Revista Parêntese

Editorial: Parêntese 8

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Editorial: Parêntese 8 Nem precisaria que a fumaça dos incêndios australianos tivesse chegado ao Rio Grande do Sul para a Parêntese pensar em colher – como se dizia, no tempo das metáforas rurais – um depoimento, um testemunho sobre aquele flagelo. Foi a magnitude do fenômeno que nos levou a um amigo, o professor Ian Alexander, do setor de Inglês do Instituto de Letras da UFRGS, australiano de origem que vive no Brasil há muitos anos. E ele descobriu Kate Chandler, que escreveu um relato singelo e direto, dando conta de que aquele horror impõe experiências inauditas. No caso concreto, ainda temos um pano de fundo mais embaraçoso: o primeiro-ministro australiano, negacionista das mudanças climáticas, estava de férias quando os incêndios recrudesceram e demorou para se pronunciar. Semelhanças? Uma teoria improvisada: há entrevistas de vários tipos. Uma delas, que Parêntese tem praticado com preferência, é do modelo vida-e-obra, aquela em que a gente quer saber tudo, de onde veio, para onde foi, como chegou onde chegou, qual o sentido da vida enfim. A que temos hoje é de outra família: é uma entrevista de percurso, com perguntas sobre o que tá rolando agora. O primeiro entrevistado nessa modalidade foi Ismael Caneppele, ator que viveu experiências sensacionais na Alemanha, escritor que produziu narrativas que viraram roteiros e depois filmes, figura interessante por vários títulos. Jandiro Koch fez o serviço. Também diferente é o novo ensaio de fotos. Cynthia Vanzella, que vive em Londres há muitos anos, topou nosso convite e produziu uma série de imagens que fogem ao documental imediato e ao belo consensual, em busca de algo que ela mesma explica, na abertura de seu ensaio. Foto também tem espaço para a abstração e a invenção, como ela nos mostra. Arthur de Faria é sócio-atleta da Parêntese. Estava até aqui no Departamento Médico, mas agora vem com tudo. Muitos anos atrás, o Arthur começou a escrever uma história da música em Porto Alegre, mediante pesquisa documental, entrevistas, garimpo e sabe-se lá mais o quê. Desse material, saíram edições parciais variadas – um livro-síntese, quase vinte anos atrás, uma biografia musical de Elis Regina (pela editora Arquipélago), uma publicação seriada no Sul21, além de um mestrado sobre os Almôndegas e um doutorado, ainda em curso, sobre Lupicínio. Aqui e agora, com texto inédito, damos início à publicação da série toda, que vai repassar, não linearmente, sempre com informação quente e texto saboroso, a história de Porto Alegre na música, especialmente na música popular. A cidade que viu nascer Radamés Gnattali, acolheu João Gilberto na incubação da Bossa Nova, foi palco de Elis Regina e de centenas de artistas de alta qualidade, esta cidade merece. Um texto que dá gosto de ler é o da Milena Friedrich Cabral. Não me pergunte por quê: leia já. E me cobre depois. Pode ser um gosto meio amargo, mas é certamente forte. E ainda tem um Falero profundo em sua solidariedade, a celebração do centenário de um gênio como Federico Fellini, o Retrato Escrito do Ângelo Chemello Pereira, […]

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Nem precisaria que a fumaça dos incêndios australianos tivesse chegado ao Rio Grande do Sul para a Parêntese pensar em colher – como se dizia, no tempo das metáforas rurais – um depoimento, um testemunho sobre aquele flagelo. Foi a magnitude do fenômeno que nos levou a um amigo, o professor Ian Alexander, do setor de Inglês do Instituto de Letras da UFRGS, australiano de origem que vive no Brasil há muitos anos. E ele descobriu Kate Chandler, que escreveu um relato singelo e direto, dando conta de que aquele horror impõe experiências inauditas. No caso concreto, ainda temos um pano de fundo mais embaraçoso: o primeiro-ministro australiano, negacionista das mudanças climáticas, estava de férias quando os incêndios recrudesceram e demorou para se pronunciar. Semelhanças? Uma teoria improvisada: há entrevistas de vários tipos. Uma delas, que Parêntese tem praticado com preferência, é do modelo vida-e-obra, aquela em que a gente quer saber tudo, de onde veio, para onde foi, como chegou onde chegou, qual o sentido da vida enfim. A que temos hoje é de outra família: é uma entrevista de percurso, com perguntas sobre o que tá rolando agora. O primeiro entrevistado nessa modalidade foi Ismael Caneppele, ator que viveu experiências sensacionais na Alemanha, escritor que produziu narrativas que viraram roteiros e depois filmes, figura interessante por vários títulos. Jandiro Koch fez o serviço. Também diferente é o novo ensaio de fotos. Cynthia Vanzella, que vive em Londres há muitos anos, topou nosso convite e produziu uma série de imagens que fogem ao documental imediato e ao belo consensual, em busca de algo que ela mesma explica, na abertura de seu ensaio. Foto também tem espaço para a abstração e a invenção, como ela nos mostra. Arthur de Faria é sócio-atleta da Parêntese. Estava até aqui no Departamento Médico, mas agora vem com tudo. Muitos anos atrás, o Arthur começou a escrever uma história da música em Porto Alegre, mediante pesquisa documental, entrevistas, garimpo e sabe-se lá mais o quê. Desse material, saíram edições parciais variadas – um livro-síntese, quase vinte anos atrás, uma biografia musical de Elis Regina (pela editora Arquipélago), uma publicação seriada no Sul21, além de um mestrado sobre os Almôndegas e um doutorado, ainda em curso, sobre Lupicínio. Aqui e agora, com texto inédito, damos início à publicação da série toda, que vai repassar, não linearmente, sempre com informação quente e texto saboroso, a história de Porto Alegre na música, especialmente na música popular. A cidade que viu nascer Radamés Gnattali, acolheu João Gilberto na incubação da Bossa Nova, foi palco de Elis Regina e de centenas de artistas de alta qualidade, esta cidade merece. Um texto que dá gosto de ler é o da Milena Friedrich Cabral. Não me pergunte por quê: leia já. E me cobre depois. Pode ser um gosto meio amargo, mas é certamente forte. E ainda tem um Falero profundo em sua solidariedade, a celebração do centenário de um gênio como Federico Fellini, o Retrato Escrito do Ângelo Chemello Pereira, […]

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