Crônica | Parêntese

José Falero: Eu e os outro cocô tudo

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José Falero: Eu e os outro cocô tudo Falando em trampo, hum!, mano do céu! Teve uma vez que me arrumaram uma bomba lá em cima, no Petrópolis. Deixa eu te dizer: era um caralho voador aquilo de lá! Véio, pensa em louça pra lavar! Imagina: já é uma porra lavar louça na baia, aí tu vai pro trampo, e o teu trampo é lavar louça e lavar louça e lavar louça. Mas eu digo louça! Louça! Tipo, tu tem 50 prato sujo pra lavar, aí tu lava 30, e já tá chegando mais 70 prato sujo pra tu lavar, e assim vai indo, e quanto mais tu lava, mais tem prato sujo pra lavar! E lavar não era nada. Ô, se fosse só lavar! Não, não; não era só lavar. Quem preparava a porra dos lanche tudo era eu também. Na real, era só eu na cozinha, tá ligado. Lavar tudo e fazer os lanche tudo. Uns lanche era no micro, outros era no forno. Tinha coisa feita na fritadeira também. Os ingrediente era tudo porcionado e pá, mas adivinha quem é que porcionava tudo também? Era eu, véio. Claro que era eu. Era só eu na cozinha. Então, se acabasse os saquinho com as exata 32 grama de queijo prato, ou se acabasse os saquinho com as exata 27 grama de queijo lanche, lá tava eu ralando queijo prato ou ralando queijo lanche e usando a balança de precisão pra pesar as porção certinho e embalando tudo nas porra dos saquinho, pra poder usar nos lanche depois; e enquanto eu ia fazendo isso, não pensa que parava de chegar louça suja, não pensa que os barman parava de pedir suco de laranja ou limonada pra fazer os drinque lá no bar, não pensa que os garçom parava de chegar trazendo as comanda dos lanche que os cliente tavam pedindo lá no salão. Era difícil não enlouquecer: louça suja que não acabava mais, suco, porção, lanche, sobremesa, tudo ao mesmo tempo, tudo numa correria fodida! Detalhe: eu tinha que assinar um cartão que dizia o seguinte: “Eu, Fulano, tô entrando pra trampar à meia-noite”. Ali também dizia: “Eu, Fulano, tô parando de trampar às 8 da manhã”. Beleza, eu tinha que assinar. Só que na real, o lance é que eu entrava pra trampar 6 da tarde, e não meia-noite. Entendeu? Era pra eles não precisar pagar hora extra pro cara. E sabe que hora eu saía? Tipo, eu só saía quando o último cliente decidia ir embora. Não adiantava chorar: era só quando o último cliente decidia ir embora, e o dono do bar não pedia pros cara sair. Tá entendendo? Então às vez uns branquinho filho da puta tavam de festa, porque alguém tinha se formado em Direito ou alguma coisa assim, e aí eles decidia ficar lá, trovando fiado, bebendo até 10 da manhã. E nós, os funcionário? Pica bem dura pra nós e foda-se nós! A gente tinha que esperar os bonitão ir embora, mano. Então pensa: às vez a saga era das […]

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Falando em trampo, hum!, mano do céu! Teve uma vez que me arrumaram uma bomba lá em cima, no Petrópolis. Deixa eu te dizer: era um caralho voador aquilo de lá! Véio, pensa em louça pra lavar! Imagina: já é uma porra lavar louça na baia, aí tu vai pro trampo, e o teu trampo é lavar louça e lavar louça e lavar louça. Mas eu digo louça! Louça! Tipo, tu tem 50 prato sujo pra lavar, aí tu lava 30, e já tá chegando mais 70 prato sujo pra tu lavar, e assim vai indo, e quanto mais tu lava, mais tem prato sujo pra lavar! E lavar não era nada. Ô, se fosse só lavar! Não, não; não era só lavar. Quem preparava a porra dos lanche tudo era eu também. Na real, era só eu na cozinha, tá ligado. Lavar tudo e fazer os lanche tudo. Uns lanche era no micro, outros era no forno. Tinha coisa feita na fritadeira também. Os ingrediente era tudo porcionado e pá, mas adivinha quem é que porcionava tudo também? Era eu, véio. Claro que era eu. Era só eu na cozinha. Então, se acabasse os saquinho com as exata 32 grama de queijo prato, ou se acabasse os saquinho com as exata 27 grama de queijo lanche, lá tava eu ralando queijo prato ou ralando queijo lanche e usando a balança de precisão pra pesar as porção certinho e embalando tudo nas porra dos saquinho, pra poder usar nos lanche depois; e enquanto eu ia fazendo isso, não pensa que parava de chegar louça suja, não pensa que os barman parava de pedir suco de laranja ou limonada pra fazer os drinque lá no bar, não pensa que os garçom parava de chegar trazendo as comanda dos lanche que os cliente tavam pedindo lá no salão. Era difícil não enlouquecer: louça suja que não acabava mais, suco, porção, lanche, sobremesa, tudo ao mesmo tempo, tudo numa correria fodida! Detalhe: eu tinha que assinar um cartão que dizia o seguinte: “Eu, Fulano, tô entrando pra trampar à meia-noite”. Ali também dizia: “Eu, Fulano, tô parando de trampar às 8 da manhã”. Beleza, eu tinha que assinar. Só que na real, o lance é que eu entrava pra trampar 6 da tarde, e não meia-noite. Entendeu? Era pra eles não precisar pagar hora extra pro cara. E sabe que hora eu saía? Tipo, eu só saía quando o último cliente decidia ir embora. Não adiantava chorar: era só quando o último cliente decidia ir embora, e o dono do bar não pedia pros cara sair. Tá entendendo? Então às vez uns branquinho filho da puta tavam de festa, porque alguém tinha se formado em Direito ou alguma coisa assim, e aí eles decidia ficar lá, trovando fiado, bebendo até 10 da manhã. E nós, os funcionário? Pica bem dura pra nós e foda-se nós! A gente tinha que esperar os bonitão ir embora, mano. Então pensa: às vez a saga era das […]

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