Floresta, bairro operário e coração do movimento socialista em Porto Alegre
O antigo arrabalde da Floresta, que seguia mais ou menos o curso da avenida Cristóvão Colombo (antiga estrada da Floresta), entre os morros do Moinhos de Vento, o litoral do Rio Guaíba e a várzea do arrabalde dos Navegantes, foi a primeira região onde se desenvolveu um bairro verdadeiramente fabril em Porto Alegre. Pode-se dizer que esse desenvolvimento industrial seguiu o caminho da Voluntários da Pátria, junto com os trilhos da Viação Férrea que iam em direção ao Vale dos Sinos e dos trapiches que se instalavam na beira do Guaíba. Paralelo a esse avanço, ainda no período imperial foram instaladas na Cristóvão Colombo as cervejarias Becker e Bopp e a fábrica de sabões e sabonetes de Adolpho Voigt; nos primeiros anos da República se instalaram na rua Ramiro Barcelos (antigo beco da Marcela) a fundição de Fernando Bertschinger e a fábrica de móveis de Arbós e Salvador, além de um sem-número de pequenas oficinas e manufaturas que iam se espalhando pelas artérias secundárias.
Como sempre gosto de reforçar em meus textos, os bairros industriais não tinham apenas fábricas, pois ali vivia um grande número de trabalhadores e trabalhadoras, de origens diversas, que davam vida àquele lugar, que faziam com que as máquinas se movimentassem e que lutavam por dignidade, por reconhecimento e também pela construção de um mundo melhor. Foi assim que o arrabalde da Floresta, além de ser o primeiro bairro fabril, foi também o primeiro bairro operário de Porto Alegre, se constituindo durante muito tempo no coração do movimento socialista e local onde se concentravam as organizações sindicais da cidade.
Mesmo sendo uma região onde viviam pessoas das mais diversas origens, desde muito cedo se destacou a presença de operários alemães e seus descendentes. Não à toa foi muito próximo do arrabalde, na rua Barros Cassal, na parte que atualmente faz esquina com a avenida Farrapos, que a Allgemeiner Arbeiter Verein (Associação Geral dos Trabalhadores), de orientação socialdemocrata, teve sua primeira sede permanente, em 1893. Três anos depois, na rua Ramiro Barcelos, próximo de onde hoje fica a esquina da rua São Carlos, na casa de um velho alemão chamado Felix Franke, foi fundada a Liga Operária Internacional, que tinha o objetivo de unir operários das mais diversas nacionalidades sob orientação da socialdemocracia.
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