Ensaio

Quando Pinóquio aderiu ao fascismo II

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Quando Pinóquio aderiu ao fascismo II

LIVRO 2 

Pinóquio entre os balilla. Novas estripulias do célebre boneco e sua conversão. 

[Pinocchio fra i balilla. Nuove monellerie del celebre burattino e suo ravvedimento.] 

Assim como em Avventure e spedizioni punitive di Pinocchio fascista, a trama de Pinóquio fra i balilla. Nuove monellerie del celebre burattino e suo ravvedimento, de Cirillo Schizzo, se desenvolve nos anos iniciais do fascismo. O ano de publicação é 1927, ou seja, apenas cinco anos a separam da ascensão de Benito Mussolini ao poder. Um ano antes o governo fascista instaurara o projeto de fascistização da juventude italiana denominado Opera Nazionale Balilla, programa voltado às crianças e jovens italianos com ênfase no esporte, mas que trazia também um forte elemento paramilitar, com uniformes, paradas e comícios, exibições de ginástica e muita propaganda para alimentar a lealdade e o orgulho pela nação e pelo partido liderado por Mussolini.  

A institucionalização da ideologia fascista através da tomada das máquinas do Estado, sobretudo a educativa, encaminhou para a legitimação do regime e de suas ações. Mussolini foi hábil ao convocar a juventude italiana a fim de torná-la a base de seu movimento. Os jovens rapazes fascistas viam a si próprios como representantes de uma cruzada épica em favor da reconstrução do país. A ressignificação do sentido de liberdade a partir da noção de “pátria” foi constantemente evocado para fortalecer a nação. O fascismo apontava para a criação de um homem novo e desde muito cedo as crianças iniciavam sua formação galgando os diferentes níveis de doutrinamento. Aos quatro anos já eram denominados “filhos ou filhas da loba”, numa alusão ao passado glorioso de Roma. O programa Opera Nazionale Balilla compreendia vários níveis, como o Balilla (para meninos de oito a quinze anos), o Avanguardie (de quinze a dezoito) e o Piccole Italiane (para meninas). 

Pinocchio fra i balilla tem início com as estripulias que mantém o boneco longe da escola e da disciplina fascista. A empolgação e o orgulho de um amigo participante do programa Opera Nazionale Balilla levam Pinóquio a refletir sobre a possibilidade de se tornar ele também um jovem adepto ao regime. A distribuição de chocolate e o acesso gratuito ao cinema estão entre os recursos utilizados pelo companheiro para o convencimento de Pinóquio. A imagem da capa demonstra o orgulho que o boneco sente por ter ele também se transformado em um Balilla. 

Pinóquio entre os balilla  Novas estripulias do célebre boneco e sua conversão 

Texto e ilustrações de Cirillo Schizzo (Gino Schiatti) / Florença, Editora Nerbini, 1927, 24 páginas 

CAPÍTULO I. 

“As cabeças ocas sempre fazem barulho…” 

 Assim escreveu Giuseppe Giusti no seu célebre “Rei medíocre” e, vale dizer, Pinóquio que, sabemos muito bem, tinha a cabeça oca, não desmentia esta profunda máxima; ele fazia um alvoroço tal que mal era suportado com amorosa e evangélica resignação por seu bondoso pai Mestre Gepeto, sendo considerado insuportável pelos estranhos.  

 Aquele boneco bagunceiro acordava toda manhã com uma ideia nova capaz de virar de cabeça para baixo a vizinhança e desesperar os pobres coitados de carne e osso que viviam nos arredores. 

 Claro! Porque ele era de madeira, mas os outros não; e, na verdade, para resistir as suas estripulias, melhor seria se fosse feito de aço. 

 O bom Gepeto se enternecia e todo dia era obrigado a consumir um pote de cola para consertar as numerosas rachaduras que o travesso produzia em várias articulações e juntas de seu corpinho de madeira. 

 Na escola então era um desastre. O professor não queria nem mesmo que ele participasse das aulas e nem o considerava digno de fazer parte dos Balilla, entre os quais estava até mesmo aquele outro péssimo exemplo de amigo, o Succianespole, que, pelo menos, deu prova de querer corrigir seus horrorosos defeitos. Mas Pinóquio ficava cada vez pior. Aliás: quando via os Balilla quase se compadecia deles que, ao invés de gozar da liberdade de fazer o diabo a quatro como ele se permitia, eram obrigados a desfilar de três em três e a fazer aqueles enjoados exercícios físicos que não podiam ser piores. 


Ele pensava que não tinha a menor necessidade daqueles exercícios! 

 – Até porque – dizia – meus músculos não se desenvolvem e nem posso me tornar flexível: sou feito de sólida madeira de pinho! 

 Todos aqueles movimentos desgastam minhas juntas e à noite as ouço ranger e sou obrigado a besuntar as pernas com óleo ou com graxa. 

