Nathallia Protazio: Cloroquina

‘‘Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda toma Itubaína®.’’ Se você achou que já tinha visto e ouvido de tudo, eu tenho a infelicidade de te informar que o Jair ainda tem muitas cartas na manga. Sim. Espero que você tenha assistido, pelo menos, aos melhores-piores momentos destes últimos dias da novela Brasília e espero mais ainda que os teus olhos não tenham queimado. Não sou do tipo que fala ‘‘eu avisei’’, porque vivemos numa democracia. Quando jogam a merda na frente do ventilador ela voa na tua janela e na minha também, fica todo mundo fedendo igual, mas uma coisa eu posso dizer: essa culpa eu não carrego. E você? Calma, não precisa responder alto. Pelo sim ou pelo não, continue lendo, não vamos falar de política, vamos falar de saúde apenas. No último dia 20 o Ministério da Saúde, aquele órfão, divulgou um protocolo para o uso de cloroquina já nos primeiros sintomas da Sars-Cov-2. Se eles tivessem postado na sua página de Facebook teria tido a mesma importância. Afinal, um documento desta envergadura não levar assinatura de nenhuma autoridade competente é um reflexo da política pública do Jair. Quem quer toma, quem não quer não toma. Pois ele é Messias, mas infelizmente não faz milagres. E o que isso tem a ver contigo? Bom, pra começar, só tem tudo a ver. Primeiro, porque você faz parte desta nação, ainda chamada Brasil. Depois porque não existe local seguro neste planeta para se safar de uma pandemia e, supondo que você já tenha tido o COVID-19 e supondo mais ainda que realmente não exista reinfecção, mesmo assim você ainda deve conhecer pelo menos uma pessoa com a qual se importe o suficiente para não querer que ela morra. Pronto? Vamos agora enumerar os principais motivos para você NÃO ASSINAR O TERMO DE CIÊNCIA E CONSENTIMENTO DO USO DE CLOROQUINA. A cloroquina e a hidroxicloroquina são medicamentos altamente eficazes para o tratamento de diversos tipos de malária e para algumas afecções reumáticas e dermatológicas, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso. Seu uso é seguro, desde que respeitadas as indicações terapêuticas e controladas as doses. A meia-vida terminal da cloroquina varia de 30 a 60 dias. Isso quer dizer que, se você sobreviver ao tratamento, metade da quantidade de cloroquina que tiver acumulado no seu corpo vai levar aproximadamente mais de um mês para sair. Comparando com a eliminação de drogas mais pops como o paracetamol e a aspirina, que é de 3 horas: é um tempo da porra! Por que estou dizendo tudo isso? Pra te assustar? Não. Sou uma profissional, não preciso disso, tenho a ciência ao meu lado. Diferente de certas pessoas com histórico de atleta. Trago estes dados porque a maior preocupação no uso da cloroquina é seu potencial tóxico, ou seja, os efeitos negativos do excesso desta substância no teu corpo. Apesar de ser segura, tem uma margem de segurança estreita, assim, um pouquinho a mais basta pra sair do status ‘‘remédio’’ para […]