas do primeiro time, capazes de rivalizar com os grandes músicos que acompanhavam o Lupi.

O Cleverton Borges, que eu tive o prazer de conhecer como aluno e agora tenho o prazer ainda maior de chamar de colega, dirigiu os vídeos que reinventam o Lupi com absoluta liberdade. O Edu Saorin, que estava no projeto desde o seu início, planejou a cenografia, teve ideias, desenhou tudo no computador e depois acompanhou a montagem. E a minha banda era mesmo grande: as garotas da 1 Quarto fizeram o mapping, o mestre Marcos Abreu fez a supervisão sonora, a Marina Kerber fez a produção dos objetos, o André Medeiros foi o designer da exposição, a Julia Hauser fez as ilustrações, o Carlos Ferreira criou a história em quadrinhos, a Paola Oliveira liberou os direitos autorias e de imagem, e o Klaus Kellermann criou o rádio que só toca Lupi. O Álvaro RosaCosta fez mais que tocar na banda: ele encarnou o próprio Lupi.

Também participaram o Emerson Witkowski e sua equipe da Adesul, que suaram bastante pra construir tudo, e o André Domingues que jogou aquela sua luz mágica sobre o que o Emerson construiu. O Beto Turquenitch montou o holograma. O Museu do Grêmio e o Departamento da Torcida tricolor me ajudaram a mostrar que Lupicínio Rodrigues e o Grêmio têm uma linda relação. E que essa relação é imortal. O Glauco Figueiredo, do Coletivo Pais Pretos Presentes, acompanhou a montagem da exposição e revisou os textos. Eu aprendi muito com ele, e outros componentes da equipe aprenderam também.

O pessoal da Prana Filmes segurou a onda da produção por mais de três anos para que a mostra acontecesse: a Patrícia Barbieri, o Alexander Desmouceaux, a Carmem Maciel, a Clarissa Virmond, a Tainara Fraga e a Leonice Sordi. E, é claro, a Luciana Tomasi, que toca a Prana Filmes comigo há 10 anos, mas que me ajuda a carregar caixas há mais de 40. Porque, no final das contas, é isso que a gente faz: carrega coisas e ideias de um lado pro outro, tentando trazer diversão e conhecimento para as pessoas. Com o passar do tempo, as caixas parecem ficar mais pesadas, mas é pra isso que a gente faz ioga e ginástica funcional: pra aguentar o peso e seguir em frente. A exposição “Lupi: pode entrar que a casa é tua” é exatamente isso. Um grande esforço coletivo para, através da música de um gênio chamado Lupicínio Rodrigues, chegar com as nossas caixinhas de realidade e fantasia aos corações e mentes dos habitantes do planeta Terra.


Carlos Gerbase é cineasta, professor de cinema na PUCRS, escritor, mítico baterista da banda Os Replicantes. 

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