 E convencidíssimo da dignidade destas suas bonequeiras opiniões ficava todo o dia a vadiar pelo bairro disseminando terror por todo lado. 

 Em certa manhã de domingo havia muita gente na praça para a Feira anual. 

 Pinóquio, circulando entre as bancas dos numerosos vendedores viu, de repente, seu velho amigo Lucignolo, que, para acertar as contas com um velho tio, se vira obrigado a trabalhar como vendedor ambulante de curativos para calos e loções para cabelo e barba.  

– Como vai? 

– Mal, caro Pinóquio; não consigo vender minhas mercadorias. Neste seu bendito vilarejo ninguém, pelo jeito, sofre de calosidade nos pés nem de calvície? 

– Não sei mesmo o que lhe dizer. Eu, com certeza, não tenho calos nos pés; como pode ver, sou de madeira… Os cabelos não me caem porque… são pintados com verniz de sapatos… 

O que fazer para chamar a atenção para minhas mercadorias?… 

– Tenho uma ideia! Dê-me um frasco de teu elixir para calvície e uma caixinha dos curativos para calos… 

– Tome. Mas o que você vai fazer? 

 Já verá. Não me chamo mais Pinóquio se daqui a um quarto de hora todos os moradores daqui, e ainda aqueles de fora, não tomarem conta de seu… negócio. 

– Mas como? Para estragar tudo? 

– Não, não! Para comprar… para comprar! 


Resumindo, para ser breve, sabem o que estava arquitetando aquele demônio de madeira? Meteu-se no meio da multidão e começou a pisar com força em todos os pés que encontrava… pela frente. 

 Imaginem as lamentações e os xingamentos das pobres vítimas! Pinóquio enquanto isso gritava: 

– Ali, naquela banca, encontrarão um remédio para os calos… Ali! 

 A multidão se dirigiu para a banca, mas com outra intenção, não aquela desejada pelo pobre Lucignolo, o qual viu serem lançadas aos céus todas suas coisas e precisou escapar a passos largos a fim de evitar o contato com aqueles pés… martirizados pelas duras plataformas de Pinóquio. 

 Mas o boneco não havia se dado conta de nada e continuava empreendendo sua improvisada campanha de publicidade. 

 Chegando ao final da praça parou de pisar os calos alheios e se meteu a correr como uma lebre gritando com toda a força de seus pulmões: 

– Prendam-na! Prendam-na!… 

 As pessoas começaram a parar e olhar curiosas; depois, impressionadas com o grito desesperado, tocaram a correr atrás do boneco que zanzava de uma rua a outra repetindo sempre o grito angustiado: 

– Prendam-na! Prendam-na! 

 E corria, corria, como se seguisse alguém; e as pessoas a saltitar atrás curiosas e impressionadas acreditando se tratasse de seguir quem sabe qual delinquente de saias. E todos olhavam em volta tentando descobrir a criatura em fuga que Pinóquio queria que fosse presa. 

 A longa fila de curiosos crescia sem parar. E causava um efeito extraordinário ver aquela gente toda suada, empoeirada, de língua de fora e botando o coração pela boca, que se empurrava, se batia, caia por terra, perdia o chapéu, ansiando por se colocar entre os primeiros para assistir ao sensacional aprisionamento. 

– Prendam-na! Prendam-na! 

 As pessoas no caminho paravam, olhavam para lá e para cá para tentar entender o que estava acontecendo e então, após qualquer instante de hesitação, metiam-se atrás da já numerosa procissão de corredores improvisados. 

  O vilarejo foi revirado, assim, todo, de cima a baixo. 

 Finalmente eis que chegam os guardas. Pinóquio entendeu que era hora de encerrar a função e se deteve bruscamente no meio da praça dizendo mais uma vez: 

– Prendam-na! Quer dizer: vocês querem prendê-la, sim ou não?… 

– Mas quem?… Mas quem?… – se ouvia da multidão que se colocara em círculo. 

– A queda de cabelo, que diabo, com este elix… 

– Pum! Bam! Plaft! Buff!  

 Pinóquio queria ter dito elixir, mas o… xir ficou preso na garganta em razão da imprevista chuva de golpes de todo tipo que recebeu em cada centímetro quadrado de seu corpo. O bom é que ao menos ele era de madeira! 

– Mas é o cúmulo! – comentava o farmacêutico enquanto embrulhava umas pílulas e conversava com as autoridades locais – brincar assim com todo o vilarejo! E pensar que também eu fiz meio quilômetro de corrida atrás daquele endiabrado pensando sabe-se lá em que fato excepcional!… 

 Pinóquio, no seu canto, embora um pouco irritado com o insucesso de sua atividade propagandista, ainda assim se divertia muito pensando que havia forçado uma centena de pessoas a correr uma Maratona, e ria disfarçado, disfarçado, o finório. 

  Mas por prudência permaneceu um dia inteiro fechado em casa. 


CAPÍTULO II. 

