1888: O seminário episcopal
PORTO ALEGRE 250 ANOS: HISTÓRIA, FOTOGRAFIA E REPRESENTAÇÕES
O seminário episcopal – História
Para entendermos o patrimônio artístico e arquitetônico de uma cidade, é útil e operatório saber que ele se forma pela combinação de dois fatores: uma base material (recursos econômicos) e um suporte de motivações. O que não quer dizer, que os patrimônios só se formam quando estes dois fatores estiverem presentes. Examinemos a edificação do Seminário Episcopal (hoje Cúria Metropolitana) nesta perspectiva.
A base material de sua construção veio, no último quarto do séc. XIX, da combinação de diversos fatores (imigração, caminhos de ferro ligando Porto Alegre ao interior do Estado, aplicação de novas tecnologias ao processo industrial, etc.), quando o produto interno bruto da cidade (naquela época não se media, mas existem sinais inequívocos de sua elevação) cresceu substancialmente. E, com isso, o orçamento eclesiástico.
O suporte de motivações foi formado de várias hastes, sendo a emulação vinda da figura de Dom Sebastião Dias Laranjeiras uma das principais. Seu episcopado se estendeu de 1861 a 1888 e foi marcado pela firme participação do bispo no empenho de livrar a igreja do padroado imperial. Traduzindo: separar a Igreja do Estado, para a primeira ter mais autonomia administrativa e financeira. Neste contexto, nada mais oportuno que mostrar o poderio da igreja na monumentalidade arquitetônica de seus prédios.
Depois de vinte anos de lançamento de sua pedra fundamental (1865) e do falecimento de seu primeiro projetista, o arquiteto francês Villain, o Seminário Episcopal era concluído, em 1888, com alterações promovidas pelo seu derradeiro arquiteto, o alemão Johan Grunewald. Para a época tratava-se, efetivamente, da mais grandiosa construção da cidade. Para Athos Damasceno, inclusive, “o único monumento da cidade, […] o Seminário se destaca na sua majestade e pelo contraste com a inteira ausência de gosto e expressão de monumentalidade nos empreendimentos arquitetônicos do nosso passado” (In: Memórias Sentimentais da Cidade. Porto Alegre, Globo, 1940, p. 43-44.)
O seminário episcopal – Representações
O Seminário Episcopal ainda preserva esta aura dos tempos de Damasceno? Uma questão em aberto. Seja como for, o fato é que já serviu de mote para vários artistas.
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