Folhetim

Caburé

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Caburé

A noite está especialmente quieta. Não fossem os carros que descem rápido pela Miguel Tostes na confiança da solidão, Domingos poderia jurar que tinha voltado no tempo para o início da pandemia. Observa que as luzes no apartamento de Lúpino não se acenderam hoje. Fica um pouco inquieto porque, na noite da aventura do menino, enviou mensagens para a mãe dele contando o ocorrido, dizendo que eles não precisavam se preocupar. Nunca recebeu resposta. Ou a sua ousadia tinha causado tamanha fúria que os pais não quiseram sequer responder, ou alguma coisa tinha acontecido. Cogita enviar mais uma mensagem. Desiste. Não quer parecer invasivo. Os clientes não gostam de muitas intimidades. A empresa deixou muito claro quando o contratou que apenas os clientes podiam iniciar contato: para avisar quando fossem chegar em casa, para pedir auxílio ou para fazer perguntas. Ele só podia ser o primeiro a enviar uma mensagem em caso de alerta ou emergência.

O falso silêncio da noite o perturba. Como passa muito tempo sozinho, Domingos tem a liberdade de pensar com frequência no silêncio. Tem a pequena obsessão de algum dia conhecer o silêncio, pois sabe que ainda não o conhece. O que a maioria das pessoas chamaria de noite silenciosa, para Domingos é uma noite cheia de sutilezas sonoras. As folhas das árvores quase nunca se aquietam completamente, ou porque há brisa, ou porque algum animal pequeno passeia por elas.

[Continua...]

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