Succianespole havia contado a Pinóquio muitas de coisas bonitas sobre os Balilla e sobre como havia mudado desde que se integrara ao grupo, mas o boneco não se deixava atrair por aquela ladainha. 

Você se sente melhor? E você está entre os Balilla. Eu sequer penso nisso. E tem mais, sem querer ofender, Balilla não era um garoto craque em atirar pedras?… Bem, eu também posso te demonstrar como sei ser um Balilla mesmo sem vestir a camisa negra… 

Olha. 

– Pum! 

– Você viu? 

O traquina havia pegado um pedregulho e o jogado contra a vidraça da mercearia. E depois, como quem não deve nada, escapuliu. 

Succianespole decidiu contar aos seus companheiros sobre a ideia equivocada e o ato de vandalismo do boneco propondo que juntos lhe dessem uma saudável lição. 

Enquanto isso, o pobre Gepeto foi obrigado a pagar a vidraça quebrada, o que o fez chorar de desânimo. 

No dia seguinte ao fato, Pinóquio passeava pela rua principal do vilarejo arquitetando um de seus projetos sem juízo para se divertir às custas dos outros. 

O dia estava chuvoso. De repente Pinóquio para numa esquina de uma ruela: tivera uma ideia! Curva-se até o chão e finge estar procurando qualquer coisa; e procurando aqui e ali se queixa e reclama choramingando. 

Alguém para e observa. 

– O que você perdeu, Pinóquio? 

– Um anel… 

– Puxa vida! Era seu? 

– Não; de meu pai! 

E ficou ali a procurar, procurar. Começa a se formar um pouco de ajuntamento. 

Alguns ajudavam o boneco em sua procura. Pinóquio concentra mais que todos a sua atenção em um ponto onde havia uma boca de lobo. O bando de gente aumenta, os comentários se embaralham, Pinóquio continua a se lamentar: 

– Ai! Ai! Perdi o anel de meu pai… 

Mas onde caiu? 

– Tenho receio que tenha entrado pela boca de lobo… 

– De fato pode ter ocorrido. Espere um pouco; vamos ver! 

Alguém se curva até a boca de lobo, olha, remexe um pouco com a ponta do guarda-chuva. 

– Droga! Daqui não se vê nada! 

– Seria precisa abrir o bueiro acima na calçada. 

– Isso! É barbada! 

– Ai ! Ai! Pobre de mim, perdi o anel! 

Alguém se comove, se curva sobre o bueiro e após várias manobras e reiterados esforços consegue abrir a pequena tampa. 

Cinco, dez rostos se inclinam, se esmagam a fim de olhar para dentro do esgoto. 

Não se vê rastro do anel. 

– É preciso remexer o lodo. 

– Bravo! E quem vai emporcalhar a mão e o braço naquele mingau? 

– Ai! O meu anel… Ai! 

– Ora! Não vou morrer por enlamear um pouco as mãos. Vou tentar. 

Assim dizendo, Gustavo, o caolho, arremanga a camisa e mergulha o braço no bueiro, revirando o lodo por um par de minutos. Ao fim disso, retira o braço enlameado de causar repugnância e sem dar-se conta toca no rosto e em outras partes emporcalhandose como um pato no pântano e depois sacode a mão respingando lama para cima de muitos dos presentes. 

– Não consigo encontrá-lo. Mas me diga Pinóquio: era de grande valor este anel que você perdeu? 

– Oh, não! De grande valor não. 

– Mas era de ouro? 

– Não…não. 

– De prata? 

– Não. 

– De platina? 

– Tampouco. 

– Do que era feito então? 

– Era de… borracha!… 

– Quê?! De borracha?! 

– Sim… um anel de borracha… para prender o guarda-chuva!… 

– Filho d… 

– Bandido! Farsante cruel! 

Pinóquio imediatamente abriu caminho e quando a multidão se recobrou da surpresa, ele já corria a toda velocidade na direção de casa. 

– Como ele nos enganou a todos! 

– Maldito delinquente! Ele pagará! 

E a pequena multidão se dissolveu debaixo de ferozes comentários sobre a patifaria do incorrigível boneco de madeira. 


CAPÍTULO III 

 Pinóquio tropeçava entre as pessoas, correndo ainda em velocidade recorde pelas ruas do vilarejo tentando alcançar o mais rápido possível a porta de sua casinhola que ficava nos limites núcleo habitado. 

 A caminho encontrou Gaetano, o guarda florestal, que conduzia com uma guia um grande cão mastim. 

Assim que Gaetano viu aquele pirralho de madeira fugindo daquele modo pensou imediatamente que ele devia ter feita alguma das suas e procurou interromper seu caminho. 

 Pinóquio se deu conta da manobra, esboçou fazer uma bela trampolinice, mas o guarda florestal foi direto pegá-lo pelo nariz como sempre o fazia. 

