Uma questão de prioridades – Capítulo 4
O pai do ex-aluno Roberto se chamava Vicente e era pai de outro guri, músico também. Eduardo. Roberto e Eduardo. Guris criados em Porto Alegre no bairro Partenon, algumas quadras abaixo da Avenida Bento Gonçalves, na rua Monteiro Lobato; alguém poderia dizer que por ali era o bairro Santo Antônio, talvez… mas quem sabe ao certo onde começa e termina um bairro? Avenida Venâncio Aires com Avenida João Pessoa, é bairro Santana? É bairro Farroupilha? Já é Cidade Baixa?! Mas o que importa aqui é que o seu Vicente tinha criado os guris na entrada dos anos 2000 ouvindo muito rock, e entenda por rock, sem fazer uma digressão interminável sobre mil vertentes: rock raiz dos anos 1950, o tal do rock’n roll e R&B, Chuck Berry, Little Richard, Muddy Watters, sem esquecer do branquelo, Elvis Presley; o rock dos anos 1960, The Beatles, The Rolling Stones, The Animals, The Beach Boys; e claro, a transição do blues-rock da segunda metade dos anos 1960, Cream, Led Zeppelin, Deep Purple, pro hard-rock, glam rock, rock progressivo anos 1970, AC/DC, David Bowie e Pink Floyd, Yes. Em síntese, deu jeito de comprar uma guitarra Gibson Les Paul pro Roberto e um baixo Fender Jazz Bass pro Eduardo; muito cedo, tempos de ensino médio, ainda, já tocavam muito bem e tinham instrumentos profissionais. Algo tipo, os guris estão encaminhados. Enquanto passava este filme todo na cabeça de Nelson em poucos segundos, a pergunta tinha ficado ecoando:
– Professor… quanto tempo… tu ficaste sabendo o que aconteceu com o Roberto?!
E o Vicente se pôs a falar. Antes da fala do pai dos guris, o Nelson pensou em outra coisa: à medida em que a vida adulta vai se impondo, não só com realizações e reconhecimentos, mas também com reveses, dívidas, injustiças, filhadaputices diversas, parece que estamos sempre esperando pelo pior. Não era o caso aqui. Ainda bem. Ufa!
Vicente comentou que os guris tinham ido morar em São Paulo num exercício de convicção da banda… chega uma hora que seguir morando e tocando em Porto Alegre é como bater diariamente a cabeça no teto. E o início tinha sido difícil, poucos shows, poucas possibilidades de inserção em cenários, as panelas, as turmas, sempre isso… Mas um cara conhecido, um veterano do rock de São Paulo, com boa discografia, certa regularidade de atuações no cenário musical, estava querendo renovar a banda e convidou o Roberto para ser o guitarrista da banda, e por tabela, acabou convidando o Eduardo para o baixo.
O pai do ex-aluno Roberto se chamava Vicente e era pai de outro guri, músico também. Eduardo. Roberto e Eduardo. Guris criados em Porto Alegre no bairro Partenon, algumas quadras abaixo da Avenida Bento Gonçalves, na rua Monteiro Lobato; alguém poderia dizer que por ali era o bairro Santo Antônio, talvez… mas quem sabe ao certo onde começa e termina um bairro? Avenida Venâncio Aires com Avenida João Pessoa, é bairro Santana? É bairro Farroupilha? Já é Cidade Baixa?! Mas o que importa aqui é que o seu Vicente tinha criado os guris na entrada dos anos 2000 ouvindo muito rock, e entenda por rock, sem fazer uma digressão interminável sobre mil vertentes: rock raiz dos anos 1950, o tal do rock’n roll e R&B, Chuck Berry, Little Richard, Muddy Watters, sem esquecer do branquelo, Elvis Presley; o rock dos anos 1960, The Beatles, The Rolling Stones, The Animals, The Beach Boys; e claro, a transição do blues-rock da segunda metade dos anos 1960, Cream, Led Zeppelin, Deep Purple, pro hard-rock, glam rock, rock progressivo anos 1970, AC/DC, David Bowie e Pink Floyd, Yes. Em síntese, deu jeito de comprar uma guitarra Gibson Les Paul pro Roberto e um baixo Fender Jazz Bass pro Eduardo; muito cedo, tempos de ensino médio, ainda, já tocavam muito bem e tinham instrumentos profissionais. Algo tipo, os guris estão encaminhados. Enquanto passava este filme todo na cabeça de Nelson em poucos segundos, a pergunta tinha ficado ecoando:
– Professor… quanto tempo… tu ficaste sabendo o que aconteceu com o Roberto?!
E o Vicente se pôs a falar. Antes da fala do pai dos guris, o Nelson pensou em outra coisa: à medida em que a vida adulta vai se impondo, não só com realizações e reconhecimentos, mas também com reveses, dívidas, injustiças, filhadaputices diversas, parece que estamos sempre esperando pelo pior. Não era o caso aqui. Ainda bem. Ufa!
Vicente comentou que os guris tinham ido morar em São Paulo num exercício de convicção da banda… chega uma hora que seguir morando e tocando em Porto Alegre é como bater diariamente a cabeça no teto. E o início tinha sido difícil, poucos shows, poucas possibilidades de inserção em cenários, as panelas, as turmas, sempre isso… Mas um cara conhecido, um veterano do rock de São Paulo, com boa discografia, certa regularidade de atuações no cenário musical, estava querendo renovar a banda e convidou o Roberto para ser o guitarrista da banda, e por tabela, acabou convidando o Eduardo para o baixo.
[Continua...]