Cidadania ativa, o poder da aldeia e o Cais Mauá
A história contemporânea de Porto Alegre é permeada pelo ativismo de seus cidadãos. Quando Porto Alegre dava passos acelerados rumo ao crescimento demográfico e à industrialização, em meados do século passado, surgiram as primeiras formas de associativismo de bairro, visando garantir um lugar ao sol para os excluídos dos benefícios da urbanização no Brasil. Reunidos em associações de amigos de bairro, estas formas de ativismo reivindicavam melhorias nas condições de vida de uma metrópole que crescia de forma desigual quanto ao uso e ocupação do espaço urbano. Na década de 1970, com o poder público municipal comandado por interventores, a modernização então em curso – de caráter fortemente higienista e racial – precisou se defrontar com algumas resistências frente às remoções forçadas das “vilas de malocas”. É desta época do Brasil gigante – e do “remover para crescer” (PROMORAR, do Governo Federal) – que se originaram vários bairros periféricos, alguns com grande presença da população negra, a exemplo da Restinga. O Plano Diretor de 1979 foi elaborado sem a presença da cidadania.
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