 Porque aquele nariz é…. o tendão de Aquiles de Pinóquio, que, às vezes de um jeito, às vezes de outro, acaba ferrado por causa daquela maldita protuberância que brotando bem no meio de seu rosto, se engancha em qualquer coisa. 

  O quê fazer? Afinal aquele nariz é assim!! 

 Talvez, este destino de ser sempre pego pelo nariz, leva o famigerado boneco a fazer o mesmo aos outros, numa retaliação que julga mais que legítima. 

Em suma, voltando ao fato, o guarda florestal lhe havia prendido pelo nariz e estava lhe passando uma carraspana, com um vozeirão forte, tão forte que até parecia o de um urso. 

 Pinóquio, estando curvado, viu a guia do cão e, iluminado por uma nova ideia que lhe veio à mente, enrolou a corda no pé de uma mesinha que estava do lado de fora da loja de panelas de Cencio, e que estava ali, exatamente ao alcance de sua mão. 

  Gaetano disse: – Delinquente! Você quer matar seu pai?… Você quer que eu o leve preso?… 

– Mas eu não fiz nada… 

– De bom não; eu bem imagino! 

– Eu estava correndo para treinar: amanhã vou participar de uma competição… 

– Mentiroso! Atrevido! Não tem vergonha na cara? 

– Vergonha na cara? Mas eu tenho…. vergonha eu tenho! Também a…. cara eu tenho; então… eu tenho vergonha na cara! 

– Mas olha como ele sabe ser engraçado! Você não se dá conta do quanto é estúpido? 

 – Eu, na verdade não! Talvez você sim…. Ai! Ui! Não se envergonha de maltratar a infância abandonada! 

– Chega! Venha, saia do meio de minhas pernas! 

 Pinóquio nem precisou ouvir duas vezes e, passando rapidamente entre as pernas abertas de Gaetano, retomou a corrida. 

 E querendo ter sempre a última palavra, voltou-se para o guarda florestal e gritou com ar de zombaria: 

– Saco sem fundo! Cara de gamela! Bigode espinhoso! 

 Estes… apelidos eram popularmente usados para referir Gaetano, os quais ofendiam o pobre homem em modo extraordinário. 

  As pessoas que assistiam a cena começaram a gargalhar. 

 Imaginem Gaetano! Ficou vermelho como um pimentão e depois de ter disparado raios de indignação feroz das pupilas iluminadas pela raiva, lançou um horrível xingamento e ordenou ao cão apontando para o boneco que escapava: 

– Pegue-o, Burrasca, pegue-o! 

 O mastim se lançou rosnando à perseguição, mas não havia concluído dois saltos e se ouviu um enorme rumor de coisas quebradas e se viu a pequena mesa de Cencio sendo arrastada pela calçada pelo pobre cão que estava preso pela guia ao pé da mesa. 

 Foi uma verdadeira quebradeira de panelas, bacias e potes de terracota, e por pouco o pobre Cencio não desmaiou pela dor de assistir ao enorme estrago imposto a suas mercadorias. 

 O cão, apavorado com o barulho e irritado com a mesa que balançava atrás de si, ficou furioso e começou a morder os que estavam ao seu redor, não poupando nem mesmo o seu dono. 

 Em suma, um verdadeiro fim de mundo; e Pinóquio, o herói da tragédia, corria mais que podia, tentando arranjar um bom modo de se livrar daquela confusão.  

Mas o cão não pretendia abandonar a empreitada e de repente a guia arrebentou e Burrasca se lançou a perseguir o boneco fujão. 

 As pessoas que não tinham visto o início da cena julgaram que o cão do guarda florestal havia contraído raiva e muitas mulheres começaram a gritar e a chamar suas crianças para que se escondessem dentro de casa. 

  Os gritos alcançaram a prefeitura, de onde saiu imediatamente a carrocinha de cães. 

 Pietrone – assim se chamava o funcionário público que cumpria as funções de jardineiro, gari e recolhedor de cães – conduziu seu veículo até o local da confusão. Perto da esquina ouviu uma forte gritaria e distinguiu, entre o rumor geral, o latido amedrontador do suposto cão raivoso. 

 O diligente… funcionário público se deteve antes da esquina brandindo ameaçadoramente o seu infalível laço, e esperou a passagem da perigosa besta. 

 Passados poucos segundos, Pietrone ouviu o rumor se avizinhando e teve certeza de que o cão estava prestes a virar a esquina. Uma sombra surgiu na calçada, Pietrone armou o laço e… tchac! a besta fora apanhada! 

  Mas a tal besta não era outro senão o infeliz Pinóquio! 

 Pietrone foi muito precipitado e o boneco, que estava à frente do cão, foi pego pelo pescoço pelo laço inexorável destinado a Burrasca, o qual, assim que viu Pietrone, que havia aprendido a reconhecer e a temer como perigosíssimo inimigo, fez uma rápida inversão de marcha e com o rabo entre as pernas retornou rapidamente à… base de operações!! 

