Não — a arte de poder preferir
Foi feito Bartleby tivesse tomado conta de mim, possuindo meu corpo menos como homem e mais como uma ideia. Aquilo ali era diferente, era a literatura falando comigo olhos nos olhos, como uma pedra que se torna ferramenta para uma criatura que precisa sobreviver da caça, da pesca e da forja.
Eu era uma jovem estudante de teatro, havia acabado de ingressar na universidade, havia acabado de chegar na cidade de São Paulo. Todas essas informações se embaralhavam e me confundiam por dentro, onde as saudades e a nostalgia se emaranhavam na excitação de ser jovem e poder aproveitar o futurismo de uma grande metrópole, aproveitar o aprendizado da linguagem, o maravilhamento por estar perto de encenadores, dramaturgos, atrizes e atores que eu conhecia de longe, apenas de ouvir falar ou pelos livros de história do teatro que eu devorava sedenta nos intervalos das aulas na escola ou antes da hora de dormir.
[Continua...]