Bairrista
Eu sempre quis saber como seria isto: estar em um país completamente diferente e então, ali, de repente me encontrar com uma porção de conterrâneos. Desconhecidos, mas familiares. Foi o que me aconteceu esta semana.
Estou em São Paulo, uma terra estranha. Por aqui, todos os restaurantes servem lentilha. E, não contentes com isso, ainda por cima chamam a lentilha de “feijão”. Eles também gostam muito de estragar carnes por aqui. E não estou falando só do uso da grelha, essa invenção medonha. É comum a prática de crimes antes mesmo de levar o boi à brasa, já no corte das peças. O leitor acreditaria se eu dissesse que eles cortam o boi de tal maneira, que não existe um pedaço chamado ripa da chuleta? Pois acredite se quiser: não é possível chegar em um açougue e pedir ripa da chuleta. Até porque eles não sabem nem o que significa “ripa” nem o que significa “chuleta”. Seria necessária uma tentativa de tradução: “chuleta” eu sei que eles chamam de “bisteca”, mas eu não saberia como traduzir “ripa”.
Eu tento me passar por nativo, mas é impossível. Na quarta-feira, o dia foi de muitos deslizes. Já pela manhã pedi cacetinhos na padaria. Depois, no início da tarde, tive um almoço de negócios (sempre quis dizer isso!) e, quando chegou o cara com quem eu ia encontrar, fui logo dizendo que já tinha visto ele parado na sinaleira.