Serviço de utilidade pública – Explicações para o bozismo
Pequenas mas barulhentas multidões em frente a quartéis, convocando uma “intervenção federal” – era “militar” o adjetivo antes empregado, mas algum esperto dos grupos que promovem o bololô percebeu que o termo pegava mal, tinha algo de contra a lei, e então mudou. Não se saberá o que significa exatamente a tal intervenção federal: será que o governo federal deveria tomar o poder? Mas qual, se ele está no poder?
Claro, a racionalidade não é o forte desse movimento obtuso, agressivo, delirante. Basta olhar para qualquer um dos vídeos de gente branca (me pareceu que cem por cento branca) rosnando para a imprensa. Até uma senhora, aqui perto de Bento Gonçalves, estava nessa. Ela descobriu que a eleição tinha um “algoritmo”, algo capaz de mudar os gráficos e os votos, se entendi bem.
Como o prezado leitor, estou estupefato com tudo isso. (Deveria ser ainda “estupefacto” o jeito certo de escrever a palavra, para maior ênfase.) Tentei ajuntar elementos de análise num texto, este aqui, como forma de tentar ajudar a entender.
Não custa lembrar que vamos ter que conviver com essa gente por muito tempo. Gente que é da família, muitas vezes é filha ou mãe ou pai ou sobrinha. Descobri nesta crise, por exemplo, que um primo-irmão meu, formado em curso superior, ex-professor de universidade, bem sucedido economicamente, não apenas votou no perverso que ocupa o poder central como se filiou a seu partido. Não tenho nenhuma chance de entender o caso, nem de digeri-lo emocionalmente.
[Continua...]