1918: O surgimento da revista Máscara
PORTO ALEGRE 250 ANOS: HISTÓRIA, FOTOGRAFIA E REPRESENTAÇÕES
1918: O surgimento da revista Máscara – História
No início de 1918, com eventuais percalços na importação de papel de boa qualidade (a Europa ainda envolvida na I Guerra Mundial), em meio aos sobressaltos da gripe espanhola, surgia em Porto Alegre a revista Máscara. Uma revista de variedades, com uma pauta editorial dividida, grosso modo, em capas predominantemente ocupadas por figuras femininas, atualidades, crônica social, flagrantes do cotidiano e das coisas da cidade, literatura, modas, e noticioso político e econômico. Tudo permeado de propagandas, fotografias e ilustrações (charges, caricaturas, portraits, alegorias, etc.).
Pela abordagem e tom de suas matérias, sua linha editorial talvez pudesse ser definida como “moderna”, “elegante” e “politicamente neutra” (em aspas por limitações de espaço para maiores detalhamentos). Nas capas, por exemplo, as representações femininas eram de uma mulher moderna e atualizada. Nos flagrantes do cotidiano e dos costumes seu tom era mais escorreito e propositivo que virulento e negativista. Um exemplo: ao sugerir que os porto-alegrenses visitassem mais os bairros da cidade propunha que “operários e burguesia [procurassem] aos domingos, a calma higiênica e reconfortante dos arrabaldes, [em lugar] da atmosfera viciada das vendas ou na indolência dos cafés” (Máscara, ano I, 23.2/1918, p. 11).
Outro testemunho deste seu tom mais escorreito e fino está nas ilustrações. Deslocando-se da tradição do escárnio e do esculacho das charges e caricaturas novecentistas, que de certo modo permaneceu na sua antecessora Kodak (de 1912), a Máscara, via de regra, também aí se apresentava bem mais contida, “elegante”, e menos ofensiva.
A Máscara e suas representações
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