Mistérios parciais de Porto Alegre | Parêntese

Frederico Bartz: Caminhos Operários em Porto Alegre

Change Size Text
Frederico Bartz: Caminhos Operários em Porto Alegre
Quando comecei a difundir minha pesquisa sobre os locais de memória operária em Porto Alegre, constatei que havia um enorme desconhecimento do público, inclusive acadêmico, sobre o passado da classe trabalhadora em nossa cidade, como ela surgiu, como vivia, morava, se organizava. Sobre o período de recorte da pesquisa, do final do século XIX ao começo do século XX, a falta de informação é ainda maior. O “Caminhos Operários em Porto Alegre” tornou-se um curso de extensão universitária, organizado por mim e oferecido pela Biblioteca da Faculdade de Arquitetura da UFRGS para resgatar essa história. No decorrer dos encontros, confirmei minha constatação inicial ao perceber a surpresa dos alunos quando eu mostrava esses lugares, nas caminhadas feitas pelos bairros da cidade.  Os lugares de memória operária não são apenas os locais de trabalho, porque os trabalhadores não se identificam como tal apenas dentro das fábricas, oficinas, estabelecimentos comerciais. Os locais de reunião para defesa dos próprios interesses estavam longe dos olhos e ouvidos dos patrões. Os laços de solidariedade de classe se construíram nos sindicatos e em outras agremiações. Em função disso, o conhecimento dos lugares de memória apresenta duas dificuldades: o apagamento da memória das lutas operárias por décadas de repressão e desorganização da classe;  além disso, poucas associações tinham sedes próprias no início do século XX, e a maioria dos sindicatos se reunia na casa de algum militante, em uma taverna ou salão de sociedade beneficente, o que torna sua localização mais desafiadora.  Para reforçar a necessidade de reavivar a memória, vou citar alguns exemplos de lugares muito importantes na história operária que passam despercebidos pelos transeuntes de Porto Alegre. É necessário que a memória das formas e dos locais de organização dos trabalhadores estejam vivas e sejam conhecidas por todos, pois elas são parte fundamental do processo de formação de nossa cidade.  O Salão Santa Catharina: O salão pertencia à família Santa Catharina e ficava ao lado de um açougue no final da rua da Aurora, 168 (atual rua Dr. Barros Cassal, 790), próximo da Redenção. Na virada dos anos 1900 para 1910, o lugar foi o centro do movimento operário em Porto Alegre, servindo para reuniões de pedreiros, funileiros, metalúrgicos, trabalhadores em couro e mesmo da Federação Operária do Rio Grande do Sul.  Ali ficava a sede do Centro Sportivo Operário, primeiro clube de futebol de trabalhadores na capital. Durante os anos 1920, a edificação ganhou um segundo andar e mais recentemente, era usada como garagem. Atualmente, o prédio foi incorporado a um edifício moderno, servindo de entrada de garagem para ele. Não existe qualquer marca que aponte aquele local como um lugar de memória.  Salão Santa Catharina – Foto: Acervo pessoal O Bürgerklub: Durante um longo período que vai desde 1890 até o início de 1920, o arrabalde da Floresta foi o principal local de moradia dos operários fabris, onde se multiplicavam suas organizações. No início dos anos 1910 foi construída, na rua Comendador Azevedo quase esquina da rua São Carlos, a sede do Bürgerklub, […]

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.