Aqui na gringa #9
Num dos primeiros dias de aula aqui em Princeton, neste semestre, tive uma experiência estranha. Estava dentro do ônibus, a caminho da universidade – ônibus elétrico, zero barulho, em circuito interno ao campus – e a horas tantas comecei a ficar irritado porque o bicho não saía do lugar. Estávamos numa parada, mas tá, já tinha passado o tempo adequado de esperar. O que era?
Olhei pelo corredor para a frente do veículo e me dei conta: era simplesmente uma faixa de pedestres. Uma faixa de pedestres que não parava de receber novos pedestres. Eles vinham de um lado e de outro, entre duas quadras localizadas no campus. Gente a pé, de bicicleta, de patinete motorizado, de skate motorizado; gente sozinha, gente aos pares; gente, gente, gente.
Eram alunos retornando à rotina das aulas, e era um momento perto do meio-dia. Final de turno, virada de turno – essa gente aqui praticamente não almoça, aliás o pessoal come mal mesmo, mete uma pizza, um hambúrguer, um sanduba, e era isso. Sem tempo. Tudo ao contrário da lógica que no Brasil ainda temos (por quanto tempo?), de dar um tempo para comer, tomar um café, respirar, e depois retomar o serviço.