Revista Parêntese

Editorial: 22, a confusão está claríssima

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Editorial: 22, a confusão está claríssima Escreveu uma série apócrifa de livros para a série “Temas eróticos”. O mais bem-sucedido se chama Manual de autoajuda ou Autoajuda manual. Inspirado em monólogos, concebidos para artista solo, bolou textos para dois, os “biólogos”. Um candidato a escritor, conhecido seu, deixou um conto na oficina literária e perguntou: “Dá pra aprontar pra sábado?”Morreu esses dias Marcos Mundstock, aos 77 anos. Era o mais literário cérebro do grupo Les Luthiers, uma das discretas glórias portenhas. Formado em 1967, gravou uma penca de discos, fez milhares de shows pelo mundo hispânico afora (até em Porto Alegre estiveram, em 77) e está ainda ativo, já com substitutos para os três falecidos (Masana, Rabinovich e Mundstock), sempre massageando a inteligência da plateia com trocadilhos – verbais, sonoros e visuais – arrebatadores.O tempo é relativo: a duração de um minuto depende de que lado da porta do banheiro tu te encontres. Evite acidentes – faça de propósito. Aquele que nasce pobre e feio tem grandes possibilidades de que, ao crescer, se desenvolvam as duas condições. Não sou um completo inútil: sirvo de mau exemplo. A preguiça é a mãe de todos os males, e como mão cabe respeitá-la.Nem todas as frases eram de Mundstock. O Barão de Itararé, nascido Aparício Torelly, tinha concebido antes deles a verdade geral expressa na frase singela – Diz-me com quem andas e te direi se vou contigo.Mas são les-luthiers legítimos, escoceses, mundstockianos, certos provérbios que ajudam a passar pela vida com galhardia, seja lá o que signifique isso: Todo tempo passado foi anterior. O importante não é ganhar, mas fazer o outro perder. E sim, há um mundo melhor, mas é caríssimo. De Buenos Aires fala o primeiro texto de uma série sobre O Eternauta, por Fábio Pinto. Um livro, um caso, um tormento concebido nos anos 1950 por Héctor Germán Oesterheld, escritor que seria desaparecido, durante a ditadura mais recente daquele país. Oesterheld inventou uma invasão que poria todos em quarentena forçada. Boa ideia? As fotos de Cláudia Magnus reforçam, em sua dura economia de meios, a sensação de precariedade do isolamento. Mas nós temos ainda essa lua pra olhar, desde a janela amena da casa, assim como podemos sorrir com as cenas quase reais desenhadas pelo Lucas Levitan. Enquanto isso, o que dizer da pandemia espalhando-se pela periferia da cidade? A reportagem foi saber e volta para contar. A Nathallia Protazio, nossa cronista que aplica vacinas (de verdade), dá notícia firme da tristeza de viver o cotidiano enfrentando a realidade imediata, nas ruas. O pessoal do Plantabaja segue com sua excelente iniciativa de captar fotos de pessoas, em geral, que dão a ver aspectos da nossa maltratada subjetividade, hoje. E a Julieta Jerusalinsky argui a teoria psicanalítica com a força da experiência real. Sobre o texto do José Falero, melhor não dizer nada. Ou dizer pouco, ecoando um velho samba: “O que dá pra rir dá pra chorar / questão só de peso e medida / problema de hora e lugar / mas tudo são coisas da vida”.Reunimos um pequeno […]

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Escreveu uma série apócrifa de livros para a série “Temas eróticos”. O mais bem-sucedido se chama Manual de autoajuda ou Autoajuda manual. Inspirado em monólogos, concebidos para artista solo, bolou textos para dois, os “biólogos”. Um candidato a escritor, conhecido seu, deixou um conto na oficina literária e perguntou: “Dá pra aprontar pra sábado?”Morreu esses dias Marcos Mundstock, aos 77 anos. Era o mais literário cérebro do grupo Les Luthiers, uma das discretas glórias portenhas. Formado em 1967, gravou uma penca de discos, fez milhares de shows pelo mundo hispânico afora (até em Porto Alegre estiveram, em 77) e está ainda ativo, já com substitutos para os três falecidos (Masana, Rabinovich e Mundstock), sempre massageando a inteligência da plateia com trocadilhos – verbais, sonoros e visuais – arrebatadores.O tempo é relativo: a duração de um minuto depende de que lado da porta do banheiro tu te encontres. Evite acidentes – faça de propósito. Aquele que nasce pobre e feio tem grandes possibilidades de que, ao crescer, se desenvolvam as duas condições. Não sou um completo inútil: sirvo de mau exemplo. A preguiça é a mãe de todos os males, e como mão cabe respeitá-la.Nem todas as frases eram de Mundstock. O Barão de Itararé, nascido Aparício Torelly, tinha concebido antes deles a verdade geral expressa na frase singela – Diz-me com quem andas e te direi se vou contigo.Mas são les-luthiers legítimos, escoceses, mundstockianos, certos provérbios que ajudam a passar pela vida com galhardia, seja lá o que signifique isso: Todo tempo passado foi anterior. O importante não é ganhar, mas fazer o outro perder. E sim, há um mundo melhor, mas é caríssimo. De Buenos Aires fala o primeiro texto de uma série sobre O Eternauta, por Fábio Pinto. Um livro, um caso, um tormento concebido nos anos 1950 por Héctor Germán Oesterheld, escritor que seria desaparecido, durante a ditadura mais recente daquele país. Oesterheld inventou uma invasão que poria todos em quarentena forçada. Boa ideia? As fotos de Cláudia Magnus reforçam, em sua dura economia de meios, a sensação de precariedade do isolamento. Mas nós temos ainda essa lua pra olhar, desde a janela amena da casa, assim como podemos sorrir com as cenas quase reais desenhadas pelo Lucas Levitan. Enquanto isso, o que dizer da pandemia espalhando-se pela periferia da cidade? A reportagem foi saber e volta para contar. A Nathallia Protazio, nossa cronista que aplica vacinas (de verdade), dá notícia firme da tristeza de viver o cotidiano enfrentando a realidade imediata, nas ruas. O pessoal do Plantabaja segue com sua excelente iniciativa de captar fotos de pessoas, em geral, que dão a ver aspectos da nossa maltratada subjetividade, hoje. E a Julieta Jerusalinsky argui a teoria psicanalítica com a força da experiência real. Sobre o texto do José Falero, melhor não dizer nada. Ou dizer pouco, ecoando um velho samba: “O que dá pra rir dá pra chorar / questão só de peso e medida / problema de hora e lugar / mas tudo são coisas da vida”.Reunimos um pequeno […]

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