A vida reinventada por Lia Menna Barreto
Este texto pretende oferecer um elogio – comovido, sincero – ao Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, o Margs, em Porto Alegre, e outro à exposição que a casa apresenta em suas pinacotecas: a individual A boneca sou eu, com trabalhos de Lia Menna Barreto. Começo me declarando em dupla suspeição. Sou integrante do comitê curatorial do museu desde o início da atual gestão, em 2019; a tarefa, voluntária e mais ou menos pontual, ajuda a definir o programa conceitual da instituição. Acompanho a obra e a trajetória de Lia há pelo menos três décadas – e sempre com vivo entusiasmo. Não percebo nela uma artista de altos e baixos, de produção irregular; em princípio, tudo me agrada.
O palacete neoclássico da Praça da Alfândega vem costurando uma agenda coerente e clara, com aquilo que se espera de um bom museu: atenção ao acervo (levando em conta os mais recentes debates historiográficos da arte), atenção a jovens artistas (como Bruno Barreto, ora no segundo andar do prédio), atenção a nomes consolidados (mas que ainda não haviam alcançado uma individual de maior fôlego, que recomponha seu percurso ao longo do tempo). Esse é justamente o caso da mostra dedicada à Lia Menna Barreto.
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