Crônica

Racismo em imagem

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Racismo em imagem
“Eles querem um preto com arma pra cimaNum clipe na favela, gritando: cocaínaQuerem que nossa pele seja a pele do crimeQue Pantera Negra só seja um filme”Baco Exu do Blues  A animalização de pessoas pretas é histórica. Não é à toa que a escravização foi mantida a partir dessa perspectiva e só se modernizou: mesmo com a tal “abolição”, a liberdade nunca veio. O racismo no Brasil é tão naturalizado que só em 1988, com o centenário da Abolição, é que se tornou crime IMPRESCRITÍVEL e inafiançável. Porém ainda continua sendo considerado um crime perfeito, pois quem denuncia se torna o vilão e quem comete acaba se tornando a vítima. Um pedido de desculpas, uma nota qualquer, um atestado de problemas mentais, ou até mesmo a alegação de que algo foi descontextualizado, e ultimamente o efeito do álcool e de medicamentos. Resumindo, sempre há uma desculpa para não dar em nada, e realmente não dá. A capa da matéria publicada pelo Estadão no dia 26 de novembro é uma afronta, um desrespeito, um crime contra a população negra. Estampar a mão de uma pessoa preta segurando uma arma quando um crime bárbaro é cometido por uma pessoa branca, que carrega símbolos nazistas, caracterizando a supremacia branca e o aumento perigoso de células nazistas pelo Brasil, é mascarar os fatos e manter o pacto narcísico da branquitude, de proteger para não punir seus pares e colocar o negro como um ser descontrolado e violento. O desserviço dos meios de comunicações na luta antirracista está cada vez mais evidenciado. Há uma representatividade abafada para contemplar uma cota, com requintes de crueldade, pois estes ainda usam os grilhões e as mordaças de um sistema que insiste em dizer que quer dar voz quando, na realidade, precisa escutar e aprender. Márcio Chagas é ex-árbitro de futebol, ativista antirracismo, professor de Educação Física, pai do Miguel e da Joana.

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