PachamamÁfrica: os tamboReS negRoS na Améfrica do século 21

A ocupação europeia do extremo sul do Brasil ocorreu na primeira metade do século 18, a partir da frota de João de Magalhães, que desce desde Laguna para estabelecer um posto avançado de ocupação em São José do Norte, tendo o ano de 1725 como base desse processo. Mais ao final desse século, mas sobretudo ao longo do século 19, Rio Grande foi o porto de entrada em que mais desembarcaram negros no extremo sul do Brasil em função das charqueadas localizadas em Pelotas. Essa região, portanto, guarda memórias negras vivas como o Batuque de Nação, herança iorubá entranhada em Rio Grande e espalhada pelo estado, ou, ainda, o tambor sopapo, registrado por Nei Lopes no “Novo Dicionário Banto do Brasil” como de provável origem banto. Tratam-se, sem dúvida, de musicalidades quilombolas vivas no século 21 no estado do Rio Grande do Sul.
Do mesmo modo, a região da península onde se localizam Tavares e Mostardas, recebeu negros escravizados para o trabalho agropastoril durante a segunda metade do século 18 e também durante o século 19. A presença do Ensaio de Pagamento de Promessa de Quicumbi ainda hoje, no século 21, na península, assim como o Maçambique, em Osório, já no litoral norte, atesta a presença da herança banto em rituais afro católicos denominados genericamente de congadas em diferentes partes do Brasil.