 Pinóquio enquanto isso esperneava desesperadamente pendurado ao laço que Pietrone mantinha alçado no ar, olhando surpreso e contrariado para aquele estranho cão com aquele nariz comprido. 

 – Que raça de cão é esta? 

  E as pessoas todas riam. 

É Pinóquio! Ele destruiu as panelas do pobre Cencio… 

– Vai! Coloque-o na carrocinha! 

– Ai! Ui!… Eu morro!! 

– Seu pedaço de madeira pregada, já, já vou mandar você fazer companhia aos cães vadios. 

 E Pietrone balançava no ar o seu troféu… vivo promovendo a crescente diversão do público. 

 – Estou sufocando! 

 Pietrone abriu a carrocinha, atirou lá dentro o apavorado Pinóquio e se foi rápido seguido por uma fila de gente que não parava mais de rir e gracejar. 

 Chegando à prefeitura, Pietrone parou a carrocinha, a abriu, pegou pelo providencial nariz o seu extraordinário… cão e o arremessou sobre o chão de palha do canil público onde eram depositados os cães vadios. 

 Já estavam ali dois… inquilinos que acolheram o novo integrante com latidos e mordidas que fizeram berrar de pavor o desafortunado boneco. 

  Uma grande multidão se reuniu defronte ao portão rindo e comentando em alta voz. 

 Então chegou o pobre Mestre Gepeto, o qual, abrindo caminho, arrancou Pinóquio das garras dos cães, e lhe disse com voz lamurienta: 

– Bandido! Patife! O que você fez desta vez? 

– Nada! Pietrone me tomou por um cão e me colocou na carrocinha… 

– Pobre de mim! Pobre de mim! – suspirava o bom velhinho – por que você quer me ver morto? 

  Naquele momento surgiu Succianespole com os outros Balilla e disse ao boneco: 

– Pinóquio, é hora de você parar com essas suas safadezas; venha conosco, o professor já nos pediu muitas vezes que o conduzíssemos até ele. 

– Mas eu não quero ser um Balilla. 

Você quer virar um bandido! Eis o que você quer!… choramingava Gepeto. 

– Venha conosco Pinóquio e você ficará bem. Lembra como eu era também um indisciplinado? Agora, pode acreditar, me sinto outro… Venha ao ginásio… Hoje é o dia da distribuição de chocolate. 

 A ideia do chocolate seduziu Pinóquio, que se decidiu a seguir os pequenos Balilla que então o pegaram pelo e o levaram cantando: 

– Juventude! Juventude! 

  Enquanto isso Gepeto olhava a cena da soleira da porta de sua oficina suspirando de alívio e enchendo o velho coração de esperança. 


CAPÍTULO IV. 

 Assim que o pequeno pelotão alcançou o ginásio, Succianespole correu até o professor e lhe disse: 

– Senhor professor, nós lhe trouxemos Pinóquio, ele também quer ser um de nós. 

– Muito bem – disse o professor. – Como recompensa lhe darei o distintivo para que você costure na camisa negra e lhe darei um quepe novo. 

– Obrigado – respondeu Pinóquio. – E me dará também o chocolate? 

– Mas como? Então quer dizer que sua gula é mais forte que seu sentimento?… 

– Succianespole me disse que hoje dariam chocolate… 

– Está bem. Mas não deve ser o seu apetite a mantê-lo entre nós; mas a disposição e boa vontade para se transformar em um bom menino, o desejo de aprender coisas boas e belas, a satisfação por vestir a gloriosa camisa negra e o orgulho de se sentir desde já um pequeno soldado de nossa Grande Pátria, de nosso Rei, de nosso amado Duce! 

– Viva! – gritaram os Balilla. 

– Viva o quê – pensava Pinóquio – eu não entendo todo esse palavrório… 

Bem, Pinóquio, agora que você também é um Balilla, não esqueça que deve desistir de uma vez por todas de suas estripulias… Nada de barulho pelas ruas… 

– Como?! Nada de barulho? Mas o senhor quer fazer… barulho! ******* 

– Aqui você terá bastante tempo para se dedicar ao lazer com seus colegas, depois das lições… 

– É preciso também estudar?… 

– Ora que diabos!… Depois da ginástica… 

– Também! 

– Os exercícios… 

– Mas de chocolate, então, não fala mais nada?… 

– Meu caro, é preciso ser merecedor. E não esqueça que deve ser disciplinadíssimo se não quer receber uma boa punição… 

– Ouça: este não é um negócio que sirva para mim. Saudações!… 

 Assim dizendo, aquele patife fez uma pirueta e esgueirando-se entre os Balilla surpresos, atravessou a porta do ginásio e se foi, batendo pernas. 

  Os Balilla, guiados por Succianespole, seguiram atrás dele. 

