Ao centenário dele
Peço licença. Licença para as leitoras e leitores. Esse escrito é um registro, um módico registro do que sinto n’alma. Como aquele afeto que preenche o coração, inunda o corpo e transborda a existência. É nessa forma, nesse conteúdo, com essa substância que inicio esse escrito. E a licença está muito mais em querer escrever, com a intenção de grafar na história de nosso tempo, o momento exato que meu ser busca viver, o secular ideal de vida de um gaúcho que já não está entre nós. De um gaúcho que se fez brasileiro. Que se fez latino-americano. Que de alguma forma se fez para proteger as fronteiras do campo de nossa terra, porque sabia que defendendo tais fronteiras defendia a dignidade do povo que ali vive.
Leonel de Moura Brizola é seu nome. Nascido em 22 de janeiro de 1922 no interior do Rio Grande do Sul.
Nunca o vi, nem de longe. Nunca pude compartilhar o mesmo tempo-espaço com ele. Somente estive no espaço sem seu tempo e no tempo sem seu espaço. E como pode alguém que não vivenciou com Brizola escrever sobre Brizola? É que se engana quem pensa que escreverei sobre Brizola. Esse texto, em sua singeleza, versa sobre o que eu sinto sobre Brizola. Sobre o que sua presença histórica me fez ser, Atena, ao conviver na história brasileira com este que me encantou o olhar, me motivou a esperança, me encilhou o cavalo e me convidou a trilhar não a sua trajetória, mas a minha.
[Continua...]