Revista Parêntese

Parêntese #112: Te dou, moderno

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Parêntese #112: Te dou, moderno
A frase da mãe renegando uma ideia do filho é tipo essa: “Te dou que tu vai sair agora”. Ou “Te dou, bebida de álcool”. Uma frase expressiva, que nega a pretensão do filho e ao mesmo tempo faz uma ameaçazinha.A frase me ocorreu porque, como o prezado leitor e a gentil leitora sabem, São Paulo e todos os paulistanófilos estão celebrando a Semana de Arte Moderna, cujo centenário ocorre agora mesmo, por esses dias, como se ela, a Semana, tivesse sido o big-bang de tudo de bom, inteligente, irônico, nacional, popular, internacional, vanguardista, enfim, bacana, que nasceu no país desde 1922. É uma superestimação das mais patéticas, vendo as coisas pelo ângulo deste escriba.Certo, muita gente já tem contestado essa ideia. Livros têm saído agora com esse viés. Mas olha, o que tem de livro também de agora querendo perpetuar essa hipertrofia não é pouco. Duvida? Olha a manchete do site do jornal O Estado de São Paulo, no dia 11 de fevereiro deste ano da graça de 2022: “Semana de 22: há 100 anos, evento criticado pelos ricos inaugurava a cultura no País”. Criticado pelos ricos (quando os ricos patrocinaram a poha toda). Inaugurava a cultura (que decerto não existia, nem Aleijadinho, nem Machado de Assis, nem Chiquinha Gonzaga). No país. O redator deve ser uma pobre alma sem luz, e provavelmente sem senso do ridículo. Mas expressou aqui uma crença espalhada pela escola (e por parte forte da universidade) há umas cinco décadas, ao menos. Uma bobagem, mas repetida como se fosse verdade inocente. Não é.Te dou, moderno. Te dou porque, olha aqui pelo meu ângulo e vê que maravilha a história do Geraldo Flach, que o Arthur de Faria termina de contar nesta edição (e o restante está no nosso site, claro). Olha a história do Antônio Padeiro, que dá uma linda entrevista para a Nathallia Protazio, a propósito do lançamento de seu livro contando sua experiência como porteiro do famoso Garagem Hermética. Olha o ensaio de fotos do Marcelo Freda Soares, um deslumbramento.Ou escuta a penúltima parte da história que o folhetim da Milena Cabral está contando, sobre a espera de um transplante – história real revista e potencializada pela força da narrativa escrita. Olha o ensaio que o Luiz Mauricio Azevedo traz, evocando sua certeza infantil que sua mãe era a Elis Regina. O relato da Carolina Panta sobre a revista que completa um ano. A reflexão da Caroline Rodrigues sobre grupos de whatsapp. E o novo capítulo da história da cidade pela mão do Arnoldo Doberstein. E a tirinha assinada por Castelo & Bier, abrindo nova frente de pensamento & ironia. 

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