 Pinóquio alcançou o riacho, mas tropeçou e caiu ao saltar, indo bater o famosíssimo nariz na tela de um quadro que um artista estava ali pintando. Ali perto estava um asno pastando. 

 O artista estava exatamente retratando aquele burrico quando viu aparecer no ponto preciso em que pintava a cabeça do animal, primeiro o nariz e depois o rosto inteiro de Pinóquio, que, pela colisão, havia atravessado a tela, ficando nela preso. 

 Assim, agora o que se via representado no quadro era um asno com a cabeça de Pinóquio, dando a impressão que o boneco tivesse sido transformado em um… centauro… burro! 

 Succianespole e os outros Balilla alcançaram correndo o local, e vendo a estranha situação, aproveitaram-na para infligir no incorrigível malandro uma saudável lição. 

Assim, enquanto Pinóquio se contorcia como um endemoniado para soltar o coco daquela arapuca, prenderam atrás do quadro um cartaz que dizia assim:  

Este é Pinóquio Rei dos burros, 

posto na berlinda como punição  por

suas estripulias.  

A zombaria é livre! 

Imaginem o tumulto que se instalou por uma boa meia hora defronte o condenado à berlinda! Risos, piadas, impropérios, assovios, gracejos e zombarias de todo gênero mortificaram o rebelde boneco, que ao final, não aguentando mais, começou a chorar sem parar e a pedir clemência a Succianespole com voz suplicante e com movimentos desesperados de seu triste nariz. 

– Piedade! Chega!… Prometo a vocês que mudarei de vida, que me transformarei num boneco comportado… 

– Atenção, se o que você está dizendo não for verdade, transformaremos seu corpo em um monte de palitos de fósforo… 

– Estou dizendo a verdade…  

– …Ou se não te agrada a ideia dos palitos de fósforo podemos reduzir seu corpo a palitos de dente… 

– Tirem-me deste tormento e podem me considerar desde já um Balilla como vocês todos… 

– Bem – disse Succianespole aos companheiros – o que fazemos? 

– Vamos acreditar na sua palavra… 

– Se faltar à promessa faremos com que se arrependa… 

– Então fica decidida sua liberação desde que você faça parte dos Balilla e encare seriamente suas resoluções de conversão. 

– Sim! Sim! Sim!… 

E assim o livraram da incômoda posição e Pinóquio foi conduzido até o professor para sua inscrição definitiva nos Balilla. 

Enquanto isso, Cencio, o dono da loja de panelas, e o pintor do burrico se dirigiam até mestre Gepeto para pedir a restituição dos danos causados pelas estripulias de Pinóquio. 

O bom Gepeto pagou com lágrimas nos olhos, mas, como veremos em seguida, foram as últimas moedas gastas de seu honesto ganho por culpa do boneco. 

E isso foi por mérito dos Balilla e de seu instrutor. 


CAPÍTULO V. 

 Finalmente Pinóquio pode vestir a ambicionada camisa negra e usar o característico quepe com a borla pendurada. Virou para cá, para lá, mirou-se uma vez, duas, e enfim saiu ao som de exclamações de admiração e recomendações de mestre Gepeto. 

 Assim que alcançou a rua recebeu uma infinidade de saudações: viva! bravo! diziam os vizinhos, enquanto olhavam maravilhados o boneco agora tão diferente daquele infame que conheciam no passado. 

 Mas estava ali também aquele mau-elemento, o Barrabás (assim chamado por sua semelhança…. moral com o famoso assassino que foi salvo da cruz pelo sacrifício de Nosso Senhor), querendo provocar seu ex-companheiro de patifaria, que agora queria ser um menino comportado: 

– Ei! Pinóquio! Perdeu o juízo?… 

– Não; ao contrário: o achei! 

– Com aquele uniforme preto, me desculpe, mas você parece um vendedor de carvão… 

– Você quer, pelo jeito, conhecer a carvoaria? 

– Imagine! Que pretensioso! Quem diria, com essa cara de… pau! 

– A sua cara é de… pedra! 

– Por quê?  O que você quer dizer?… 

– Porque é uma… caradura! 

– Oh! Que espirituoso! E dizer que até poucos dias atrás você pintava o caneco comigo… 

– É verdade. Mas agora faço isso com somente três cores, as cores da minha Pátria: verde, branco e vermelho. 

– Minha mãe, que belas palavras!… 

– Devo lhe avisar que posso também realizar… ações concretas! 

  Barrabás se acalmou um pouco e se pôs a seguir o boneco até o ginásio. 

 A certa altura encontraram Guercio66, que também queria fazer uma das suas; e então Barrabás, que neste meio tempo seguira murmurando em surdina, retomou força e se uniu a Guercio para atazanar o nosso Pinóquio. 

  O boneco já estava irritado e gostaria de voltar a ser de novo o Pinóquio de antes para poder responder na mesma moeda àqueles incorrigíveis. 

 Chegaram perto do ginásio. Succianespole estava jogando bola no jardim com os outros Balilla. 

