Mistérios parciais de Porto Alegre | Parêntese

Julia da Rosa Simões: Petit Casino: detalhes de uma extravagante arquitetura – Parte II

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Julia da Rosa Simões: Petit Casino: detalhes de uma extravagante arquitetura – Parte II
Na semana passada acompanhamos de perto a elegante inauguração, em 1916, do Petit Casino, pequeno teatro que se situava onde hoje se encontra a galeria Di Primio Beck, na Rua da Praia. Pela descrição nos jornais da época, que o destacavam como “a nota mais chic dos últimos tempos”, não restam dúvidas da impressão distinta que o Petit Casino causou na sociedade porto-alegrense. No entanto, algumas pistas deixadas por diferentes cronistas da cidade indicam que sua arquitetura não foi vista apenas com bons olhos e que alguns detalhes de sua extravagante fachada merecem um passeio mais alongado. Comecemos com Nilo Ruschel, em seu livro Rua da Praia: Como a liberdade profissional fosse um dos postulados da doutrina filosófica imperante, o positivismo, ele [Antônio Tavares, o proprietário] usou generosamente dela e meteu-se a construir, homem afoito e impetuoso que era, uma casa que achava à altura do momento, para espetáculos e diversões. Ao melhor modelo parisiense, que lembrasse o “Folies Bergères”. Dele, pois, foi a construção. Da oficina de João Vicente Friedrich contratou as esculturas que deviam ornamentar profusamente a fachada, dando ao local todo o rigorismo do estilo pretendido.E assim apareceram, modeladas pelo escultor Jesus Maria Corona, que trabalhava para aquela oficina, as obras encomendadas pelo proprietário. Eram figuras humanas em tamanho natural, grudadas ao lado das janelas, tendo na mão buquês de flores, na atitude de quem estivesse espiando para dentro.E o “art nouveaux” emplastou-se com tal violência sobre os passantes, que os comentários desaprovadores não tardaram a crescer de dentro do povo. Tantos foram eles que forçaram o proprietário a mandar retirar aquelas figuras. Mesmo porque, segundo observadores mais maliciosos, elas lembravam posturas bastante inconvenientes, comprometedoras da boa moral. Isso foi lá por 1915. O desenho da fachada e a planta anexos ao processo, encontrados no Arquivo Municipal e datados de 1912, de fato revelam as assinaturas “J. M. Corona Alonso, Arquiteto” e “Jesus M. Corona Alonso, Arquiteto”, respectivamente: Em texto de Fernando Corona, filho de Jesus Maria, temos outra confirmação da autoria do Corona pai:  O projeto e as esculturas da fachada do atual cinema Rex, antigo Petit Casino, obedecendo ao gosto do proprietário, sr. Antônio Tavares, são do escultor Jesus M. Corona. As figuras em gesso sobre a boca do palco são da autoria de Alfred Staege e as decorações dos balcões são de Vitório Livi. Nilo Ruschel menciona um “modelo parisiense” e o “Folies-Bergère”, sugerindo um estilo de construção art nouveau. Ruschel deve ter em mente a casa de espetáculos francesa durante a belle époque (a mesma que talvez tenha inspirado o proprietário Antônio Tavares), de fachada construída em 1872, tipicamente século XIX, com capitéis esculpidos, vitrais, colunas e gradis. O desenho de Jesus Maria Corona, bem como as fotos remanescentes do prédio, já sem as esculturas, parece demonstrar o acerto de Nilo Ruschel quanto ao estilo da construção. Digno de nota é tanto Nilo Ruschel quanto Fernando Corona atribuírem a concepção do prédio a seu proprietário, como que desculpando sua falta de conhecimento ou […]

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