1906-08: O Instituto Astronômico e o Colégio Júlio de Castilhos
PORTO ALEGRE 250 ANOS: HISTÓRIA, FOTOGRAFIA E REPRESENTAÇÕES
1906-08: O Instituto Astronômico e o Colégio Júlio de Castilhos – História
Em 1906, com a cessão do terreno para a edificação do Instituto Astronômico e Meteorológico (inaugurado em 1908) e, mais tarde, com a cessão do espaço para o Colégio Júlio de Castilhos (erguido entre 1909 e 1911), o governo do Estado positivista deu prosseguimento à edificação do seu complexo educacional, iniciado anteriormente com o prédio da Faculdade de Engenharia e do Instituto Técnico-Profissional. Complexo este que nos autoriza, no mínimo, a relativizar o enunciado de Jorge Caldeira que, em seu História da Riqueza do Brasil (Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2017), afirma que no Rio Grande do Sul, no início da República, “por motivos ideológicos, o governo estadual não investia no ensino superior” (p. 366).
O prédio do Instituto Astronômico, projetado por Manuel Itaqui, ainda hoje se apresenta a nossos olhos, solidamente estruturado, elegantemente traçado, ecleticamente ornamentado. Seus instrumentos, mesmo ultrapassados, ainda guardam muito da aura da qual um dia se revestiram sua utilização e seus operadores, alguns deles cientistas europeus trazidos, trinta anos antes da USP, por um governo que, segundo Caldeira, “não investia no ensino superior”.
O prédio do antigo Colégio Júlio de Castilhos não teve a mesma sorte. Um incêndio de grandes proporções, em 1951, fez com que se concluísse que não valia a pena recuperá-lo. Foi demolido para dar lugar ao prédio da atual Faculdade de Economia. Uma lástima, tchê.
1906-08: O Instituto Astronômico e o Colégio Júlio de Castilhos – Representações
Das representações que constituíram o conjunto ornamental do Instituto Astronômico merecem destaque, na sua fachada, a representação da musa Urânia, da Astronomia (Fig. 1), possivelmente de Frederico Pellarin. Isso pelas semelhanças formais com outras imagens suas que Fernando Corona identificou. E, na sua Sala Meridiana, o painel de Cronos, o deus do Tempo (Fig. 2), executado em 1908 por Ferdinand Sclatter (Lindau, Bavária, 1878 – Porto Alegre, 1949). Este último, um sobrevivente da equivocada repintura que, assim como na Biblioteca Pública, encobriu sua preciosa ornamentação original.
Do antigo Colégio Júlio de Castilhos restaram algumas fotos. Uma com o escultor Giuseppe Gaudenzi, modelando uma das figuras de sua fachada (Fig. 3). Outra, a mais conhecida e aurática, tomada a partir do aclive da av. João Pessoa (Fig. 4). Desta última, é que se fazem as meritórias releituras contemporâneas. Mais meritórias ainda quando feitas em relevo para que os deficientes visuais possam senti-las, como é o caso de Magaly Amaral da Costa (Lavras do Sul, 1939 – ???, 2016 (Fig. 5).
Arnoldo Doberstein é professor e estudioso da história de Porto Alegre.