  Pinóquio se dirigiu aos dois provocadores e lhes disse: 

– Ouçam-me: como o que sinto neste momento é vergonha e desgosto por ter sido companheiro de vocês, eu lhes asseguro que se não se afastarem de mim, os faço ver qual é meu novo uniforme; acho que me fiz claro. 

– Você se fez claríssimo! Seguramente parece claro como… cristal! 

– Vamos embora, Barrabás – disse Guercio – venha, não meta o nariz onde não é chamado, olha que ele vai se irritar!… 

– Irritar alguém por meter meu nariz?!… Só se fosse por meter aquele pedacinho de nariz ali! 

– Ha! Ha! Ha! Bem, estamos indo. Adeus, varapau… 

– Saudações, novo exemplo de virtude! Pode nos mostrar se você fica bonitinho fazendo a saudação à romana? 

– Com prazer – retrucou Pinóquio – mas esperem, antes quero que vejam a saudação… à florentina! 

 E ao invés de erguer a mão, o boneco ergue… o pé, e meteu chutes tremendos no traseiro dos dois zombeteiros, os quais, em razão do duro… contato, pensaram que era melhor… deixar para lá e se meteram a correr, enquanto os Balilla se acercavam capitaneados por Succianespole. 

– Bravo, Pinóquio! 

– Vamos! Vamos! 

– Viva Pinóquio Balilla!… 

– Viva o Fascismo! 

– Viva a Itália! 

– Viva a escola! Viva o professor!… 

– Vivaaaa!… 

 Em suma, foi uma verdadeira demonstração de simpatia e de patriotismo e quando o professor, que com todo aquele rumor havia saído do ginásio, se juntou aos Balilla, todos o cercaram com grande entusiasmo e afeto. 

 O professor agitou uma bandeirinha tricolor. Pinóquio então a pegou, pôs-se à frente do grupo, aproximando-se da porta do ginásio. 

Todos começaram a cantar: 

Abaixo Barrabás 

Rei dos assassinos 

Viva Pinóquio  

Rei das marionetes 

Crianças da Itália 

A trombeta lhes chama… 

E até Pinóquio  

Se veste de Balilla… 


CAPÍTULO VI. 

 Após as aulas os Balilla pegaram suas pastas e se dirigiram ao ginásio onde teria início a reunião daquele dia. 

 Pinóquio entrou entre os primeiros e quando entrou o professor lançando uma reverência ao Duce que provocou aplausos generalizados, ele também se pôs a bater com força as mãos… de madeira que parecia que fosse alguém a tocar… castanholas! Esclarecido rapidamente o equívoco, passaram definitivamente a fazer algum treinamento. 

  O professor, quando os viu alinhados todos defronte a si, ordenou: 

  – Sentido! 

 Pinóquio se pôs em uma posição contraída, e sendo ele de madeira, podem imaginar que sua contração não fosse somente aparente. 

  O professor deu um outro comando: 

– Direita volver! 

 Todos viraram na direção indicada e Pinóquio bateu com o nariz na cara do seu companheiro que estava à direita. 

– Ai! Ai!… 

– O que está acontecendo aí?… 

– Pinóquio quase me furou um olho com seu nariz… 

– Não fiz de propósito!… 

– Quietos! Silêncio! Por dois! 

– Um! 

– Dois! 

– Um! 

– Dois! 

– Quatro! 

– Mas o que é isso Pinóquio? 

– Não é para contar por dois? Dois, quatro, seis… 

– Fique quieto, bobão! Você é o um! 

– Mas não seria… por dois? 

– Cabeça oca! Você é o número um; entendeu agora? 

– Sim senhor. 

– Então: Sentido! Por quatro! 

 Todos cumprem o movimento menos, podem imaginar, Pinóquio, que não sabe para que lado se mover. 

  O professor alça os olhos aos céus: 

– Sentido! Meia volta volver! 

 Desta vez Pinóquio entende e gira, mas com aquele bendito nariz leva por diante o quepe de Succianespole. 

– Que droga este cabide! 

 E de fato o nariz de Pinóquio, com o quepe de borla pendurado, parecia mesmo um cabide. 

Tal visão fez com que todos os Balilla se pusessem a rir. 

  Até o professor riu um pouco por atrás dos bigodes, depois disse: 

– Por hoje basta. Peguem suas pastas, retomem a fila. 

 Quando estavam todos novamente alinhados fez com que se movessem na direção da saída da escola e assim que alcançaram o saguão ordenou: 

– Alto! 

  Todos pararam. 

– Romper linha! 

  Pinóquio pegou seu quepe e arrebentou a linha que prendia a borla. 

– O que você fez, seu idiota? 

– Não era para romper a linha?… 

  Tal resposta desencadeou gargalhadas clamorosas de todos. 

