Reportagem

Mas bah! Um brinde com mate e produtos coloniais à ética planetária!

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Mas bah! Um brinde com mate e produtos coloniais à ética planetária! 28ª Feira Internacional do Cooperativismo e da Economia Solidária (Feicoop) Crédito: Clara Glock/Cáritas RS
“Moeda social? Isso é dinheiro?”, perguntavam os moradores em Maricá, cidade-dormitório a cerca de 60 km da capital, no Rio de Janeiro. O ano era 2013, e o Banco Popular Comunitário Mumbuca estava engatinhando na trilha iniciada pelo Banco Comunitário Palmas, pioneiro no Brasil, criado na periferia de Fortaleza, no Estado do Ceará, em 1998. A ideia é muito simples: se no boteco da esquina o dono podia anotar num caderninho as contas de quem não tinha como pagar na hora, ou deixava em haver o troco, e depois ia descontando aos poucos, era possível criar um banco solidário, baseado no crédito de confiança e na ética da solidariedade. Esse é o espírito da moeda social: o dinheiro fica no território. Naquele armazém o freguês sempre volta, porque sabe que pode contar com a compreensão do proprietário em todos os momentos, inclusive nos de maior dificuldade. Também nos bancos comunitários a população encontra ajuda financeira para abrir um negócio ou reformar sua casa, pode obter um adiantamento para comprar o gás de cozinha que acabou antes de receber o próximo salário, sistema que está dando certo e gerando novos frutos.  Os bancos comunitários não visam o lucro, mas o fomento de sonhos, a concretização de projetos e o incentivo para o desenvolvimento e a sobrevivência de todas as pessoas, independentemente de classe social, raça, etnia, gênero. No início, foi muito difícil, contou Natalia Sciammarella, representante do Banco Mumbuca no painel “Outro Sistema Financeiro Acontece”, realizado durante a 28ª Feicoop. Assim que um comerciante se cadastrava, demorava 30 dias para receber o dinheiro. Para chegar à circulação financeira da moeda Mumbuca de R$ 2 bilhões nos últimos quatro anos, e aos mais de 65 mil clientes e 12,5 mil comércios credenciados foi preciso adotar estratégias de convencimento e muito trabalho. “Somente depois que todos da equipe haviam sido treinados e estavam alinhados nos ideais do banco é que aderimos à Plataforma do E-Dinheiro, pelo qual o comerciante passou a receber à vista”, afirmou. Os resultados são impressionantes: ao longo de quatro anos de funcionamento, o Banco Mumbuca emprestou R$ 1,5 milhões com juros zero ou muito baixo, beneficiando mais de mil famílias e pequenos negócios. “Viramos um circuito do bem de consumo”, concluiu Natália.  O Mumbuca foi criado pela Prefeitura Municipal de Maricá, por lei municipal, e hoje oferece 13 linhas de crédito, incluindo uma nova, para adquirir painel solar, que está sendo lançada este ano. Integra a Rede Brasileira de Bancos Comunitários , formada por 150 associados, sendo 10 criados por leis municipais e 140 pelas próprias comunidades. Os Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCDs) são assim definidos: “serviços financeiros solidários, em rede, de natureza associativa e comunitária, voltados para a geração de trabalho e renda na perspectiva de reorganização das economias locais, tendo por base os princípios da Economia Solidária”. O objetivo é promover o desenvolvimento dos territórios, a partir do fomento de redes locais de produção e consumo, por meio de moedas sociais que podem ser convertidas em moeda […]

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