Editorial | Revista Parêntese

Parêntese #223: O profeta do porto-alegrês

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Parêntese #223: O profeta do porto-alegrês Nelson Coelho de Castro em 2020. Foto: acervo pessoal

Meninos, eu conto: o papel cultural que teve e tem na cidade o Nelson Coelho de Castro é imenso. Não se trata só de suas canções, carregadas quase sempre de uma alma antiga, aldeã, amistosa, que nos conforta o coração e aguça a percepção. Não se trata também apenas de sua presença na cena de shows, solo ou com companheiros, como aconteceu por muito tempo com o Bebeto Alves, o Antônio Villeroy e o Gelson Oliveira, no show/projeto “Juntos”.

Quero me referir aqui ao seu papel como pensador. Intuitivo, assistemático e genial. O leitor pode imaginar que gênio é o cara que descobre o muito diferente, e terá razão; mas mais gênio é quem descobre e dá a ver o óbvio. A esse segundo tipo de gênio é que Nelson Rodrigues chamava, com boas razões, de profetas. Só os profetas enxergam o óbvio, que este outro Nelson qualificava com precisão – o óbvio ululante.

Pois o nosso Nelson é um raro caso de artista e cidadão que, já nos longínquos anos 1970, entendia e mostrava uma aberração que a gente ainda não via. Uma de suas tiradas geniais: o porto-alegrense é um sujeito infeliz porque só vê a sua própria cara duas vezes por dia, quando se escova diante do espelho, porque no mais ele só vê e ouve coisas de fora, que falam de outros lugares e experiências.

Nelson reclamava, com seu conhecido humor, do fato de que nada do que era local tinha espaço nas mídias de então. E é ele que nos permite enxergar os absurdos naturalizados como coisa trivial.

Luís Augusto Fischer 

Confira a entrevista completa com Nelson Coelho de Castro, publicada em abril de 2021. 

Na edição de hoje

Para celebrar os 70 anos do compositor, cantor e músico brasileiro trazemos para os leitores e leitoras duas crônicas do próprio Nelson Coelho de Castro, memórias escritas por Arthur de Faria e o resgate de um documentário feito por Nelson Nadotti com Nelson Coelho de Castro, em 1979, e agora disponível online. Para acessar o doc basta clicar aqui e inserir a senha: historiancc1979.  

Além disso, Samantha Buglione manda notícias da Bienal de Veneza – um dos eventos mais aguardados e reverenciados do mundo das artes visuais e que este ano tem curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa. Denise Amon publica o ensaio fotográfico “Se você olhar para mim”, o qual também será apresentado em exposição homônima, que inaugura dia 1 de maio, na Macun Livraria e Café. 

Esta última quinta-feira, 25 de abril, dia comum no Brasil, é um marco na história de Portugal e Gonçalo Ferraz escreve sobre a data. Na série do Museu de Percurso do 3o e 4o Distritos, a memória recuperada é a da antiga fábrica Wallig. E, Juremir Machado da Silva indaga: é possível ser imparcial?  

Boa leitura!

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