 – Pinóquio ficou meio desconcertado, mas o professor o pegou por uma mão e levando-o para fora lhe disse: 

– Pinóquio, agora você está demonstrando que se transformou em um menino comportado; mas isso não basta: você precisa ser também mais atento. Se não, seus companheiros vão sempre pegá-lo pelo nariz. 

– Pois é, é muito comprido este espeto! 

– Em contrapartida seu cérebro é curto… Mas você verá que nós vamos puxar por ele. Agora vai. 

 Pinóquio fez a saudação romana e seguiu correndo para casa, para contar ao pai as proezas daquele primeiro dia de… serviço! 


CAPÍTULO VII. 

 Atingido em seu amor-próprio, Pinóquio se pôs a estudar com grande afinco e não passou muito tempo para que fosse capaz de responder a todas as perguntas do professor sem cometer erros e sem provocar a gargalhada dos colegas. 

Os bons ensinamentos moralizantes do professor, que fazia o máximo para falar continuamente e pacientemente ao coração e à mente de seus pequenos soldadinhos, tinham exercido nele uma saudável transformação moral, fazendo com que se tornasse, então, um menino educado e bom de despertar até a inveja dos melhores. Gepeto chorava de emoção sobre as aparas de couro e dentro da panelinha de cola, toda a vizinhança falava de Pinóquio como de um milagre. 

 Pinóquio, contudo, tinha um pensamento que o assaltava. Acreditava que devia a Succianespole a sua transformação, e ele gostaria de ser, por sua vez, a causa da mudança de seus companheiros de travessura. 

  Isto é: de Guercio e de Barabba. 

 Aqueles dois não queriam se dobrar, mesmo com todo o seu estímulo, ao qual respondiam com zombarias. 

 E para aplacar o impulso de sempre incomodar os outros, adotaram o hábito de deitar-se indolentemente sobre um banco junto ao ginásio, e dali incomodavam e faziam troça dos Balilla. 

– Venham conosco – disse Pinóquio certo dia- vocês se divertirão e aprenderão coisas bonitas. 

– Ah tá! Então nós deveríamos nos cansar ao invés de ficarmos aqui, sem fazer nada, deitados, vendo vocês se cansando… 

– Há! Há! Há! – os dois riram feitos bobos. 

 Pinóquio traçou um plano. Pegou a famosa panelinha de cola e lambuzou, às escondidas, o tal banco; e então esperou que os dois se sentassem nele. 

  Enquanto isso surgira uma novidade. 

 O professor providenciara um belo aparelho cinematográfico e naquele dia aconteceria no ginásio um espetáculo gratuito para os Balilla e todas as crianças do povoado. 

 Guercio e Barabba se sentaram no banco e começaram a falar as costumeiras insolências aos Balilla e à Pinóquio, tendo este se postado à frente deles, entabulando uma discussão. 

No entanto a notícia do espetáculo gratuito correra o povoado e a meninada chegava em bandos para usufruir da inesperada e fascinante exibição (é bom dizer que no povoado não existiam outros cinematógrafos).  

– O que será? – perguntou Barabba. 

– É o cinematógrafo gratuito para todas as crianças… 

 Esta notícia fez com que os dois se levantassem imediatamente para correr na direção do ginásio, mas suas calças permaneciam coladas no banco. 

 Tentaram novamente e então muitos se aglomeraram em torno aos dois… prisioneiros, rindo clamorosamente. 

– Pinóquio, tire-nos daqui. 

– O que?! Mas vocês não estavam tão bem aí? 

  E todos riram com ainda mais vontade. 

  Os dois malandros coraram, imploraram, suplicaram e por fim começaram a chorar. 

– Vocês querem vir conosco ao cinematógrafo? Então devem prometer que colocarão juízo nestas cabeças e que passarão a fazer parte do grupo dos Balilla… 

– Sim! Sim!… Tire-nos desta situação. 

– Alto! – bradou Pinóquio para a multidão. 

 E pegou os dois pelas mãos os dois… colados, se deixando puxar, por sua vez, pela cintura por aqueles que o cercavam. 

– Um, dois e… três: força! Puxem! 

 Inicialmente até o banco foi arrastado, mas no fim as calças dos garotos se descolaram, deixando alguns pedaços de tecido grudados na madeira. 

– Oh! Pobres de nós! – choramingavam. 

– Não é nada – disse Pinóquio – vocês vão vestir a roupa cinza-esverdeada que eu me permito oferecer com a ajuda do meu cofrinho. 

– Obrigada! Você é bondoso, e nós também queremos sê-lo, de agora em diante. 

Abraçaram Pinóquio e se dirigiram ao ginásio. 

  Poucos dias após Barabba e Guercio eram já dois bravos e valorosos Balilla. 

  Pelo mérito de sua ação e por seu grande empenho, Pinóquio recebeu a indicação de promoção à patente de cabo! Nada menos que isso!   E nós o deixamos desejando que possa no mínimo se tornar cônsul!

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