Reportagem

Índio Vargas, a memória do autoritarismo na capital dos pampas

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Índio Vargas, a memória do autoritarismo na capital dos pampas Acervo Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Três momentos são essenciais para compreender a trajetória de Índio Vargas, falecido no último dia 8 de junho. O primeiro é a curta experiência de vereador, interrompida pela cassação. O segundo é a trajetória como preso político narrada em Guerra é Guerra, dizia o Torturador. O terceiro é sua trajetória como escritor, registrada em obras como A Guerrilheira e Limites da sedução. 

Pesquisei os registros mais antigos de Índio Vargas no acervo da Câmara Municipal, que vêm ao público pela primeira vez na Parêntese. Contidos em fichas e processos amarelados pelo tempo, o primeiro é a ficha original do vereador guardada no Arquivo Histórico da Câmara Municipal. Com sua foto de época, por ser um documento pessoal, não pode ser reproduzido, mas pode ser descrito. Chama a atenção que ela não possua registro de nenhuma de suas iniciativas, proposições ou projeto de lei apresentado. Ela contém apenas quatro registros: o de sua posse na legislatura 1969-1972 em 1º de fevereiro de 1969; o de seu investimento como titular na Comissão Representativa daquele ano; o seu investimento na Comissão de Finanças da Câmara como Vice-Presidente e Relator Especial para a execução orçamentária; a suspensão de seus direitos políticos por dez anos e a cassação de seu mandato a partir do dia 30 de abril, com base no processo 167/69. 


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Foto de Índio Vargas. Detalhe Ficha Funcional de Vereador. Acervo do

Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre.

O segundo documento mais antigo que encontrei são as fichas de registro de atividades do vereador, onde descobrimos que Índio Vargas só teve tempo de protocolar e defender um único processo, o Projeto de Lei do Legislativo 11/69, que dava aos dependentes dos servidores municipais cassados com base nos atos institucionais, para efeito do seguro-social, tratamento igual ao dado aos dependentes dos funcionários municipais mortos, além de seis Pedidos de Providências endereçadas ao Poder Executivo. Os registros indicam que Índio Vargas era uma promessa política, pois conquistou logo no primeiro mandato um cargo de destaque numa função importante, o de relator da execução orçamentária da Câmara. Seria um vereador promissor, se não fosse a cassação: só em Pedidos de Providência, já havia protocolado seis iniciativas de melhorias urbanas, que iam do fechamento de canais que terminavam no Guaíba, com vistas a seu asseio, aos pedidos para a conclusão de obras, como o chafariz do Parque da Redenção, além da desobstrução da rede pluvial na esquina da Praia de Belas com Marcílio Dias. Há ainda nas suas fichas informações sobre pedidos de providência para calçamento da rua São Leopoldo, colocação de esgoto na rua Saldanha da Gama e, finalmente, a sugestão de remessa à Câmara Federal de seu PL sobre servidores demitidos pelo arbítrio. São iniciativas consistentes com a função parlamentar, que revelam preocupação com a cidade e com os mais pobres e vítimas do arbítrio.

[Continua...]

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