Parêntese | Reportagem

Mal equipados e assustados, profissionais da saúde enfrentam falta de orientação nas instituições

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Mal equipados e assustados, profissionais da saúde enfrentam falta de orientação nas instituições
Sindicatos cobram na justiça EPIs para todos e afastamento de trabalhadores classificados como grupo de risco Por Juan Ortiz e Juliana Coin Sem equipamentos de proteção individual, profissionais de saúde de Porto Alegre que estão no front da batalha contra o novo coronavírus estão ou adoecendo ou se tornando vetores de contaminação. No Hospital São Lucas, que pertence à PUCRS, até duas semanas atrás apenas quem trabalha na UTI dedicada ao tratamento dos casos graves de Covid-19 – chamado de “covidário” – tinham acesso aos EPIs. “Ninguém sabe como agir nessas situações porque não temos os protocolos institucionais”, criticou a enfermeira Raquel*.  A situação torna todo o hospital um centro de contágio. Nos últimos dias, conta Raquel, um paciente internado em outra ala foi transferido ao covidário por suspeita de estar infectado. Três dias depois, testou positivo para a doença. “O paciente foi intubado, ventilado. A aspiração (coleta de partículas respiratórias) foi feita sem os EPIs completos para o atendimento, que incluiria o avental impermeável, o sistema fechado de aspiração e o quarto individual”, descreve. “Uma equipe inteira foi exposta, de todos os turnos”, relata. Sem contar que os médicos e enfermeiros do covidário dividem áreas comuns com os demais funcionários, como o refeitório, sem nem trocar de roupa.  O relato de Raquel está longe de ser a exceção. Uma pesquisa feita entre 22 de março e 14 de abril pelo Sindisaúde-RS, o sindicato de profissionais de saúde do Estado, coletou 577 depoimentos de trabalhadores de hospitais e outras unidades sobre as condições de trabalho em meio à pandemia. Do total, 80% avaliou como ruim ou péssima a comunicação interna de suas respectivas instituições sobre o uso dos EPIs. Apenas 4% disse que as instruções foram boas ou muito boas – e os 16% restantes consideraram que as orientações foram regulares. O Sindisaúde não tem levantamento de quantos associados foram infectados pela Covid-19. Na tabela do formulário, há denúncias graves como a de enfermeiros que, no fim de março, disseram ter sido proibidos de usar máscaras pela chefia direta no Hospital Moinhos de Vento, um dos que mais recebeu pacientes de coronavírus. Até o dia 28 de março, semana em que foi feita a denúncia, o Moinhos tinha 49 casos confirmados e dois mortos pelo vírus – número que agora subiu para 147 confirmados e quatro mortos, segundo o boletim de 6 de maio. A situação foi apontada também por farmacêuticos e técnicos administrativos que lidavam diretamente com pacientes. “Trabalho no bloco cirúrgico e estão ameaçando usar as salas do setor como isolamento para pacientes contaminados, e a farmácia está entre as salas. Não temos nenhuma proteção, nenhuma informação, nada”, respondeu uma auxiliar de farmácia, mãe de um filho asmático. O hospital não se manifestou até o fechamento desta edição.  Segundo o Conselho Regional de Enfermagem do Estado (Coren), que acolhe as queixas da categoria, houve mais de 300 denúncias de irregularidades relacionadas ao combate à pandemia em instituições médicas do Estado. “Houve falta de capacitação nas áreas onde não […]

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