Parêntese | Reportagem

Números maquiados e técnicas ultrapassadas: prefeitura compromete flora da Capital

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Números maquiados e técnicas ultrapassadas: prefeitura compromete flora da Capital
Por Pedro Nakamura e Pedro Papini Semanas antes de deixar o cargo para se manter reelegível na Câmara Municipal, o ex-secretário de Serviços Urbanos e atual vereador de Porto Alegre, Ramiro Rosário (PSDB), usou suas redes sociais para promover os resultados da sua gestão à frente da pasta responsável, entre outras funções, por podas e remoções de árvores urbanas. Em vídeo publicado em seu perfil no Twitter, Rosário, um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) no Estado, disse ter quadruplicado entre 2017 e 2019 a capacidade do município em fazer podas. A afirmação foi feita mais de uma vez. Apesar de dizer ter como princípio a transparência na gestão pública, o secretário já havia exagerado em outra promessa que se mostrou frustrada: o ‘maior programa de revitalização de parques e praças da história’ que, conforme revelou uma reportagem da Parêntese, encolheu. Até fevereiro, das 600 praças prometidas apenas cinco haviam sido entregues.   Como no caso das praças, Rosário exagerou mais uma vez. Os números foram inflados e não consideraram um apagão nesse serviço ocorrido entre 2016 e 2017. Além disso, encobrem um problema ainda mais grave apontado por ambientalistas ouvidos pela Parêntese: a má qualidade de algumas podas, que compromete uma das riquezas da Capital, suas árvores.  Porto Alegre é a quarta cidade mais arborizada do Brasil, segundo o censo 2010 do IBGE no ranking que considera apenas cidades com mais de 1 milhão de habitantes. No total, são cerca de 1,3 milhão de árvores urbanas, quase uma por habitante, distribuídas por ruas e também por 667 praças, oito parques e três unidades de conservação municipais. Segundo a Lei Orgânica de Porto Alegre, a arborização é um serviço público essencial, sendo o município responsável por programas de manutenção e expansão da flora urbana. Maquiagem nos números O levantamento realizado pela Parêntese com dados da prefeitura obtidos via Lei de Acesso à Informação revela que Rosário arredondou para cima a capacidade de podas da cidade obtida com a terceirização do serviço, exagerando o número em 17,5%. Mas a própria ideia de um ‘aumento’ comemorada pelo secretário omite um apagão na execução de intervenções em árvores urbanas que durou um ano e meio, entre 2017 e 2018, no início da gestão Marchezan. Na época, o município enfrentou 18 meses sem servidores suficientes para fazer as podas e não conseguiu contratar uma terceirizada para substituí-los. A crise só acabou em julho de 2018, quando uma empresa finalmente assumiu o encargo. Se Rosário tivesse considerado os números do último ano de Sebastião Melo à frente da prefeitura, ele não teria o que comemorar, porque a capacidade de prestação do serviço em 2019 teria resultado em uma queda de 3,6% em comparação a 2016. Mas, após três anos de baixos índices, ficou fácil para Rosário anunciar uma retomada à normalidade como se fosse um aumento de quatro vezes na capacidade de atendimento da prefeitura.  Questionada sobre o exagero de Ramiro Rosário, a Secretaria de Serviços Urbanos respondeu que “não responderia” porque o levantamento realizado […]

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