Folhetim

Capítulo 3: Resistiré al Che, à Legalidade, ao Brizola?

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Capítulo 3: Resistiré al Che, à Legalidade, ao Brizola?
E naquela primeira manhã de Ella por ali, chega a maleta com a roupa, toalhas, produtos de higiene pessoal, uma pantufa até… conforto mínimo organizado pelo companheiro para seguir vivendo longe deles. Precisa de banho, de roupa de inverno também. E começa a desmanchar a mala pra acomodar tudo no armário destinado às suas coisas naquele território compartilhado com outras duas dores de existir.  Busca por uma roupa de lã do tipo quentinha, aconchegante como colo de mãe, tão distante no tempo.  Mas ela não chega. Nada em lã, só camisetas de manga longa, calças, meias…  e um único moletom, um dos mais chave de cadeia entre os que andavam com Ella pela cidade em dia de caminhada sem rumo. Achava lindo, mas suscitava cada conversa vez ou outra, ôoo…  Pressentiu problema olhando com carinho para o blusão grandão, de cor verde militar, com um capuz bom de esconder o cabelo molhado em dia muito frio e… E com uma foto, aquela do Korda, lá de 1960, do companheiro Che Guevara, estampada no meio do peito. Não, não, não… Sentia que daria problema. Entre aquela gentarada ali alguém haveria de reconhecer o guerrilheiro de antanho e puxaria conversas que ela não suportaria, ao menos naquele primeiro dia. Teria de usar, estava muito frio. E vestiu depois do banho não muito quentinho, mas necessário para iniciar a ressureição num lugar onde até sua mínima determinação estava enterrada. Sairia dali logo, já tinha decidido. E vai para o café com o cabelo molhado, pingando medo da companhia do Che libertario y charlador que chamaria para conversa sabe-se lá quem. Encontra na entrada do refeitório a menina que estendeu a faca de plástico na janta, e Ella responde ao sorriso com um muchas gracias pela salvação da minha pátria o muerte ontem. E se abraçam grande, atrapalhando, sem se incomodarem nem um pouco, o trânsito no corredor.  Depois do café, orientada pelos veteranos, vai para a fila da medição dos sinais vitais e da medicação. Estaria viva? Sempre é bom que te avisem… E é claro que o já previsto se apresenta. Alguém sem assunto, sem ter o que fazer, reconhece o excessivamente conhecido Comandante Ernesto Guevara de la Sierna chafurdando ali entre os peitos de Ella, e uma conversa transporta o corredor e suas gentes para uma história de um Brasil, de uma América Latina de mais de 50 anos atrás. Era um senhor, bem, bem mais de setenta anos certamente, vestido de terno e gravata e tudo, sapatos impecavelmente lustrados, que segura ela pelo braço. Ella para, e ele começa: – Homem admirável este aí, ser humano dos melhores que já pisaram neste planeta. Recebeu até condecoração do Jânio Quadros e tudo! Tu sabia? A mais alta comenda da Nação, a Ordem do Cruzeiro do Sul!  Jânio comprou briga das feias com o podre do Lacerda por causa disso.  Ella se perguntava se era para responder se sabia. Começou a desconfiar que não. Condecoração do Jânio, acho que o Che não […]

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