Folhetim

A parada – Capítulo Final

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A parada – Capítulo Final
E lá vou eu, e lá vou eu. Hora de partir pra voltar depois, juntar as minhas tralhas todas e deixar que venha um minuto e depois o outro e depois o outro. Porque falta pouco mesmo pra filha da minha vizinha apontar ali no ônibus que ela dirige. Eu prefiro ir com ela, vamos conversando daqui até lá, ela é boa de conversa. Depois a companheira dela ainda nos espera de carro e me dá uma carona até em casa, e isso facilita muito as coisas pra mim. Já vai ficando escuro, já vai ficando tarde e eu prefiro me cuidar. Ainda bem que elas me dão essa ajuda, que me acompanham. Enquanto ela não vem, coisa que faz parte da espera de todo dia que passo aqui nas minhas vendas, vou me organizando, deixando as coisas guardadas na barraquinha do fruteiro ali da frente. Ali fica mais seguro e eu não tenho medo de perder meus pertences. Não fosse deixar ali eu ficaria bem atordoada de deixar com quem não conheço. Tenho os meus cuidados, as minhas desconfianças, né? Cada um com as suas manias. Não dá pra encasquetar tanto com o jeito de se ser, o negócio é seguir sendo. Eu já passei muito tempo pensando sobre mim mesma e achava que os outros viam tudo o que eu entendia sobre mim. Deu pra me acompanhar? É, pode ter ficado um pouco torto, dito até meio sem jeito, um tanto difícil até pra mil. Mas é isso mesmo que eu falei: que a cabeça vai dando uma volta, e outra, e, puf!, cai na gente mesma. Ih, e te digo mais: é um labirinto. Parece um ônibus desses que andam em círculo. Prefiro nem pensar mais dessa maneira de redemoinho, agora gosto só de ir vivendo e ir fazendo. Só um pouco, só um pouco. Isso, me dá um minutinho que vou ali e já volto. Pronto, fui só deixar minhas coisas, eu disse que era rápido. E é normalmente assim, uma coisa ou outra pode se passar diferentemente, mas nunca é muito diferente. É uma coisa que se conta aqui e outra ali, só que no geral o que se dá é a repetição das coisas. Eu conto e vejo umas histórias, e conto e vejo umas histórias. Hoje, por exemplo, foi o que eu te disse e o que tu pode entender do que eu vim contando. Como a gente se vê muito pouco, então eu acabei não me repetindo muito. Mas quem me conhece e me vê mais seguido já tem que escutar uma coisa ou outra meio repetida, volta e meia eu acabo recontando as coisas. Mas antes que eu me vá, deixa terminar com essa, vou te contar sobre uma ida e volta que eu fiz até Guaíba. Pelo Guaíba e até Guaíba. Pois essa é uma lembrança que tenho porque esperei bastante pra fazer. Eu queria porque queria andar de catamarã, pegar um barco ao invés de pegar um ônibus. E […]

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